domingo, 8 de julho de 2018


O gabarito fosfórico

Beija-flor: caixinha de fósforos, guardada em Campinas,
ganha página em livro de Ruy Castro
Edmilson Siqueira


No dia 4 de abril de 1993, foi publicada no Correio Popular uma entrevista com Ruy Castro, que veio a Campinas promover o lançamento da biografia de Nelson Rodrigues. Como toda biografia do jornalista, era um trabalho de fôlego, simplesmente a melhor que já se publicara sobre o gênio do teatro brasileiro. À época, eu era editor-assistente do Caderno C e, fã de Ruy, fui logo me escalando para entrevistá-lo. A entrevista ocorreu numa filial da Livraria Papirus que nem existe mais, na Rua General Osório, perto do Centro de Convivência.

Quase 14 anos depois, essa entrevista voltou à minha cabeça motivada por uma série de fatos. O primeiro deles: foi a última – e perfeita – biografia escrita por Ruy Castro, a de Carmen Miranda. Sobre ela escrevi um Farol (A Maior) que começava contando um episódio do livro e que tinha a ver com Campinas: Carmen veio fazer um show no Teatro Municipal, em 1939 e, à tarde, pegou um carro emprestado de um fã e saiu dirigindo pela cidade. Na esquina da Saldanha Marinho com a Onze de Agosto, teve que desviar bruscamente de um bonde e bateu numa árvore.

Pois alguns dias depois da crônica publicada aqui na Metrópole, o jornalista Rubem Costa, que tem uma coluna semanal no Correio, do alto dos seus 87 anos, escreveu uma crônica com o título Eu estive lá. E sabem onde ele estava? No bonde do qual Carmen se desviou. Além de relatar o acidente, ele conta que esteve à noite no show, com detalhes que nem Ruy tinha no livro.

Claro que senti uma grande vontade de mandar a crônica do Rubem para o Ruy e o passo seguinte foi conseguir seu telefone ou e-mail, o que foi feito com a ajuda da editora Companhia da Letras. No e-mail que enviei ao Ruy, anexei minha crônica e a crônica do Rubem. Para me identificar, disse que era jornalista de Campinas e que o havia entrevistado há uns 14 anos, no lançamento de O Anjo Pornográfico (a biografia de Nelson Rodrigues) e que, antes de iniciar a entrevista, eu havia lhe dado uma caixinha de fósforos Beija-Flor.

Menos de dez minutos depois que enviei o e-mail ao Ruy, com as duas crônicas e a apresentação, ele respondeu. Nem tinha lido as crônicas ainda, mas estava feliz por ter descoberto quem lhe havia presenteado com a Beija-Flor, pois não se lembrava mais. E se eu quisesse saber o destino da caixinha, que comprasse seu último livro, Rio Bossa Nova – Um Roteiro Lítero-Musical, editado pela Casa da Palavra. E indicava: “Vá à pág. 30. Você a verá ao lado de um copo de uísque numa mesa do Villarino, fotografada em agosto do ano passado!”.

Minha emoção foi grande e aqui acho que cabem mais algumas explicações.

Antes da biografia de Nelson Rodrigues, Ruy havia escrito Chega de Saudade – A História e as Histórias da Bossa Nova, o melhor livro que se publicou sobre nossa melhor música e que eu havia devorado não só por ser fã da música, mas por amar o Rio de Janeiro que, com sua geografia e sua gente, foi um dos motivos da bossa nova existir. Pois nesse livro, o autor conta, na página 116, que um dos berços que embalaram a bossa nova foi a Casa Villarino, uma espécie de bar e confeitaria no centro do Rio, que está lá até hoje.

A descrição que Ruy faz da casa no livro é deliciosa: “O Villarino era (aliás, é porque ainda existe) o de que você quisesse chamá-lo. Visto de fora, era uma mercearia, que oferecia uvas argentinas, sardinhas do Báltico e um oceânico estoque de bebidas importadas. Nos fundos, convertia-se numa charmosa uisqueria, com um ligeiro clima de speakesay”. Entre os freqüentadores, Ruy destaca Paulo Mendes Campos, Antonio Maria, Sérgio Porto, Lúcio Rangel, Irineu Garcia, Ari Barroso, Haroldo Barbosa, Fernando Lobo, Paulo Soledade, Dorival Caymmi, Dolores Duran e Aracy de Almeida.

