segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Sacana e desonesto

O PT não tem jeito mesmo. Inconformado com a necessidade de adotar medidas que, embora tenham ajudado, desde 1994, o Brasil a chegar à situação que chegou ao ápice durante o governo Lula, não constam de seu ideário ideológico, o partido divulga documento em que critica seriamente as medidas adotadas pela presidente Dilma Rousseff na sua tentativa de rearranjar a economia. Economia essa, diga-se, estragada por ela mesma.

A situação se torna mais curiosa ainda ao se constatar que a situação só chegou ao ponto que chegou porque as medidas que agora o PT divulga como necessárias – que são opostas ao, digamos, Plano Levy – são praticamente as mesmas que levaram o país à beira da falência.

O único mérito no documento é mostrar que boa parte do PT se mantém fiel ao seu projeto de destruição do insípido capitalismo brasileiro, o que quase foi conseguido com o inacreditável Guido Mantega no comando da economia e com o PT de Dilma no comando do país.

E não é mera coincidência que o documento parte de uma entidade petista comandada pelo economista Márcio Pochmann, cria da Unicamp, cujo Instituto de Economia é dominado pela esquerda que tem no desenvolvimentismo e clientelismo à custa do Estado o norte para suas elucubrações. Não se entregam jamais às gigantescas evidências mundiais que esse modelito jamais serviu a país algum.

Segundo reportagem publicada na Folha, hoje, o texto começa com uma visão que, digo eu, é totalmente errada da crise brasileira. Pois o texto assinala que “as iniciativas do governo estão jogando o país em uma recessão e que elas interessam a banqueiros e a fundos de investimento.”

Ora, o que jogou o Brasil numa recessão não foram as medidas tomadas agora e sim a farra que começou no segundo governo Lula (encoberta pelo grande fluxo de capital que por aqui aportou oriundo das exportações) e prosseguiu no governo Dilma. Nessa segunda fase, a farra precisou ser encoberta pelos malabarismos contábeis patrocinados por Mantega, pelas pedaladas fiscais e pela mentira em rede nacional, a cargo de João Santana. O que se tem agora é a necessidade de consertar o estrago e não a causa da recessão.

Ao assinalar que as medidas atuais interessam a banqueiros e fundos de investimento, os signatários do documento se esquecem de que eles já vêm lucrando há anos nos governo petistas, com os bancos batendo recordes com seus lucros que ultrapassam  2 bilhões de reais por trimestre.

Ora, um documento que nas primeiras linhas expõe duas premissas erradas só poderá ser completado com remédios totalmente equivocados para as doenças crônicas que a economia do Brasil sofre. Obviamente, não vai atacar o cerne da questão, que é a falta de credibilidade, a insistência em manter uma paquidérmica e caríssima máquina governista e a corrupção que se alastrou de forma inacreditável no governo petista.

Depois de passear pelas teorias expostas inicialmente, e cometer os erros costumeiros numa análise que começou errada, o documento entra no campo político repetindo um mantra totalmente desonesto do PT, afirmando que “o pacote fiscal deteriora o ambiente econômico e social, o que enfraquece o governo e amplifica a crise política e as ações antidemocráticas e golpistas em curso".

Na verdade, o pacote fiscal tenta, isto sim, fortalecer a base do ambiente econômico, mas sofre restrições pela falta de confiança no governo. E, definitivamente não, não há ações antidemocráticas nem tampouco golpistas em curso. A oposição que, aliás, anda meio perdida, tem tomado o maior cuidado pra fazer tudo dentro da lei, dentro da Constituição, justamente para não ser acusada de golpista.

Mas para o PT, qualquer ação que que não for no sentido de manter o poder em suas mãos, é chamado, de forma desonesta, de golpe. É até desnecessário aqui citar o impeachment de Collor e os inúmeros pedidos de impeachment que o PT patrocinou contra todos – sim todos! – os presidentes eleitos depois da ditadura militar, prática que só cessou em 2003, quando Lula tomou posse.

No campo das sugestões, os signatários do documento parecem não estar satisfeitos com a crise brasileira e querem ampliá-la, pois recomendam os mesmos remédios que a causaram. Diz o texto que entre as ações para "retirar o país da desastrada austeridade econômica em curso estão a baixa dos juros, a retirada dos investimentos do cálculo de superávit primário, a alteração do calendário do regime de metas de inflação e a regulação do mercado de câmbio.”

Ora, querem que o país pratique juros baixos o que espantará a atração de capitais necessários para financiar o país e pagar as dívidas em títulos públicos. Sem eles, seria o tal do calote, com o país se fechando para o mundo, com as conhecidas e tenebrosas consequências. Outra medida sugerida e que provocaria calote é não economizar o dinheiro destinado a investimentos, retirando-o do cálculo para o superávit primário.

Já a mudança das metas de inflação, que garantem que os preços não disparem no mercado, seria um desastre para os consumidores de baixa renda. Já a regulação do mercado de câmbio, provavelmente comprimiria o dólar artificialmente, fazendo com que o real alcançasse um falso valor, provocando o câmbio paralelo muito mais elevado e aumentando os preços do mesmo jeito.

Enfim, a Fundação Perseu Abramo, que assina o documento, parece querer que tudo continue como estava, com o Brasil caminhando célere para um fortalecimento do Estado que desaguaria num autoritarismo econômico e isolamento mundial, cujas consequências são bem conhecidas em países socialistas e, mais precisamente, no desastre que vem causando na Venezuela, onde gêneros de primeira necessidade já faltam em todo o país e a população trava uma guerra diária para consegui-los.

Assim, o PT que colocou o Brasil na crise, agora critica as medidas tomadas para tentar sair dela, tomadas pelo governo eleito pelo próprio PT. Mais sacana e mais desonesto é impossível.

domingo, 27 de setembro de 2015

Governo de Campinas: prejuízo de R$ 200 milhões


O governo de Jonas Donizette (PSB), prefeito de Campinas, está anunciando um déficit de R$ 200 milhões no orçamento deste ano. A desculpa passa pela crise que fez diminuir a arrecadação local e os repasses estaduais e municipais a que o município tem direito. Mas a realidade é que se trata de um governo que gasta mais do que arrecada de caso pensado.

Há um processo do Ministério Público para que o governo diminua o número de assessores contratados sem concurso público ao qual o prefeito resiste. Por que resistir a uma enorme economia se há um déficit confessado? Porque a grande maioria das contratações desses assessores é política, ou seja, atendeu a um pedido de um vereador, de um deputado, do governador, de um doador de campanha, de um amigo ou é resultado de promessa de campanha. O governo municipal precisa de tantos assessores? Ora, eles são trocados a cada novo governo, sinal de que até podem ser necessários, mas se os cargos existem de forma perene, por que não preenchê-los via concurso público como manda da lei? O MP informou no processo que 100 cargos em comissão – como são chamados os cargos dos servidores contratados sem concurso – seriam suficientes para uma Prefeitura do porte de Campinas.

As verbas de publicidade da Prefeitura de Campinas chegam a R$ 20 milhões por ano. Esse é o valor do contrato feito com a agência que tem a conta do governo e que foi renovado na semana passada por mais 12 meses. Mas nesse valor não entra a publicidade das empresas e autarquias, como Sanasa, Emdec, Cohab, Setec, Ceasa e outras. É bem provável que somados todos os gastos com publicidade e afins, o déficit poderia diminuir bastante, isso se não zerasse. Afinal, por que um governo, que não tem concorrente em área alguma precisa de publicidade? Apenas para fazer propaganda – muitas vezes enganosas – de ações do governo que não passam de obrigação de qualquer governante. Isso vale também para as áreas estaduais e federais. São bilhões e bilhões de reais gastos no Brasil inteiro em publicidade que só serve para ajudar quem está no poder.  Além de ser uma enorme fonte de corrupção, como a Operação Lava Jato está mostrando por aí.

