Os gregos disseram “não” às medidas de austeridade
necessárias para o país sair do sufoco em que os governos o meteram. 60% votaram contra elas no plebiscito deste domingo. Sem as medidas austeras, a Grécia não terá como pagar os credores europeus. Sem pagar os credores ela será expulsa da zona do euro. E terá que criar nova moeda, que nascerá valendo uma pequena parte do euro e procurar ajuda no mercado que, diante da situação atual, cobrará juros muito mais elevados dos que os atuais credores.
A situação
atual da Grécia se deve muito a benefícios exagerados, gastos desnecessários e corrupção.
O povo, ou pelo menos a maioria dos eleitores, parece querer que o “milagre” de preços baixos, emprego pleno e inflação baixa volte
como se fosse possível realizar tudo isso num estalar de dedos.
Nem se todos os
deuses do Olimpo se juntarem a Grécia se salva sozinha e sem as restrições na
economia. Se não pagar o que deve, vai sofrer restrições dos investidores e só
conseguirá se financiar aumentando a taxa de juros a níveis estratosféricos
para atrair capital. E se continuar a gastar mais do que arrecada, a inflação
dispara, os preços vão atrás e o inferno está formado.
Esse cenário de horrores nós, brasileiros, conhecemos bem.
Era assim o Brasil de Sarney e de Collor. Quando Itamar Franco, que assumiu
após a cassação de Collor, chamou Fernando Henrique Cardoso para o Ministério
da Fazenda, o futuro presidente disse que não queria apenas tourear a economia.
Itamar lhe deu carta branca e assim nasceu o Plano Real, cuja moeda, aliás, completa
21 anos neste mês de julho. O Plano mesmo começou em fevereiro de 1994, com o
lançamento da MP que criava a URV, unidade real de valor.
Só para se ter uma ideia do sufoco, nos quase 30 anos de
existência do cruzeiro, nossa moeda anterior, a inflação acumulada chegou a
mais de 1 trilhão por cento. Só que não percebíamos porque quando os preços
começavam a não caber mais nas linhas, o governo dividia tudo por mil tirando
três zeros de todos os valores. Foi assim que os preços “perderam” doze zeros
em três décadas.
É o caminho que 60% do povo grego escolheram trilhar. Sabem
quem vai ganhar mais com isso? Os mais ricos que podem aplicar em dólares ou euros
e os bancos. Ah, mas os bancos sempre ganham, né? Sim, sempre ganham, mas com
inflação alta e economia descontrolada eles ganham muito mais. E as classes
médias e pobres pagam o pato. Pobre Grécia.
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