Apareciam por lá também menos amiúde Carlos Drummond de Andrade, Heitor Villa-Lobos e Vinícius de Moraes. Pois foi ali que Vinícius foi apresentado a um jovem pianista e compositor chamado Antonio Carlos Jobim.

Bom, mas o que tem a ver a caixinha de fósforos Beija-Flor com tudo isso? É Ruy de novo quem conta ao descrever a uisqueria do Villarino: “Havia meia-dúzia de mesas e os uísques da moda, Haig’s e Black Label, eram servidos por Jorge, o garçom, segundo o ‘gabarito fosfórico’ criado pelos fregueses: dose na altura de uma caixa de fósforos Beija-Flor, de pé, na vertical”.


Eu tinha duas caixinhas intactas de fósforos Beija-Flor em casa, em 1993 e nem cabe aqui explicar como elas estavam lá, pois já haviam desaparecido do mercado há muitos anos. E dei uma delas de presente ao Ruy, fato que descrevi na entrevista publicada e que até hoje recordo com certa emoção. O contato com o Ruy por causa da crônica da Carmen e, depois, do Rubem Costa, acabou me trazendo de volta acontecimentos de quase 14 anos atrás que ainda hoje têm conseqüências. 


Pois está lá, na página 30 do Rio Bossa Nova (uma edição de luxo, de capa dura, com fotos lindíssimas do Rio e texto idem) toda garbosa, a caixinha Beija-Flor em duas fotos. E numa delas exercendo seu principal papel ao lado de um prato do Villarino e um copo de uísque. Nesse livro, a caixinha também virou “personagem” no texto da página 31: “Com a generosidade de suas doses (da altura de uma caixa de fósforos Beija-Flor, em pé, na vertical, o que eles chamavam de ‘gabarito fosfórico’), cada uísque do Villarino valia por dois de outros lugares”.

A caixinha de fósforos que dei ao Ruy fazendo seu papel de "gabarito fosfórico"

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Quanto pagaremos pela covardia da Unicamp?

Mesmo com todo conhecimento que há, com toda literatura sobre os golpes que a esquerda deu e dá no mundo, mesmo em se tratando de pessoas cultas que, no mínimo, deveriam saber que acordos com a esquerda só existem se ela levar todas as vantagens, a Reitoria da Unicamp ainda não aprendeu.

Mesmo com todos os sinais de que as greves que por lá ocorrem são políticas e realizadas por notória minoria, mesmo com a evidência de que o sucesso dos movimentos que lá ocorrem só acontecem na imprensa, mesmo sabendo que a grande maioria de estudantes, professores e alunos não são aliados desses partidecos de esquerda que comandam as ações, a Reitoria da Unicamp ainda não aprendeu.

Mesmo sabendo que a invasão do prédio da Reitoria – a atual e todas as outras – aconteceu porque os partidecos de esquerda precisavam de um fato que chamasse mais a atenção da “mídia” e que as negociações ocorridas tinham como único objetivo postergar medidas que acabassem com a criminosa invasão, a Reitoria da Unicamp insistiu em “dialogar” e manter uma ridícula postura “politicamente correta” que contrariava a maioria da universidade e afrontava até a Constituição brasileira.

O resultado dessa covardia institucional, desse não enfrentamento de grupelhos cujo “diálogo” é a violência – a invasão de um prédio público impedindo o trabalho de um órgão sustentado pelo imposto dos cidadãos paulistas é um ato violentíssimo sob qualquer ponto de vista – só podia dar no que deu: os invasores (que deveriam, só pelo ato de invadir o prédio, serem expulsos da universidade) não aceitaram todas as regalias que a Reitoria da Unicamp ofereceu e mantiveram a ocupação que já dura absurdos 55 dias.

Não tivesse a Reitoria da Unicamp se acovardado diante de um ato criminoso e agido como uma autoridade deve agir, a desocupação mesmo que violenta do prédio, teria ocorrido no mesmo dia da invasão e a vida universitária – repito: sustentado pelo imposto de todos os paulistas –  poderia seguir seu curso.