Mas tem mais. O governo de Campinas tem 25 secretarias ou órgãos de primeiro escalão, o que é um exagero evidente. Tem ainda nove autarquias ou empresas de economia mista, com algumas delas se confundindo com secretarias, num óbvio acúmulo de funções que mais serve para aumentar as despesas do que para resolver os problemas da cidade.

E talvez seja aí, nesse primeiro escalão mastodôntico que resida o maior desperdício de verbas da Prefeitura de Campinas.

Pra começo de conversa, as funções políticas que eram exercidas em quase todos os governos anteriores pelo secretário chefe de Gabinete, passaram para uma tal de Secretaria de Relações Institucionais. Tudo bem se fosse só uma mudança de nome, mas o problema é que a chefia de Gabinete continuou existindo, com secretário e toda estrutura necessária para que ele exerça suas funções, embora as mais importantes sejam exercidas agora por outro secretário. Ou seja, o chefe de Gabinete podia ser apenas um assessor do prefeito, já que pouca coisa tem para fazer. Mas é um secretaria de primeiro escalão.

Mas há coisa muito pior. A estrutura do governo de Campinas tem uma Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, uma Secretaria de Infraestrutura, uma Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, uma Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, uma Secretaria de Serviços Públicos e uma Secretaria de Urbanismo. São cinco Secretarias para realizar ações que se confundem. Tudo poderia ser resumido num secretaria com cinco diretorias, sem precisar de tantos diretores, assessores, carros, motoristas e secretários para cada secretário. Sem contar ainda o espaço que ocupam em prédios alugados por aí, já que tanta secretaria assim nem devem caber no Paço Municipal. Dá pra imaginar a economia que seria feita com salários e custos de manutenção da máquina pública (serviços de escritórios, água, cafezinho etc.).

Se o dinheiro arrecadado não está dando para as despesas, nada justifica que Campinas tenha uma Secretaria de Transportes e uma Empresa de Desenvolvimento (Emdec) que têm por finalidade a tal de mobilidade urbana. Uma só bastaria, mas nenhum governo, desde que a Emdec passou a administrar o transporte municipal, teve coragem de acabar com a Secretaria e passar as funções que a ela restaram para a Emdec, já que estão no mesmíssimo setor.

Do mesmo modo, não há razão para existir uma Secretaria de Habitação e uma Companhia de Habitação Popular (Cohab). Aliás, nem uma ou outra cumpre sua função. Campinas vive, há décadas, com dados crescentes de déficit habitacional, ou seja, os objetivos tanto da Cohab quanto da Secretaria de Habitação jamais foram atingidos. E a Cohab ainda gasta uma nota preta nos seus aniversários para fazer uma propaganda totalmente enganosa, falando em casas construídas (geralmente com dinheiro federal), sem falar do déficit que cresce ano a ano.

A Cultura, o Turismo e o Esporte foram, durante muito tempo, partes da mesma secretaria. Agora, a Cultura é uma secretaria sem nada a ela agregado, o Turismo está embutido na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o Esporte ganhou uma Secretaria só para ele. É mais um caso de exagero que poderia ser resolvido com diretorias. E talvez o custo diminuísse a ponto de trazer o melhor teatro de Campinas, o do Centro de Convivência, de volta, ele que está parado, abandonado e deteriorado há anos.

Há ainda penduricalhos inúteis no governo municipal, como a Secretaria do Trabalho e Renda ou a Ouvidoria Geral do Município, entidades das quais não se ouve falar, não se tem notícia e que, com certeza, poderiam ser departamentos de alguma outra secretaria que, assim, talvez, exercessem alguma função importante.

Como se vê, o déficit de R$ 200 milhões existe não porque as necessidades da população campineira que depende dos serviços públicos municipais assim o exijam. Ele existe porque a Prefeitura gasta muito e inutilmente o dinheiro que arrecada dos munícipes. Se trabalhasse racionalmente com objetivos outros que não fosse o da reeleição, o governo de Jonas Donizette não estaria amargando esse prejuízo no final do ano. 

sábado, 26 de setembro de 2015

Sim ao impeachment!

O articulista Demétrio Magnoli, na Folha, hoje, desanca com os tucanos que pedem a saída de Dilma, apelidando-os de “cavaleiros do impeachment”.  E justifica sua crítica afirmando que o mal maior do país é o lulopetismo, e não a presidente.  Diz ele: “A obsessão dos cavaleiros do impeachment envia a mensagem errada à sociedade brasileira. No fundo, eles estão dizendo que o problema chama-se Dilma, quando a presidente é apenas a manifestação terminal de um sonho retrógrado chamado lulopetismo. Dilma passará, cedo ou tarde, recolhendo-se ao lugar apropriado: uma nota de pé de página no livro da história, destinada a ilustrar a simbiose teratológica do anacronismo ideológico com a incompetência e a arrogância. O lulopetismo, porém, tem raízes profundas, fincadas no solo do patrimonialismo, do corporativismo e de um neonacionalismo de araque, salpicado do autoritarismo típico da esquerda latino-americana. Os cavaleiros do impeachment desviam-se do alvo certo, enquanto exibem às ruas suas espadas reluzentes.”

Procurei, em todo o artigo, a solução para estancar a crise, enfrentá-la e adotar as medidas que fizessem o Brasil retomar o rumo do desenvolvimento com um sacrifício menor do seu povo. Não encontrei. Magnoli apenas considera totalmente errada a posição do PSDB contra Dilma, sem dizer o que fazer nos próximos três anos desse desgoverno que aí está.

Quando Lula assumiu a presidência, em 2003, suas primeiras medidas econômicas submetidas ao Congresso tiveram amplo apoio do PSDB – às vezes até maior do que do próprio PT – pois significam a continuidade daquilo que fora iniciado por FHC e a manutenção do rumo da economia de mercado. Não à toa um tucano comandava o Banco Central e um petista com ideias liberais comandava a Fazenda.

O apoio tucano não se reverteu em, pelo menos, um reconhecimento de Lula e dos petistas de modo geral. Eles continuaram mentindo sobre a era FHC, continuaram falando em “herança maldita” e creditando ao governo Lula o fim da inflação que havia se elevado justamente pelo temor da eleição do petista e voltou ao normal quando o novo governo manteve os alicerces do Plano Real intactos.

Ao longo dos anos, o governo Lula foi mostrando a que veio. Tentou várias vezes mudar a economia e, não conseguindo, passou a fazer acordos terceiro-mundistas que não mais interessam ao Brasil e sim ao partido. Esnobou as grandes economias e, quando as exportações cresceram por conta do desenvolvimento chinês e do bom momento da economia mundial, Lula cunhou um governo populista, gigantesco nos gastos, demagógico nas medidas e corrupto, extremamente corrupto a ponto de espalhar atos as corrupção por todo o país.

O lulopetismo, como afirma Magnoli, é realmente o mal maior que o Brasil hoje enfrenta.  Mas, se Lula é o pai dessa macabra fase da vida brasileira, de nada adiantaria o PSDB votar a favor de medidas severas na economia – como faria um liberal para recuperar o país – se o PT continuar no poder.

Como se sabe, o projeto do PT ao chegar à presidência era um só: manter-se no poder. A rede de corrupção que ele instalou no país é prova disso, como já disseram vários juízes que investigam os malfeitos petistas por aí. Ora, ao PT, num momento como esse, não interessa se as medidas necessárias são socialistas ou capitalistas, se são autoritárias ou liberais. Interessa que a crise não tire o PT do poder. Se, para tanto, contarem com a ajuda do PDSB, como contou no início do governo Lula, tanto melhor. E se tal comportamento revela alguma falta de caráter, isso não é problema: nesses anos todos de esculhambação da democracia, o PT mostrou que bom caráter é artigo raro no partido e no governo.

