terça-feira, 28 de julho de 2015

Vai ter protesto em Campinas contra o surreal aumento da Sanasa

Nesta terça-feira o prefeito Jonas Donizette vai enfrentar um protesto nas escadarias do Paço Municipal, às 17h. São cidadãos que não se conformam com os aumentos da tarifa de água praticados pela Sanasa. Segundo o Blog da Rose, mais de 600 pessoas haviam confirmado presença. Se o número se confirmar, vai ser maior do que muita assembleia de servidor público em época de greve.

O protesto tem sua razão de ser. Além da mediocridade geral que ronda a Prefeitura desde que Donizette tomou posse, a tarifa de água, que já era uma das mais caras do país no ano passado, teve dois aumentos só neste ano. O último aumento, de 15%, começa a valer em primeiro de agosto. Somado ao anterior, de 11%, aplicado no início do ano, a tarifa terá a elevação de mais de 27%. A inflação está cada vez pior no Brasil, mas ainda não chegou a 10% ao ano e um aumento de 27% não se justifica de maneira alguma.

O presidente da Sanasa bem que tentou justificá-lo, mas o máximo que conseguiu foi atiçar a ira do consumidor, ao dizer que o faturamento da Sanasa havia diminuído porque o campineiro fez economia em consequência da crise hídrica – economia, aliás, pedida pela própria Sanasa. Além de atiçar a ira, virou piada nacional, pois foi notícia na TV Globo, taxada de “surrealista” pelo competente Alexandre Garcia que, não bastasse a audiência da televisão, é uma das vozes mais populares nas redes sociais com suas fortes críticas aos desmandos governamentais, sejam federais, estaduais ou municipais.

Donizette também tentou justificar e alegou aumentos na energia elétrica, nos produtos necessários para tornar a água potável, falou dos investimentos e do perigo que corre a saúde financeira da Sanasa. Mas ninguém se convenceu e a adesão ao protesto começou a prosperar nas redes sociais. Ele é promovido por duas entidades – A Campinas que Queremos e Minha Campinas – e, aparentemente, não é movido por interesses partidários.

De resto, se a situação é de crise – e é mesmo – caberia ao governo municipal se preparar para enfrentar a situação. A energia elétrica aumentou de preço por conta de políticas irresponsáveis do governo federal, do mesmo modo que ações altamente perigosas em controles de preços e políticas demagógicas e irracionais deixaram a economia do Brasil à deriva. Nada disso era novidade há um ano. A crise hídrica também já estava sendo anunciada desde o ano passado e começou em 2014. Ou seja, o cenário todo apontava para apertos financeiros nos governos todos, para aumento da inflação e de preços.

O aumento de 11% no início do ano deveria servir para enfrentar a situação. Mas, caso não fosse suficiente, o que deveria fazer uma empresa inteligente e preocupada com o bolso do consumidor? Deveria se planejar, diminuir custos, enxugar quadros, negociar pagamentos com fornecedores e tudo o mais que fosse possível para não agravar mais ainda a situação da população.

Mas, além de não fazer nada disso, a Sanasa manteve sua cara publicidade no ar e inventou mais uma: avisar pelos meios de comunicação se a água que abastece a cidade está chegando em quantidade suficiente pelos rios. Ficou a impressão de que a Sanasa está avisando todo mundo que pode gastar água à vontade que a vazão do Atibaia está normal.  A propaganda pegou mal tanto pelo gasto em época de economia, quanto pelo aviso esquisito.

Por essas e outras, o aumento muito acima da inflação anual resultou nesse protesto que deve tomar hoje as escadarias da Prefeitura. Bem feito. 

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