Tivesse agido como manda a lei, e hoje, 55 dias depois, não precisaria soltar um comunicado onde diz que “lamenta a intransigência dos estudantes e, diante desta postura, reafirma que deu por encerradas as negociações. A inexistência de um acordo joga por terra todo o esforço realizado e os avanços verificados, invalidando os pontos pactuados. A Unicamp comunicou a Justiça sobre o insucesso das negociações e informou que mantém o interesse no cumprimento da liminar de reintegração de posse. A decisão a respeito deste assunto não se encontra mais no âmbito da Universidade.”

Foram quase dois meses de “negociações” para se chegar a um final manjado.

Não tivesse a Reitoria da Unicamp se acovardado diante de grupelhos que pregam ideologias que não deram certo em país algum do mundo – ao contrário, desgraçaram os países onde foi aplicada – e os cofres estaduais, já combalidos por uma crise produzida justamente por um partido que apoia esses profissionais do caos, não sofreriam mais um baque que será sentido no bolso de todos nós.

Agora, provavelmente os marginais vão querer resistir à ação policial da “reintegração de posse” e a “mídia” tão sedenta de sangue quanto cúmplice dessa esquerda criminosa, publicará em destacadas fotos esses imbecis sendo levados à força por se recusarem a sair do local. E se algum deles for vítima de algum ferimento que faça jorrar sangue, terão atingido mais um objetivo: exibirão a “vítima” como troféu e acusarão os que defendem a lei de “fascistas”. É assim que a esquerda age: acusa seus adversário de ser o que ela é..

 A única pergunta que cabe, ao se aproximar o fim desse teatro de horrores protagonizado por grupelhos marginais é: quanto custou aos cofres do governo estadual a covardia da Reitoria da Unicamp? 

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Parem as máquinas!!! Benassi resolveu voltar!!!

É serio, gente. O ex-vereador do PCdoB de Campinas, Sergio Benassi, após “refletir longamente”, decidiu ser candidato a vereador novamente. Ele que já exerceu alguns mandatos e que conseguiu ser até líder de Hélio de Oliveira na Câmara, inclusive criando uma CPI chapa branca para impedir que uma CPI de verdade investigasse a Sanasa (não adiantou nada, pois o Ministério Público descobriu tudo), está brindando os campineiros com um texto primoroso, onde explica os motivos que o levaram a tentar voltar à vereança. Vou “refletir” com ele, comentando sua declaração que está publicada em sua página na internet. O texto dele está em vermelho (claro), o meu em azul. Ah, grifei, no texto original, os erros de português e de digitação.

APÓS LONGA REFLEXÃO ESTOU DE VOLTA NO CENÁRIO POLITICO
Após longa reflexão sobre a situação politica, os ataques que as conquistas sociais tem sofrido em todos os niveis, e com intuito de fortalecer o PCdoB em nossa cidade decidi colocar-me como pré-candidato a vereador nas próximas eleições.

Benassi, como toda a esquerda, considera que as conquistas sociais estão em risco. E têm razão: Dilma diminuiu violentamente o orçamento das áreas sociais e contratou obras sem dinheiro. Sem contar a volta da inflação e dos mais de 11 milhões de desempregado, o que já estraçalha a vida social de dezenas de milhões de pessoas. Só que Benassi e a petralhada estão tentando botar na cabeça do povo que a culpa é de Michel Temer. Ou de FHC, sei lá.

Para esta decisão pesou, a luta politica atual, as demandas e expectativas do povo de Campinas, e a orientação do partido diante da grave situação nacional (?) lutando contra o golpismo, que exige uma postura politica, e de combate firme com coragem, compromisso e lealdade, credencias que reuni em 40 anos de militância no PCdoB e 20 anos de vereança.

As demandas e expectativas do povo de Campinas ficaram bem claras na maior passeata que a cidade já teve: todos pediam “fora Dilma” e “fora PT”, mas Benassi disse que o povo está “lutando contra o golpe”, o que é, no mínimo, uma piada. A não ser, claro que, por “povo” ele considere apenas a militância do PCdoB, que lota uma ou duas kombis.

A Câmara de vereadores de Campinas necessita, urgente de agentes públicos com experiência, combatividades e compromisso para impedir no crescimento de forças anti povo., que pretendem desmantelar as politicas públicas, promover retrocesso social, e atacar a democracia e as liberdades democráticas.