Portanto, se o Brasil precisa se livrar do lulopetismo – e eu concordo plenamente com isso – o primeiro passo a ser dado é a retirada da atual mandatária, pois ela, por mais biruta que seja ou esteja, foi eleita pelo PT e é esse o partido que está no poder. Se Dilma não sofrer um processo de impeachment ou for apeada do poder de outro modo qualquer – dentro das leis, obviamente – o PT continuará mandando no país, mesmo que medidas liberais sejam tomadas. E assim que a poeira assentar, o populismo, a demagogia, a farra com o dinheiro o público voltará à mesma condição que fez com que o Brasil esteja hoje nessa situação de caos econômico e penúria financeira.

O PSDB não pode, de jeito nenhum, colaborar para que essa situação se perpetue. O PT é o mal maior e sua saída do poder passa, obviamente, pela derrubada de Dilma, a não ser que o caro articulista, que critica os tucanos por quererem o impeachment, esteja sonhando com uma presidente arrependida, que consiga entender o mal que fez ao Brasil e queira realmente consertar tudo.  Não acho que Dilma, com a sua glossolalia  e arrogância, seja capaz de mudar. Por isso, tem de deixar o poder.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Sem timoneiro

O blog abre espaço para um ótimo artigo do jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira.

Navegando no Pântano

Fernando Gabeira



Navegando no pântano do Rio Pandeiros, no norte de Minas, tive uma intuição sobre o curso das coisas no Brasil. As plantas aquáticas dominavam o caminho, não se via água. Onde estava o leito do rio? Nosso objetivo era alcançar o São Francisco onde o Rio Pandeiros desemboca.

O barco avançava entre os aguapés ao som do ruído do choque das plantas com o metal do casco e percebi que sozinho ficaria perdido na imensidão daquele pântano verde-garrafa. Por isso levamos o barqueiro Pedro, que conhece as pequenas e fugidias trilhas da água. E ele nos levou, depois de quase três horas de viagem, ao encontro do São Francisco.

A verdade é que na volta, pelo mesmo caminho, o motor do barco fundiu. Mas Pedro faz o mesmo percurso quase todo dia. Sabe se mover no pântano.

A sensação de se mover de forma errática naquele território de mil hectares seria insuportável. No entanto, ela se parece com a que vivemos na cena nacional. Os atores aparentam não conhecer as trilhas do pântano. E se perdem no emaranhado das folhas, retrocedem achando que avançam.

Falemos dos projetos de "bondades" que o Congresso aprovou e Dilma vetou. Derrubar os vetos da presidente, sem dúvida, a enfraqueceria. Mas ao custo de perpetuar a mesma ilusão que nos jogou no buraco: fazer o bem sem olhar o momento ou saber como pagar.

O governo, então, parece ter adotado o pântano, como os jacarés. Delira em público sobre impostos, da CPMF à Cide, e termina sua noite nos cassinos, sonhando em legalizar o jogo. Com quem será, com quem será que a gente vai se ferrar?

Todos sabem que não se sai do pântano sem um timoneiro. E a maioria considera o impeachment inevitável. Mesmo o PT já deve estar discutindo internamente se a renúncia ou o impeachment pode servir-lhe melhor na outra vida. Se houver outra vida depois da que se perdeu na delinquência.

Dos atores pantaneiros, o que me parece ter um esboço do caminho é o PMDB. Recusou indicar ministros e marcou para dia Proclamação da República a convenção que pode romper com o governo federal. Daí para se unir com a oposição e despachar Dilma é somente um passo.

Não é um trajeto fácil, porque o barco do PMDB ainda vai enfrentar a tempestade da Lava Jato, mais ameaçadora ainda com o surgimento de novas delações premiadas. E alguns dos seus quadros não resistem a participar de um governo, mesmo depois de morto.

E há as grandes dificuldades do pós-impeachment. As empresas brasileiras perderam R$ 1 trilhão em valor de mercado. O dólar aumenta vertiginosamente, com reflexos na economia, no cotidiano e na produtividade de quem depende de produtos importados.

São instrumentos de trabalho que não se vendem no posto Ipiranga. Falava de tudo isso, segunda-feira, num encontro com amigos em Niterói, no momento em que o motorista que me esperava na porta foi sequestrado e assaltado.

Com os últimos arrastões no Rio e a insegurança que sinto nos meus deslocamentos, deveria ter enfatizado algo que apenas esbocei em alguns artigos. As duas crises que se alimentam mutuamente, a política e a econômica, começam a disparar o gatilho da que realmente vai mudar a qualidade do processo: a crise social.

Dois importantes termômetros são o índice de desemprego e o aumento da violência urbana. Daí o sentido de urgência não só de despachar Dilma, mas de esboçar uma visão de como sair do pântano. Algumas realidades não desaparecem com a saída de Dilma. O rombo no Orçamento, por exemplo. Teremos pouco dinheiro para demandas crescentes.

Creio que as trilhas do impeachment são visíveis no momento. Para o depois, nem tanto.

Existe um quase consenso, do qual compartilho, de que é preciso reconquistar a confiança do mercado. Inúmeras vezes defendi essa tese no Parlamento, a de uma sintonia com o mercado. No entanto, sempre ressalvei que precisava trabalhar com outras coordenadas, senão iria soltar a voz na Bolsa de Valores, e não no Congresso Nacional.

O desafio de sintonizar-se com o mercado, articulando as diferentes dimensões da crise, é dos políticos. Talvez esteja dramatizando um pouco, mas em outro contexto. O Congresso deveria estar fervilhando não apenas com o impulso da queda de Dilma, mas no debate das opções que se abrem.

Em linhas mais gerais, ficou claro que só é possível avançar respeitando as leis que regem o capitalismo. Só tem sentido contrariar essas grandes realidades quando se tem outro modelo como estratégia. Exemplo: o "socialismo do século 21" na Venezuela. Na verdade, uma ruína do século 21.

Ao longo destes anos, o governo do PT suscitou um arsenal crítico que é um ponto de referência. Mudar a política externa, hoje talvez seja fácil, pelo menos no curto período que vai até 2018: bastaria inverter as prioridades do governo petista. Isso não significa voltar as costas para os vizinhos continentais. Mas diante das potencialidades do País, não podemos distanciar-nos da inovação tecnológica.

A tarefa central de um governo minimamente articulado será a de levar o País para 2018, restabelecendo um fio de confiança no processo político brasileiro. Aí, então, será possível renovar a esperança e prosseguir na tarefa gigantesca não só de resolver a crise econômica, mas todos os problemas que incomodavam quando a economia, para muitos, ainda parecia bem em 2013 e milhões de pessoas foram às ruas exigir melhores serviços públicos.

Quando caiu o Muro de Berlim, os camelôs vendiam seus pedaços aos turistas. O material acabou e os camelôs passaram a vender pedaços de muro falsificados. Não sei se vejo bem, mas a ideia me ocorreu quando comecei um livro sobre o meu aprendizado da democracia nos trópicos. Este momento histórico mostra a implosão, no País, do último pedaço falsificado do Muro de Berlim.

Fernando Gabeira é escritor, jornalista e ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro. Atualmente na Globo News, onde produz semanalmente reportagens sobre temas especiais, por ele próprio filmadas (no ar aos domingos, 18h30).  Articulista de O Estado de S. Paulo e O Globo, onde escreve aos domingos. Seu blog é no www.gabeira.com.br

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O que o PT fez com a Petrobras


O ex-presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Murilo Ferreira, numa entrevista após pedir licença (para não mais voltar) do cargo, disse, mostrando ao repórter um cartão parecido com os de crédito: “Veja esse cartão. Com ele eu compro, em qualquer farmácia do Brasil, qualquer remédio, na quantidade que eu quiser e, por mais caro que seja, pago apenas quinze reais. A diferença a Petrobras paga. Nenhuma empresa do mundo faz isso”.