O que Benassi fez no últimos 12 anos em que exerceu a vereança na Câmara (até 2012, governos 
Toninho/Izalene e Hélio de Oliveira) foi exatamente o contrário do que ele agora diz que quer fazer. Tirando a “experiência” – afinal trata-se de um sexagenário – o resto lhe falta. Apoiou o péssimo governo de Izalene (considerado o pior da história de Campinas) e prestou fidelidade canina ao governo de Hélio de Oliveira, o mais corrupto de todos os prefeitos que já passaram pelo Paço. Quanto a tentar impedir “retrocesso social” só se ele estiver pensando em sair do PCdoB, um partido cujo líder ideológico é Stalin, o ditador comunista que mandou matar mais de 30 milhões de russos, e cujo modelo político não deu certo em lugar nenhum do mundo, como provam os países que adotaram ou impuseram o socialismo totalitário como governo.

Em um momento como o que vive o país, onde os alicerces democrático e de liberdade são corroídos, não podemos nos eximir de nosso papel como agente social, é preciso que os lutadores do povo see apresentem para a  batalha, serrem a fileira em defesa da democrácia, da libersdade e das conquistas sociais.
Por isso dizemos PRESENTE!
Sergio Benassi

Só na cabeça da atrasada esquerda brasileira é que a democracia no Brasil corre perigo. Uma presidente foi afastada de acordo com a Constituição num rito referendado pelo Supremo Tribunal Federal. O processo corre no Senado, como manda a lei, com amplo e total direito (e até abuso) de defesa. Nada contra a democracia. Nada contra a liberdade.

Mas Benassi prega que os “lutadores do povo” se apresentem e “serrem” fileiras.  Aí já é a declaração tácita de que vai escorrer sangue pelas ruas. Afinal, se os “lutadores do povo” certamente munidos de motosserras, resolverem serrar fileiras, muita gente que está nas fileiras será cortada ao meio. Deve ser a moderna revolução com a qual o PCdoB tentará subjugar o Brasil: serrando o povo.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

A Unicamp e seus invasores: palhaçada com dinheiro público

                                                              (Foto Cesar Rodrigues - Correio Popular)
A newsletter da Unicamp chega por e-mail e me informa que a comissão “que negocia a desocupação do prédio da Reitoria realizou até esta data seis reuniões com a Comissão dos Manifestantes”. Não sei o que querem os invasores – geralmente regalias que jamais teriam se estudassem em escolas privadas e reivindicações políticas que nada têm a ver com o meio estudantil  – mas só o fato de terem sido realizadas seis reuniões com invasores de um prédio público já demonstra a decadência que a segunda melhor universidade do Brasil chegou.  

Invadir prédio público é crime e como tal deveria ser tratado, fosse o Brasil um país sério. Os que permitem tal invasão e ainda permitem que ela se prolongue deveriam também ser tratados como servidores que não cumprem seus mínimos deveres e não têm o mínimo respeito pelo dinheiro arrancado da população através de impostos. Deveriam ser demitidos sumariamente.

Além da invasão em si – um fato degradante, fora da lei – há vários prejuízos ocorrendo que refletem diretamente no bolso do contribuinte. O prédio vai ser depredado – e nós vamos pagar pelos consertos; processos atrasarão e custarão mais caros – e nós vamos pagar a diferença; pesquisas que dependem de processos que passam pela Reitoria vão ser prejudicadas – e nós pagaremos pelas pesquisas perdidas e pelo seu recomeço, enfim, uma série de fatores além dos notórios, vão custar 
caros aos cidadãos que contribuem obrigatoriamente com a sustentação da universidade estadual.

Os manifestantes, todos sabem, são minoria. Pertencem ao PT, o partido mais corrupto da historia do Brasil, ou a partidecos de esquerda que não conseguem votos e usam atos criminosos como esse para fazer suas propagandas ideológicas. O PCdoB, por exemplo, presente há séculos na direção de entidades estudantis, não se sustenta com o voto.  Ficamos sabendo nesta sexta-feira, que os comunistas do bê “arrecadavam” de 10 a 30% do valor de cada casa construída pelo programa Minha Casa Minha Vida. Corrupção. Propina pura, roubada do sonho do brasileiro da casa própria. Fosse um país decente, o PCdoB seria banido da vida pública e seus dirigentes encarcerados pelo tempo máximo permitido pelas leis. Mas o Brasil afaga marginais, como faz a Reitoria da Unicamp.

Pela newsletter fico sabendo também que “a Unicamp apresentou um documento para a construção de um compromisso entre as duas partes objetivando a desocupação do prédio da Reitoria”. Precisei ler de novo para acreditar. Então os senhores da Unicamp fazem seis reuniões com os marginais invasores e, no sexto encontro decidem apresentar um documento para construir um compromisso? O que foi feito nas reuniões anteriores? Masturbação mental sobre a mais valia? Ficaram tomando cerveja? Fumando baseados?

Além do mais, que raio de compromisso se pode esperar de quem não respeita minimamente a lei? Que raio de compromisso se pode esperar de quem entra numa universidade – local sagrado de estudo e pesquisa – e invade o prédio da direção da escola, sem se importar com as nefastas consequências que tal ato acarreta para a vida acadêmica, para o estudo de milhares de outros alunos, para os cofres públicos, enfim, para todos nós que sustentamos a universidade com o pagamento de elevados impostos? O que esperar dessa gente que usa a universidade como ponta-de-lança de uma ideologia atrasada, violenta e que não deu certo em lugar nenhum do mundo?

Será que em toda Unicamp não tem ninguém com colhões suficientes para acabar com essa palhaçada? Estamos diante de uma direção universitária tão acovardada que se encolhe perante um bando de moleques gritando palavras de ordem que só se ouvem nos rincões mais atrasadas do planeta, comandados por cruéis ditaduras de esquerda?

Se a direção da Unicamp - o reitor e seus diretores - não tem coragem de fazer valer a lei, deveriam pedir para sair e dar lugar a quem respeita o suor do trabalhador paulista que sustenta todos eles. Se a direção da Unicamp fica de quatro para um bando que representa uma pequena parcela de estudantes profissionais, não deveria continuar onde está. Pena que o chefe do governo estadual, embora odiado pelas esquerdas que mantêm esses grupelhos invasores, seja talvez o maior dos covardes e contribua, com sua omissão e falta de liderança, para que absurdos como esses continuem acontecendo. 

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Uma figura intragável

Quando Jacó Bittar foi eleito prefeito de Campinas (1988), ele nomeou apenas um secretário. O resto foi nomeado pelo PT. Não havia programa de governo, os nomeados eram ruins em administração pública, havia radicais de esquerda que entraram no governo pensando que a “revolução” tinha começado e que o capitalismo estava por um triz.

Um desses radicais de esquerda era Marco Aurélio Garcia, esse mesmo que comandou a pior política externa que o Brasil já teve e que agora se arvora em arrotar críticas à tentativa de retomada de uma política séria pelo atual governo.

Como ele vinha da Unicamp (era diretor do arquivo do Arquivo Edgard Leuenroth e o arquivo era uma bagunça - fiz uma reportagem a respeito que até ajudou a melhorar a situação, mas até banheiros eram usados como salas para arquivar material) foi nomeado secretário de Cultura de Campinas. Sua primeira ação foi anunciar uma ópera húngara de um autor que ninguém conhecia por aqui e, do mesmo modo, ele não sabia onde encontrar as partituras. Mas mesmo assim a ópera foi anunciada e até os principais artistas que seriam contratados tiveram seus nomes divulgados. A dois meses da “estreia”, o então maestro da Sinfônica Municipal, Benito Juarez, foi conversar com o prefeito para saber das partituras, pois ele precisa iniciar os ensaios – aliás, já estavam atrasados. Benito, como regente da orquestra, era o diretor musical da ópera. Sem partituras, sem ensaio e sem mais tempo, a turma do secretário anunciou que a cantora principal estava doente e não poderia mais ensaiar e, assim, a ópera estava cancelada. Era mentira, claro, mas conseguiram se livrar do pepino provocado pela incompetência do turminha do Marco Aurélio Garcia.