Esse é apenas um detalhe dos “benefícios” que a força dos sindicatos petroleiros impõe ao Brasil. Sim, ao Brasil, porque o custo dos remédios dos petroleiros que têm o cartão é pago com o preço dos produtos que a Petrobras comercializa. Ou seja, quando você abastece seu carro, parte do que você paga está pagando o remédio do funcionário da Petrobras que, quase com certeza, tem um salário muito maior que o seu.

Ainda no tempo da ditadura, eu era repórter não me lembro mais de onde e, ao entrevistar um deputado da oposição, ele me dizia ser inacreditável que os petroleiros que trabalhavam no centro da cidade, nos escritórios da Petrobras, recebiam uma quantia a mais nos salários por  “insalubridade” ou “periculosidade”, que era paga aos funcionários que trabalhavam nas refinarias. Não sei se o “abono” ainda existe para todos, mas ao saber do cartão da farmácia, eu não duvido que o funcionário que trabalha na sala com ar condicionado no centro de São Paulo ou do Rio tenha lá seu salário bastante aumentado por conta do acrescido de “riscos” à saúde ou à segurança.

O cartão e os benefícios irregulares são aspectos de duas eras diferentes no Brasil, mas que se assemelham em vários momentos. A ditadura que era estatizante, com grande maioria no Congresso e com leis e decretos ditatoriais à mão, podendo calar quem se opusesse, perdeu a grande chance de transformar o Brasil numa potência. Bastava privatizar as estatais todas, sem temer o capital transnacional (para usar uma palavra da época) e abrir o país, abolindo as estratosféricas taxas de importação (400% no mínimo) e teríamos o mundo voltado pra nós. A indústria cresceria (inclusive a nacional, por força da competição), o campo mostraria sua força (como tem mostrado, aliás) os investidores todos colocariam dinheiro no Brasil, pois obteriam bons lucros e a ditadura poderia entregar à democracia um país de primeiro mundo, com a esquerda chupando o dedo ao ver todas as suas teses derrotadas pelo simples princípio do desenvolvimento econômico apostando na força do mercado e da liberdade.

Claro que haveria percalços, mas com o povo percebendo o progresso, recebendo bons salários e o país entrando no rol dos desenvolvidos, os petralhas da vida não teriam vez, seriam uma força de, no máximo, 10% dos votos, berrando no vazio suas teses autoritárias e ultrapassadas.

A Petrobras é um exemplo de como a esquerda e as ditaduras usam o patrimônio público a seu favor e não a favor do país.

Depois da ditadura, o Brasil sofreu para chegar até a era FHC, onde um pouco de clareza da competição mundial foi colocada à mesa, não sem um grande sacrifício de todos, com as batalhas contra o desemprego, contra as crises mundiais que nos afetavam e contra os ataques especulativos a uma moeda que engatinhava e tentava abrir seu caminho na selva capitalista.

As privatizações das telefônicas e dos bancos estaduais foram dois grandes exemplos de que o Brasil tinha condição de atrair o mundo para cá, o que já vinha acontecendo desde que Collor chamou os carros nacionais de carroças (e ele tinha razão) e acabou com a absurda taxa de importação dos automotores.

Mas a Petrobras, por força de campanhas sindicais e de partidos de esquerda, continuou estatal. Até hoje o PT fala que o PSDB queria privatizá-la. E talvez alguns tucanos quisessem mesmo. E estavam com a razão. A Vale, privatizada, se transformou numa das maiores do mundo. A Embraer, idem. E a Petrobras?

O que ocorreu com a Petrobras de 2003 para cá, é algo digno de constar dos anais acadêmicos, tendo como o título alguma coisa assim: ”Como afundar uma empresa que produz algo que vende muito e que não tem concorrência”.

Depois de 12 anos com o PT no comando da estatal, o seu valor de mercado caiu de mais de 200 bilhões de dólares para algo em torno de 80 bilhões, sem que houvesse uma crise de produção, ou que os produtos fabricados tivessem perdido preços de forma alarmante.

E sua dívida, com a atual desvalorização do real, cresceu a ponto de chegar a meio trilhão de reais. Não está errado, não! A Petrobras deve hoje 513 bilhões de reais e se o dólar continuar a subir, vai dever mais, pois grande parte de sua dívida é resultante de empréstimos na moeda norte-americana e 90% de seu faturamento é em real.

Em qualquer país do mundo, um fato como esse derrubaria – e botaria na cadeia, provavelmente, pois é impossível causar um estrago desses sem roubar – todos os responsáveis nesses anos todos pelo descalabro. Inclusive a presidente Dilma Rousseff, ministra das Minas e Energia (que manda na Petrobras), presidente do Conselho de Administração (que manda no presidente da Petrobras), chefe da Casa Civil (que manda em todos os ministros) e presidente da República (que manda em todo mundo).

Hoje fica claro que o PT, além de não saber administrar porra nenhuma, transforma o patrimônio público em sucata, depois de rapiná-lo quase que totalmente. Por óbvio, são contra toda e qualquer privatização. Por que esse partido continua governando o Brasil é um pergunta cuja resposta só é encontrada na cara de pau e safadeza dos governantes todos, no conluio com o Legislativo e o Judiciário que são comparsas da rapinagem e na covardia das oposições. 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Não dá mais pra segurar...


O dólar ultrapassando quatro reais (o dólar turismo chegou a R$ 4,50), a inflação ultrapassando os 7%, o desemprego perigando chegar a um percentual de dois dígitos, queda forte na bolsa de valores e o risco Brasil crescendo no mercado internacional.

A esse cenário pré-caos some-se um governo que mentiu para ser eleito, mentiu para ser reeleito e roubou, roubou muito dinheiro público, tanto que suas políticas na área do petróleo, eivadas de corrupção, fizeram uma das maiores empresas do mundo perder grande parte do seu valor de mercado.  Não é pouco: a empresa caiu, durante o governo petista, 400 posições no ranking das maiores do mundo.

E não é só: esse governo que está destroçando o Brasil, também está sem apoio político para fazer qualquer reforma, a ponto não só de já ter mudado vários projetos na área econômica, causando um verdadeiro deus-nos-acuda na praça, como ter espantado até o PMDB de fazer parte do governo, o que, para quem conhece esse partido que está agregado ao poder desde o fim da ditadura militar, é algo totalmente inédito.

Sem contar, ainda, com os estragos que a operação Lava Jato está causando não só no governo petista, mas principalmente na opinião pública. Pesquisas já indicaram que grande parte da população atribui a crise econômica e política à corrupção e não há erro em admitir tal relação, já que o PT, desde o primeiro dia do governo Lula, tratou mais de arranjar formas de se manter no poder do que de bem administrar o país. E essas formas passaram pelo enriquecimento do partido, de muito dinheiro para os aliados e do enriquecimento pessoal de vários dirigentes partidários. Tudo com dinheiro público, claro.

Por muito menos, presidentes de países democráticos já foram cassados por aí, governos caíram, parlamentos foram desfeitos e novos dirigentes assumiram o poder. Menos no Brasil, onde o apego ao poder é tão grande quanto a cara de pau dos petistas e aliados.


Mas o fim parece estar próximo, já que há poucos espaços para novas derrotas que o governo petista fatalmente sofrerá nos próximos dias e semanas. Enfim, parafraseando Gonzaguinha, não dá mais segurar ou suportar uma quadrilha no poder acabando com as duras conquistas do Brasil no campo do desenvolvimento e do progresso. 

domingo, 20 de setembro de 2015

Bravatas à moda do chefe

Desde quando Lula disse que poderia chamar o “exército do Stédile” para fazer frente às manifestações contra o governo petista que cresciam em todo o país, outras ameaças desse tipo começaram a pipocar no cenário político brasileiro, sempre destacando a possibilidade de resistência ao que a retardada e esperta esquerda brasileira insiste em chamar de “golpe”.