Depois ele inventou uma Revista dos Trabalhadores. Bonita, bem editada, quatro cores, papel caro, edição de luxo. Conteúdo? Artigos e mais artigos, todos longos, dos coleguinhas do curso de História da Unicamp, de onde Garcia era oriundo. Custo? Enorme, claro, mas o Fundo de Cultua Municipal acabou arcando – e se esvaziando completamente – com as tiragens dos quatro ou cinco números que a revista sobreviveu. Sem anúncios (o plano era “captar publicidade que sustentará a publicação”), a revista teve vida efêmera.

E assim se passaram dois anos de uma inútil atuação de Marco Aurélio Garcia à frente da Secretaria de Cultura de Campinas. No início do terceiro ano de governo, Bittar rompeu com o PT e trocou todo o secretariado. Garcia foi na leva, para o bem da cultura de Campinas.

Pois esse infeliz personagem reapareceu quando Lula tomou posse. Como Assessor Especial para Assuntos Internacionais, ele passou a ditar as diretrizes da política externa brasileira. E só fez cagadas, com o perdão do termo, mas não encontro outro que se encaixe tão bem na sua gestão no governo federal.

O jornalista Reinaldo Azevedo fez uma lista das derrotas do Brasil no campo internacional durante o governo Lula. A lista é meio antiga, tem outras derrotas que não entraram, mas acho que a que vai a seguir já mostra bem o mico que o Brasil passou no mundo civilizado. Essas derrotas foram mais atribuídas a Celso Amorim (outro da mesma laia), mas Garcia era quem dava as ordens e Amorim obedecia. Atentem para o estrago:

NOME PARA A OMC
Amorim tentou emplacar Luís Felipe de Seixas Corrêa na Organização Mundial do Comércio em 2005. Perdeu. Sabem qual foi o único país latino-americano que votou no Brasil? O Panamá!!!

OMC DE NOVO
O Brasil indicou Ellen Gracie em 2009. Perdeu de novo. Culpa do Itamaraty, não de Gracie.

NOME PARA O BID
Também em 2005, o Brasil tentou João Sayad na presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Deu errado outra vez. Dos nove membros, só quatro votaram no Brasil – do Mercosul, apenas um: a Argentina. Culpa do Itamaraty, não de Sayad.

ONU
O Brasil tenta, como obsessão, a ampliação (e uma vaga permanente) do Conselho de Segurança da ONU. Quem não quer? Parte da resistência ativa à pretensão está justamente no continente: México, Argentina e, por motivos óbvios e justificados, a Colômbia.

CHINA
O Brasil concedeu à China o status de “economia de mercado”, o que é uma piada, em troca de um possível apoio daquele país à ampliação do número de vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU. A China topou, levou o que queria e passou a lutar… contra a ampliação do conselho. Chineses fazem negócios há uns cinco mil anos, os petistas, há apenas 30…

DITADURAS ÁRABES
Sob o reinado dos trapalhões do Itamaraty, Lula fez um périplo pelas ditaduras árabes do Oriente Médio.

CÚPULA DE ANÕES
Em maio de 2005, no extremo da ridicularia, o Brasil realizou a cúpula América do Sul-Países Árabes. Era Lula estreando como rival de George W. Bush, se é que vocês me entendem. Falando a um bando de ditadores, alguns deles financiadores do terrorismo, o Apedeuta celebrou o exercício de democracia e de tolerância… No Irã, agora, ele tentou ser rival de Barack Obama…

ISRAEL E SUDÃO
A política externa brasileira tem sido de um ridículo sem fim. Em 2006, o país votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas, no ano anterior, negara-se a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida, que praticou os massacres de Darfur – mais de 300 mil mortos! Por que o Brasil quer tanto uma vaga no Conselho de Segurança da ONU? Que senso tão atilado de justiça exibe para fazer tal pleito?

FARC
O Brasil, na prática, declara a sua neutralidade na luta entre o governo constitucional da Colômbia e os terroristas da Farc. Já escrevi muito a respeito.

RODADA DOHA
O Itamaraty fez o Brasil apostar tudo na Rodada Doha, que foi para o vinagre. Quando viu tudo desmoronar, Amorim não teve dúvida: atacou os Estados Unidos.

UNESCO
Amorim apoiou para o comando da Unesco o egípcio antissemita e potencial queimador de livros Farouk Hosni. Ganhou a búlgara Irina Bukova. Para endossar o nome de Hosni, Amorim desprezou o brasileiro Márcio Barbosa, que contaria com o apoio tranquilo dos Estados unidos e dos países europeus. Chutou um brasileiro, apoiou um egípcio, e venceu uma búlgara.

HONDURAS
O Brasil apoiou o golpista Manuel Zelaya e incentivou, na prática, uma tentativa de guerra civil no país. Perdeu! Honduras realizou eleições limpas e democráticas. Lula não reconhece o governo.

AMÉRICA DO SUL
Países sul-americanos pintam e bordam com o Brasil. Evo Morales, o índio de araque, nos tomou a Petrobras, incentivado por Hugo Chávez, que o Brasil trata como um democrata irretocável. Como paga, promove a entrada do Beiçola de Caracas no Mercosul. Quem está segurando o ingresso, por enquanto, é o Parlamento… paraguaio!  A Argentina impõe barreiras comerciais à vontade. E o Brasil compreende. O Paraguai decidiu rasgar o contrato de Itaipu. E o Equador já chegou a sequestrar brasileiros. Mas somos muito compreensivos. Atitudes hostis, na América Latina, até agora, só com a democracia colombiana. Chamam a isso “pragmatismo”.

CUBA, PRESOS E BANDIDOS
Lula visitou Cuba, de novo, no meio da crise provocada pela morte do dissidente Orlando Zapata. Comparou os presos políticos que fazem greve de fome a bandidos comuns do Brasil.

IRÃ, PROTESTOS E FUTEBOL
Antes do apoio explícito ao programa nuclear e do vexame de agora, já havia demonstrado suas simpatias por Ahmadinjead e comparado os protestos das oposições  contra as fraudes eleitorais à reclamação de uma torcida cujo time perde um jogo.

Como se vê, o vexame foi enorme e Garcia estava por trás de todos eles. Agora, ele vem a público querer criticar a boa política externa que José Serra está tentando ressuscitar. Primeiro foi Dilma que falou que o Brasil agora fala grosso com a Bolívia e fino com os EUA. Talvez ela tenha se esquecido que a Bolívia roubou um refinaria inteira da Petrobras e o governo petista nada fez, aceitando o enorme prejuízo da forma mais covarde possível. Se o PT falava grosso com os EUA, duvido que os urros tenham chegado a Washington. Talvez nem tenham alcançado as fronteiras de Goiás.

Depois de Dilma, Garcia disse que está havendo um retrocesso, que a política de aproximação com o primeiro mundo é antiga e outras bobagens. Garcia, nas sua ignorância radical, não vê que o Mercosul foi um fracasso porque ao invés de um acordo econômico, passou a ser um órgão político e de esquerda. Que o Chile cresceu mais que todos no continente, porque esnobou o Mercosul e fez acordos bilaterais com países do primeiro mundo.

Garcia considera que avanço é apoiar ditadores africanos e latino-americanos, ajudar grupos terroristas islâmicos, se ajoelhar diante da Bolívia, da Argentina dos Kirchner e lamber o saco de, primeiro Hugo Chávez e, depois, dessa intragável figura que é Maduro.  

Enfim, Garcia é um desses imbecis que um país, se quiser crescer e ter um papel decente no mundo, tem de isolar. De preferência trancado nos banheiros da Unicamp que ele usava para guardar documentos do Arquivo Edgar Leuenroth que ele dirigia, na década de 1980.

domingo, 29 de maio de 2016

Dilma, a mentirosa profissional

Ainda vivendo das benesses que nossos impostos pagam, a presidente afastada, Dilma Rousseff, tenta salvar sua biografia e luta para voltar ao poder. Entre as atividades que realiza para alcançar seus objetivos ganhou destaque a presença dela numa reunião de blogueiros chapa branca em Minas (encontro que nossos bolsos estariam bancando via Caixa Econômica Federal não fosse a interrupção do “granoduto”  feita pelo governo Temer) e uma entrevista a uma jornalista aderida, Monica Bergamo, que rendeu manchete na Folha de São Paulo deste domingo.