É certo que, no meio das manifestações, uma minoria andou falando em intervenção militar e apesar de ser uma intervenção prevista na Constituição, essa minoria não logrou qualquer êxito. Houve – e há – alguns que proclamam sim um golpe militar, mas são mais minoria ainda do que a turma da intervenção.

O que se tem, hoje, é uma enorme maioria pedindo impeachment, ferramenta que a Constituição nos dá quando não se suporta mais o governo vigente, quer por corrupção (e há de sobra), quer por incompetência administrativa (nem se fale!), quer por incapacidade de fazer a economia dar sinais de recuperação.

A grande maioria quer o fim abreviado do governo Dilma e o fim dos governos petistas que hoje mostram a que vieram: transformaram o Brasil num quintal de suas turmas, enriqueceram inúmeros políticos e dirigentes sindicais e destruíram a maior empresa do Brasil, fazendo-a perder mais de 200 bilhões de dólares de valor de mercado.

E a corrupção que causou esse desastre tem por autores apenas e tão somente operadores ligados ao governo. Só na Petrobras, as delações premiadas apontam, sem qualquer sombra de dúvida, que o PT instituiu um sistema de desvios de dinheiro público para, além de se tornar um partido bilionário, comprar apoio do Congresso ao seu governo. Sem esse apoio, hoje se vê, o governo não consegue dar um passo sequer.  Conclusão: Lula e Dilma foram os maiores beneficiados do esquema e isso basta para que sejam execrados da vida pública.

Pois em meio a esse descalabro todo surgem as turmas que se sentem fortes o suficiente para ameaçar a população brasileira com uma “resistência” que pode ser até armada. Logo após Lula falar em “exército do Stédile”, o presidente da CUT falou, em pleno Palácio do Planalto – e na frente da mulher sapiens – que eles iriam se entrincheiras nas ruas para defender o mandato presidencial.

Depois disso, mais um deputado berrou suas ameaças físicas contra a oposição e contra a maioria do povo brasileiro. João Daniel, do PT de Sergipe, disse na tribuna da Câmara dos Deputados, que “esse impeachment terá cor de sangue”.

Outras ameaças com mais ou menos repercussão têm sido feitas por aí o que, acho eu, só demonstra que o fim do governo petista é realmente um fato que vem sendo considerado dentro do partido. O mote foi dado por Lula e, como muitas outas “ordens” do chefe, andaram sendo repetidas pelo Brasil afora.

É para termos medo de que um impeachment levaria a conflitos armados, a uma guerra civil? De jeito nenhum. O que se viu até agora são apenas ameaças que não têm qualquer base.  As forças armadas do Brasil – Exército, Marinha e Aeronáutica – podem estar sofrendo as consequências da falta de verbas, mas estão longe de ficarem incapazes de enfrentar qualquer tipo de rebelião armada interna. Durante a ditadura militar, os grupos que pegaram em armas e partiram para o terrorismo, foram destroçados por militares menos equipados dos que os de hoje.  

E, embora as redes sociais estejam cheias de denúncias sobre exércitos paralelos sendo formados por cubanos, por grupos de sem terra, por entidades paramilitares disfarçadas de ONGs e financiadas pelo governo petista, o fato é que não é possível criar um grupo do tamanho necessário para uma resistência violenta sem chamar a atenção. Ainda mais num governo que ostenta menos de 10% de aprovação.

O que estamos assistindo com essas ameaças são, na verdade, bravatas de quem vê o fim chegando. O Brasil não suporta mais o governo petista e a oposição vai lutar com armas constitucionais para tirar do poder a causa das nossas desgraças todas.

Quem quer golpe, mais do que os grupelhos com saudade da ditadura que se infiltram nas manifestações, deve ser a própria esquerda brasileira. Acho que eles sonham com isso para poder dizer por aí que foram vítimas. Mas acho que não terão esse sonho satisfeito. A democracia tem armas suficientes para impedir que essa quadrilha continue infelicitando o povo brasileiro.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Sem rumo



O PT critica o pacote fiscal, mas Lula disse que vai andar pelo Brasil defendendo o pacote. PSDB lidera a frente pelo impeachment de Dilma Rousseff, mas Lula aconselha Dilma a conversar com Fernando Henrique Cardoso e José Serra para angariar apoio ao pacote e tentar rachar os tucanos no processo de impedimento. As centrais sindicais a serviço do PT fazem ato contra o que eles chamam de “plano Levy”, mas sem ele o governo Dilma esfarela e joga o Brasil num buraco sem fundo caso ela continue no governo.  

No meio da crise, o líder do governo petista na Câmara, Sibá Machado, resolve passear nos EUA e quase ninguém percebe. O PT quer porque quer que as doações de empresas aos partidos políticos sejam proibidas, pois ele será o maior favorecido num eventual financiamento público e o STF, aparelhado pelo PT, satisfaz o partido e, com a decisão, deve promover o maior acúmulo de doações aos caixas dois dos partidos.

E o jornalista Reinaldo Azevedo levanta uma questão óbvia, mas pela qual os senhores ministros do STF passaram batidos (menos os 3 que votaram contra, claro): se o financiamento privado é ilegal, estamos sendo governados por eleitos de modo  ilegítimo, já que as empresas deitaram e rolaram nas últimas eleições, tanto no caixa um quanto, e principalmente, no caixa dois.

Na economia, não há um índice sequer que indique uma correção de rumo, pelo contrário: a inflação persiste, o desemprego aumenta, as exportações às vezes estão melhores que as importações só porque estas diminuíram muito, o PIB enfraquece dia a dia, o dólar oscila mas sobe e as notas de crédito já começaram a reprovar o Brasil de vez. Ou seja, a economia está andando pra trás e carregando milhões de brasileiros para o estado anterior, quando o salário não sobrevivia até o fim do mês.

E as pesquisas que ululam por aí mostram o derretimento do até recentemente imbatível chefe da quadrilha que se instalou no poder. Lula não tem votos para ganhar de nenhum tucano, seja ele Alckmin, Serra ou Aécio, o que deve apavorar os petistas muito mais do que a expectativa de um discurso improvisado de Dilma.

E quanto a ela, mais parece alguém que caiu de paraquedas no meio de uma batalha e não sabe pra que lado ir. Isso porque hoje não dá mais pra disfarçar que ela não entende nada de economia, que só foi colocada ali para manter as aparências de um governo cujos objetivos maiores sempre foram se perpetuar no poder e enriquecer o máximo possível seus dirigentes, não necessariamente nessa ordem.

E assim o Brasil caminha para um desfecho que, embora possa ser imprevisível, tem de passar pelo fim da era das trevas petistas. Porque não dá mais para deixar escapar a oportunidade criada lá trás, que deu condições para o Brasil se inserir no contexto mundial e crescer de forma sustentável. 

Estamos na iminência de uma volta a um passado que só interessa à quadrilha petista. E isso não pode acontecer. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A justa indignação de todos nós

O artigo do blog hoje não é meu. É da minha amiga Monica Monteiro, jornalista, e foi publicado no Correio Popular de hoje. Ela aborda, com muita propriedade, um assunto cuja primeira crítica mais contundente eu escrevi há mais de dez anos, quando fazia a coluna Xeque-Mate no mesmo Correio Popular. De lá pra cá a coisa piorou e muito. Campinas é um paraíso para os pichadores, revelando que as autoridades pouco ligam para crimes desse tipo, pouco se importam em combater a ignorância que eles revelam e não estão nem aí com o patrimônio público e privado que é devastado com os garranchos desses imbecis com tubos de sprays de tinta em suas patas. Segue o artigo da Monica.


Carta a um pichador

 Monica Monteiro

Ultimamente, tenho exigido dos meus neurônios um grande esforço na tentativa de entender o  motivo de os pichadores acharem tão atraente, divertido, desafiante e digno de peripécias o ato de pichar muros, monumentos, postes, portões. Esse meu esforço chegou ao ápice ao ver – quase comovida e muito indignada – a recém-pintada e linda Escola Carlos Gomes já pichada.

Vejam só: um adolescente gasta dinheiro para comprar tinta spray, sai de casa à noite – quando poderia estar namorando, conversando com os amigos ou mesmo estudando para ser “alguém na vida”, como falavam, acertadamente, acho, os antigos – e se dispõe a escalar prédios e pontes para deixar lá sua marca. Em geral, registre-se, garranchos feios, sujos e, para a maioria de nós, sem sentido.

Depois, se não foi pego pela polícia (o que ocorre raramente, é triste dizer) ou não caiu e quebrou a perna (outra ocorrência rara, mais uma vez infelizmente) desce, contempla sua “obra” e vai embora gratificado e orgulhoso pelo “feito”. 
Divulga entre os amigos, fotografa, coloca nas tais redes sociais e, sei lá, talvez até tenha seus cinco minutos de fama e consiga subir no conceito daquela menina cobiçada do bairro. Menina bonita mas, provavelmente, não muito inteligente, é forçoso registrar.

E então eu pergunto: qual é a vantagem, a grande valentia, a façanha representada por fazer um desenho asqueroso em “alguém” que não pode se mexer, gritar, correr, chamar ajuda ou se defender? Qual o valor de sujar uma pobre parede que está lá, parada, ou um monumento que há décadas permanece no mesmo local onde foi colocado e não pode nem fazer cara feia para o pichador?

Qual a grande coragem envolvida no ato da pichação que faz com o que o autor da porcaria dela se orgulhe? Já me explicaram que os garranchos têm significado para os “entendidos”, que os símbolos dizem a qual tribo pertence o pichador vitorioso. Quer dizer: a idiotice é compartilhada, sinal de que são muitos os idiotas adeptos da babaquice.

Mas tem o outro lado: nós, que nos sentimos esteticamente agredidos com as garatujas, que nos sentimos ofendidos em nossa cidadania e lamentamos por Campinas, a quem amamos, estar coberta de pichações, estamos perdendo a guerra porque não sabemos nos defender.

As paredes, muros, prédios e postes não podem reagir, mas nós podemos. E não basta a polícia, quando consegue flagrar os transgressores, levá-los para a delegacia, passar um sabão e entregá-los para os responsáveis. Que de responsáveis pouco parecem ter, já que não seguram em casa, nem educam, seus jovens.

Deveríamos, talvez, pagar na mesma moeda: colocar os pichadores em praça pública e cobri-los de tinta spray. Depois, quem sabe, atirar penas em cima dos adolescentes que, então, assim fantasiados de galinhas, seriam obrigados a limpar a sujeira feita. Responsabilizando-se não só pelo trabalho, mas também pelos produtos gastos. E, por fim, tiraríamos fotos que, aí sim merecidamente, seriam divulgadas em todos os facebooks da vida. Garanto que com dois ou três desses “happenings”, a cidade começaria a mudar e, em pouco tempo, seria outra. 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

O discurso petista é de desespero

Bateu o desespero no PT e aliados (os poucos que restam) depois que as oposições leram no plenário da Câmara, no início da noite desta terça-feira, uma questão de ordem sobre o processo de impeachment. A questão deve ser respondida pelo presidente da Câmara e ela balizará o processo de impeachment que está na iminência de ser deflagrado.

O PT já sabia da questão de ordem – ela foi até publicada no blog O Antagonista – e preparou seus líderes para fazer discursos emocionais, que serão a tônica daqui pra frente na luta que se avizinha. A palavra de ordem do PT é “golpe”. Os discursos acusarão sempre a oposição e quem mais que queira ver Dilma pelas costas, de golpista, de rasgar a Constituição, de não aceitar o resultado das urnas e outras baboseiras mais.

O desespero é tanto que o PT se apega numa palavra de ordem fraca. Não é golpe nenhum ato de um poder constituído que esteja previsto na Constituição.  Não bastasse essa obviedade explícita, os petistas ainda terão de ouvir que eles comandaram o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello acusando-o de delitos que o próprio STF reconheceu depois que não foram provados, tanto é que o inocentou do processo penal decorrente das acusações no processo legislativo. Collor foi cassado mesmo depois que renunciou e teve sus direitos políticos barrados por 8 anos. Merecia? Claro que merecia, pois estava levando o país para um abismo econômico enquanto seu comparsa PC Farias arrecadava milhões de modo corrupto.

O processo de sua cassação foi político, já que não havia provas de delitos cometidos por Collor, mas os deputados e senadores tinham, plena convicção dos erros na condução do país e da corrupção se se alastrava.

O leitor mais arguto já percebeu as semelhanças? Pois é.

Mas o discurso petista avança também em outro campo onde a mentira das esquerdas campeia impune. Os dois líderes na tribuna fizeram inúmeros louvores à democracia  como se a luta conta a ditadura militar exercida por grupelhos de esquerda tivesse como objetivo devolver a normalidade democrática ao país.

Todos os que pegaram em armas pregavam uma ditadura comunista no Brasil que, se vitoriosa e pelos exemplos da Rússia, China, Cuba e outras, provocaria um derramamento de sangue jamais visto por aqui. A oposição seria simplesmente aniquilada, como fizeram Stalin, Mao, Fidel. A presidente Dilma Rousseff pertencia a um desses bandos terroristas que tinham essa intenção. José Genoino, irmão do atual líder do governo petista, que discursou hoje falando tanto em democracia, pertenceu a outro grupo armado e terrorista que também queria distância de qualquer coisa que não fosse uma ditadura de esquerda.

Como se vê, a primeira reação do PT ao primeiro ato rumo ao impeachment foi fraco, denotou desespero e foi baseado em mentiras, já que não há golpe em vista e todos querem a continuidade da normalidade democrática. Do mesmo modo um aliado histórico não só do PT, mas das ditaduras de esquerda, o PC do B, também discursos louvando uma democracia que eles destruíram onde chegaram ao poder – a Rússia e a Albânia que o digam.

Pelo jeito, como não podem contestar a tresloucada condução da política econômica, como não podem se opor ao mar de corrupção que implantou no Brasil, o PT e seus aliados mais notórios tentarão um embate ideológico contra o impeachment. Se perderem, e não há outro resultado que possa ser favorável ao Brasil, dirão que foram vítimas de um golpe contra a democracia. Vão ficar espalhando mentiras por aí, como sempre fizeram sempre. 

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Governo Dilma é nau sem rumo


Continuar com Dilma na presidência e o PT ocupando tudo o que pode ocupar em cargos pelo país afora, é o mesmo que assinar um documento entregando à sorte – ou ao azar – o destino do Brasil.

A saída do presidente do Conselho da Petrobras, Murilo Ferreira (presidente da Vale) se deu por motivos diferentes dos “pessoais” que ele alegou. Os motivos, informa o colunista da Veja.com, Geraldo Samor, estão no desentendimento de Ferreira com o presidente da estatal, Aldemir Bendine e com Ivan Monteiro, um de seus diretores, ambos nomeados por Dilma. Esse desentendimento esbarra no preço da gasolina, que Bendine não quer aumentar por ordem explícita do Planalto. Sem o aumento no combustível, a Petrobras não terá como cumprir seus compromissos e, depois de perder o grau de investimento da Standard & Poors, pode perder o de outras agências também, o que significará mais despesas para financiar seus projetos, já que o mercado só lhe emprestará dinheiro com juros mais elevados. A saída de Ferreira pode ser seguida por outros conselheiros independentes. Ou seja, com o PT mandando – e mandando errado – a Petrobras  não sai da areia movediça em que o próprio PT a enfiou.

A semana começou com empresários aumentando a previsão de PIB negativo em 2015 (agora chega a terríveis 2,55% menor que em 2014). Para 2016 a retração prevista é de 0,60% (era 0,50% na semana passada). A previsão da inflação oficial, medida pelo IPCA, também foi ajustada para baixo, para 9,28% no fechamento de 2015, frente 9,29% previstos na semana anterior. Atualmente, o índice está em 9,53%. Para 2016, o ajuste foi para 5,64% ante a previsão anterior, de que seria de 5,58%.

Como se vê, o humor do mercado só piora semana a semana. E o pacote anunciado hoje pelo ministro Joaquim Levy tem tudo para azedar de vez a vida politica e econômica do Brasil.

Depois de anunciar um superávit, de diminuir o superávit, de mandar um inédito orçamento com déficit de 30,5 bilhões de reais, de dizer que o Congresso que se virasse para mudar o déficit, de voltar a falar em superávit, de tentar ressuscitar a CPMF, de voltar atrás na ressurreição do imposto, o governo anunciou hoje cortes (sem diminuir ministérios ou assessores) e uma nova tentativa de ressuscitar a CPMF com uma alíquota de 0,2%.

Com um roteiro assim, percebe-se que não há rumo a seguir. A CPMF dificilmente será aprovada na Câmara, o que inviabilizará quase a metade do que o governo pretende arrecadar para superar o déficit. A outra metade é através de impostos que podem ser aumentados por decreto, que devem desagradar o empresariado que já anda cortando gastos e diminuindo a folha de pagamentos com demissões.

Ou seja, as medidas só devem piorar o clima de fim de feira do governo Dilma.

Com isso, o processo de impeachment pode ganhar mais corpo ainda a partir de amanhã, quando deputados podem pedir a Eduardo Cunha uma decisão sobre os pedidos que chegaram à Câmara. Um deles – talvez o de Hélio Bicudo – pode ser aprovado pelo plenário e, se aprovado, marcará o início 
do fim do governo Dilma.  

Pior: o empresário e delator da Lava Jato, Ricardo Pessoa, foi autorizado pelo juiz Sérgio Moro a prestar depoimento ao TSE no processo do PSDB sobre as irregularidades da campanha de Dilma Rousseff. O depoimento dele é bombástico, pois contém fatos que ligam a propina da Petrobras para abastecer a campanha de Dilma em 2014. O que pode levar à cassação da candidatura dela, com a anulação de sua eleição.

Enfim, não há o que se planejar para o Brasil com Dilma e o PT à frente. A previsão é que o partido e a presidente tenham de sair pela porta dos fundos e deixar o país resolver todos os problemas que Dilma e o PT criaram, com uma nova equipe que pense apenas em desenvolver o país de modo salutar e sustentável, criando condições para que voltemos a ter esperança de dias melhores.

domingo, 13 de setembro de 2015

Financiamento de campanha: a hipocrisia e o golpe foram derrotados

O PT e mais alguns aliados dele, de esquerda, além de alguns setores ingênuos ou cooptados da imprensa insistem na tese de que as doações feitas por empresas a partidos políticos para as campanhas eleitorais são a principal coisa da corrupção no Brasil. Está muito longe de ser.

A aprovação do financiamento privado, ocorrido nesta semana, suscitou críticas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), mas o que ele fez foi simplesmente barrar a hipocrisia de alguns e a esperteza do PT que seria o maior beneficiado caso somente o financiamento público fosse permitido. Como o PT foi atingido, algumas vozes se levantaram defendendo a tese – idiota em todos os sentidos – de que o financiamento privado é causa da corrupção.

Todo mundo sabe que numa campanha política todos os partidos trabalham com dois caixas, um legal e outro ilegal. E nos grandes partidos que entram pra disputar o cargo mesmo, o caixa ilegal é, invariavelmente, maior que o legal. É esse dinheiro ilegal, por exemplo, que donos de partidos menores recebem ao se coligarem com maiores, dando em troca seu tempo de televisão. Com eleições a cada dois anos, os partidos nanicos se transformaram num grande negócio para seus dirigentes. Recebem de um a cinco milhões (dependendo do tempo disponível na propagada política) a cada dois anos para se unirem. A reforma política parece que freou um pouco essa farra – e contra ela nenhuma voz dessas que defendem o fim do financiamento privado das campanhas se levantou – mas é provável que os nanicos arranjem um jeito de garantir uma boa grana vinda do partido majoritário a cada eleição.

De resto, agora mesmo estamos vivendo a comprovação dos caixas ilegais, com os depoimentos dos acusados no Petrolão que falam tranquilamente que parte do dinheiro das propinas foi doado oficialmente e outra parte foi entregue em dinheiro vivo, sem recibo, o que revela o caminho ilegal. Sem contar inúmeros “pagamentos” feitos por partidos a empresas de fachada, gráficas sem maquinários ou empregados, típicas ações de lavagem ou de apropriação mesmo do dinheiro ilegal por chefes de campanha e outros políticos para proveito próprio.

 Se o financiamento privado fosse proibido, o que mudaria? Qual o mecanismo que poderia impedir um empresário de doar um milhão para um determinado partido e receber um recibo de 200 mil? O único mecanismo seria a vontade do empresário de denunciar, o que, convenhamos, não é comum acontecer. E, mesmo que denunciasse, sem provas materiais correria o risco de ser processado por calúnia.

Ou seja, é impossível barrar a doação – espontânea ou não – de um empresário a um partido durante uma campanha. Se hoje a farra do caixa dois é quase pública e é muito difícil prová-la e puni-la, ela vai continuar tranquilamente. O que iria acabar seria só o caixa oficial sendo bastecido por empresários.

E há outro imbróglio nessa história, que remete a uma grande sacanagem do PT – e talvez por isso alguns coleguinhas da imprensa, alinhados com a estrelinha vermelha, emitam opiniões, tão raras em outros assuntos muito mais palpitantes, contra o financiamento privado das campanhas. Acontece que o PT queria que o tesouro brasileiro – sim, o dinheiro que pagamos como impostos – é que financiasse os partidos políticos. E a divisão seria feita de acordo com o número de deputados federais eleitos a cada quatro anos – as maiores bancadas receberiam a maior parte do filão que, dizem, chegaria a um bilhão de reais.

Acontece que a maior bancada eleita em 2014 foi, claro, a do PT, seguida pela do PMDB, não por acaso, dois partidos aliados quando o PT lançou a campanha pelo financiamento público das campanhas. Com o financiamento público jorrando para esses partidos e com eles recebendo por fora muito mais das empresas privadas, a vitória e a manutenção no poder por muito tempo ainda estariam garantidas. Um grande golpe com uma justificava que parece ser nobre, mas é mentirosa.

Hoje a situação está mudada e o governo petista corre sério risco de perder o poder e muitos parlamentares e, com certeza, esse fato é que fez com que o projeto fosse solenemente ignorado pela Câmara que aprovou a continuidade do financiamento privado.

Sim, o financiamento privado continua e nós não vamos arcar com os custos das campanhas, apesar de já arcarmos com a sustentação de muitos partidos através do fundo partidário, formado por dinheiro de impostos que pagamos e que é rateado entre eles sem que possamos fazer nada.

A saída do PT do poder parece estar chegando e, quem sabe, uma nova reforma política faça o que realmente deve ser feito: cláusulas de barreira para acabar com a multidão de partidos nanicos, fim do fundo partidário (a população,  se consultada, rejeitaria totalmente esse fundo), fim dos senadores suplentes, diminuição dos orçamentos legislativos (menos mordomias, menos assessores...), fim das emendas que o governo tem de pagar etc. etc. etc.

Como se vê há muitos itens a serem reformados para que o Brasil comece a ter uma representação mais séria nos parlamentos. Mas para acabar com a corrupção o que precisa acontecer é reforma das leis que punem corruptos para que eles sejam punidos rapidamente e recebam penas as mais longas possíveis e uma justiça célere e incorruptível. Só assim, com a certeza da punição é que nossos políticos começarão a perceber que a honestidade é o melhor caminho. 

sábado, 12 de setembro de 2015

O Brasil precisa se livrar já do PT

Já não se trata apenas de tirar o PT do poder. O mal que o partido fez ao país nesses quase 13 anos (13? Pois é!) de governo foi tão grande que será preciso mais de uma década para que retomemos algum caminho salutar de desenvolvimento sustentável.

Os ganhos com o fim da inflação em 1994 fizeram com que milhões de brasileiros saíssem da miséria. Nem os programas sociais posteriores, de FHC ou Lula, tiraram tanta gente de uma situação crítica como o fim da inflação. Pois estamos na iminência de perder essa conquista, a maior de todas no terreno da economia.

Mas há mais. Sem a infraestrutura que deveria ter sido construída durante os anos de vacas gordas e que faria com que nossas commodities tivessem preços competitivos, o Brasil vai amargar muito tempo ainda para retomar o patamar de exportações que garantiram a farra petista.

Nossa democracia, que teve avanços consideráveis nas últimas décadas, corre sérios riscos com as parcerias que os governos petistas realizaram com governos autoritários, com foros comunistas, com regimes bolivarianos e com ditaduras de esquerda. Sem contar que essas parcerias custaram bilhões e bilhões de dólares aos cofres públicos, sangrando o tesouro de um país que não consegue dar atendimento de saúde digno aos seus cidadãos e que paga salários de fome a milhões de professores.

Na educação, o drama não é menor. O segundo mandato de Dilma vem ocorrendo com greves em praticamente todas as universidades federais. E não são greves políticas, contra métodos ou programas de governo. São greves reivindicatórias de salários e condições mínimas de trabalho e estudo. Há reportagens por aí mostrando que muita gente já perdeu o ano e outro tanto perdeu o emprego por que não vai conseguir se formar neste ano como estava previsto. O enorme drama na educação superior ganha contornos perversos e surreais quando nos lembramos que o marqueteiro da Dilma, durante a campanha, inventou –e ela aceitou, claro – que seu segundo governo teria por tema “Pátria Educadora”. O que poderia ser sério virou piada. E a piada virou desgraça.

O fim do governo petista é urgente. As soluções apontadas desde o fim das eleições do ano passado, não deram certo em nenhum caso. Do primeiro superávit primário anunciado por Joaquim Levy antes de tomar posse oficialmente, ao orçamento inédito enviado ao Congresso com R$ 30,5 bilhões de déficit, tudo que se tentou fazer para o Brasil superar o estrago produzido pelo PT nesses quase 13 anos foi em vão.

Tanto assim é que, depois de tentar de tudo e dar tudo errado, ao governo resta acenar com aumento de impostos, o que enfurece o cidadão e arrasta mais políticos para a oposição.
E, através do sempre bem informado Lauro Jardim, da Veja, fico sabendo de que, na última vez em que Lula e Dilma se encontraram, o diálogo foi ríspido. Segundo fontes do jornalista, Lula teria dito a Dilma: “Nós estamos fodidos!”.

Como se vê, a ser verdade a expressão do ex-presidente, mas uma vez ele se engana no seu diagnóstico. Não Lula, vocês não estão fodidos, pelo contrário, jamais terão problemas com a inflação alta ou com o desemprego. Fodido está é o povo brasileiro depois de quase 13 anos de governos seus e dessa criatura que você inventou.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O impeachment como realidade


Justamente no dia 7 de setembro escrevi aqui que Dilma havia subido no telhado. Fiquei alguns dias sem escrever e as notícias de hoje mostram que já há uma movimentação entre ministros que aponta para um fim oficial do governo, ou seja, o início de um processo de impeachment que já estaria acertado entre o PMDB e partidos da oposição.

O pedido de impeachment deve ser o assinado por Hélio Bicudo, fortalecido por pareceres de pelo menos mais dois juristas famosos. A rotina processual manda que o presidente da Câmara leia o pedido em plenário e decida se deve dar prosseguimento ou mandar arquivar. No caso desse pedido ele vai pedir para arquivar, mas logo em seguida, também baseado no regimento interno da Câmara, um deputado vai contestar o arquivamento e pedir para que a decisão do presidente seja submetida ao plenário. Aí, com maioria simples, a oposição mais o PMDB aprovam o pedido e, em seguida, obedecendo à vontade soberana do plenário, o presidente instala o processo, anunciando a formação de uma comissão processante etc. e tal.

O resto, do mesmo modo como o começou, já está combinado. A comissão faz o seu trabalho, produz um relatório concordando com os termos do pedido e o presidente coloca o relatório que cassa a presidente em votação. Aí serão precisos dois terços dos votos – 342 – para que o relatório seja aprovado e a presidente cassada.

Claro que durante o processo, a comissão pode ouvir testemunhas e a presidente terá direito total à defesa, com prazos estipulados por normas e regulamentos.

Cassada a presidente, o próprio presidente da Câmara dará posse ao vice-presidente. E assim o Brasil se livrará dessa praga que há mais de 12 anos vem desgraçando o Brasil.

Com esse clima em Brasília, com muita gente já dando como certo o início do processo, a presidente Dilma tenta fazer o que não sabe: governar o país sem priorizar os interesses do PT e da manutenção do poder. Já tentou várias fórmulas e, desde o anúncio do primeiro superávit primário, o que se viu foi uma sucessão de erros que só provam que a intenção dela e do PT nunca foi o desenvolvimento do país e sim a perpetuação no poder e o enriquecimento ilícito da cúpula partidária e de aliados dispostos a participar da roubalheira geral e, em troca, apoiar sempre o governo.

A partir de agora, tudo que for feito terá aquele sabor de fim de feira. Exemplo disso foi a entrevista de Joaquim Levy ontem, quando foi anunciado que ele ira elencar medidas que atenuassem a porrada que foi o rebaixamento do grau de investimento sofrido pelo Brasil pela agência Standard & Poors. Ele nada disse de novidade e o que mais se percebeu foi um ministro tentando ser mais incisivo para parecer mais seguro. Em vão. O pouco que anunciou não virou manchete e sim trechos de sua fala classificando (erroneamente, diga-se) a decisão a agência de “política” e a possibilidade de aumentar os impostos – o que apavora o mercado e a população.

A Folha preferiu destacar em sua principal manchete uma grande fofoca que deve ter lá seu fundo de verdade: o governo estaria buscando um substituto para o chefe da Casa Civil, Aluísio Mercadante fora do PT. Mesmo depois do desmentido oficial, o jornal manteve sua informação, afirmando que ela foi baseada em três fontes do governo antes da publicação e em uma hoje de manhã. Já corre por aí que quem mandou espalhar a informação foi o ministro das Comunicações, Edinho Silva que, alias, assina a nota do desmentido.

Ou seja, num dia em que o governo deveria estar fazendo de tudo para que as outras duas importantes agências não rebaixem também a nota do Brasil, vemos o noticiário político ser preenchido pela mesmice oficial de um ministro que já foi esculhambado e que só continua no cargo porque seu patrão (do presidente do Bradesco) pediu e por uma fofoca palaciana que só bota mais lenha na fogueira petista.

É o retrato do que temos hoje: um governo que não governa, prestes a ser apeado do poder. Só nos resta torcer para que os estragos todos feitos pelo PT, por Lula e Dilma que redundaram no caos econômico que se desenha, sejam leves para um povo que não aguenta mais ser enganado por políticos corruptos que não cumprem o que prometem e, no poder, são realizadores das mais tenebrosas transações que o mundo já viu.