A primeira atividade resultou num documento que pretende ser uma “carta à sociedade” e que a sociedade, em sua grande maioria, deve ignorar. Outra parte da sociedade vai conhecer um pouco do seu conteúdo através do jornal O Estado de S. Paulo que, sobre ela, fez a seguinte consideração:  “...a carta, escrita em português precário – meio parecido com o que a presidente afastada fala, o que mostra que fez escola –, raciocínio tortuoso, viés ideológico e aversão à verdade, é mais do que um besteirol. Retrata de modo inequívoco o nível de indigência intelectual e moral dos integrantes da máquina de difamação que, sustentada por dinheiro público durante os 13 anos e meio do lulopetismo, se especializou em contar mentiras, plantar boatos, caluniar adversários políticos do PT e agredir moralmente repórteres e colunistas dos grandes jornais, sempre sob o pretexto de defender a “democratização da comunicação”.

Na segunda atividade, a presidente afastada se realiza fazendo aquilo que ela mais tem feito nos últimos anos (3 anos? 4 anos? 13 anos?) ou seja, mentir, tentando construir uma realidade que não encontra paralelo nos fatos e nas leituras do que ocorre na política brasileira.

Na entrevista à jornalista – que tem se notabilizado por escrever notas em sua coluna sempre favoráveis ao ex- governo petista e contrárias aos seus opositores – Dilma defende a retardada tese do golpe contra seu mandato (um golpe sui generis, pois todas as instituições estão funcionando, as forças armadas estão aquarteladas, o Congresso Nacional – câmaras alta e baixa – funcionando normalmente e a economia do país só não pode ser considerada normal, porque os 13 anos do PT no poder estraçalharam toda e qualquer possibilidade de retorno a índices positivos no curto prazo), mantendo o mesmo discurso feito por seus defensores no processo de impeachment, de que ela não cometeu crime algum.

Talvez Dilma pense que ninguém acredita no extenso relatório do TCU mostrando suas mazelas com o dinheiro público e na peça acusatória assinada por três ilustres juristas que mostram cabalmente o que Dilma fez para tornar o governo totalmente deficitário, o que Dilma gastou a mais do que arrecadou, o que Dilma fez para enganar a população sobre as contas oficiais, usando a maquiagem para calçar um discurso otimista divulgado em rede nacional durante a campanha eleitoral do segundo mandato. O Brasil já estava na UTI, mas ela sorria e dizia que tudo era intriga da oposição. Não era, claro, e os atos que a levaram a contar essa enorme mentira lhe custaram o mandato, como manda a lei.

Em outra parte da entrevista, Dilma se dedica a uma atividade que já se tornou uma compulsão: fazer de Eduardo Cunha não só o grande artífice do impeachment, como o comandante geral das forças políticas brasileiras, pairando acima do Congresso, do STF e, claro, do presidente Michel Temer. A obsessão é tamanha que Dilma chega a afirmar que Temer terá de se ajoelhar perante Cunha, o que valeu, corretamente, a manchete do jornal, já que uma asneira tão grande merece destaque realmente. E serve também para avaliar o grau de avaria a que o conturbado cérebro da ex-terrorista chegou.

Outras mentiras foram ou estão sendo desmentidas pelos fatos e por personagens que estão no noticiário político atual. Diz Dilma que nunca se encontrou com Marcelo Odebrecht no Alvorada, tentado desmentir o próprio meliante preso que relatou encontros no palácio com ela. Em vão: Josias de Souza, em seu blog, mostra a agenda da presidente com o encontro entre ela e o corrupto empresário.

Por fim, tentando justificar o caos que criou no país, cita um prêmio Nobel que parece conhecer pouco do Brasil, que afirmou que a crise econômica era inevitável, mas que a crise política não era pra acontecer. Hoje está mais que provado que o governo Dilma criou as duas, falhando totalmente na condução da economia – e não foi por falta de aviso – e criando tantos embaraços na política que conseguiu, apesar da folgada margem que detinha na Câmara, perder a eleição para a mesa diretora e fazendo de Eduardo Cunha seu  inimigo, quando ele estava pronto para todo e qualquer acordo que significasse a manutenção de seu status de presidente eleito da Câmara e de beneficiário de polpudo esquema de corrupção que nutria há vários anos,  patrocinado, como Dilma deve estar careca de saber, pelo esquema maior implantado por seu partido para dilapidar o erário em benefício próprio e para a manutenção do poder.

Uma das gravações desse traíra chamado Sérgio Machado (sua delação pode ser boa pra o Brasil e é, mas ele está traindo descaradamente aqueles que o mantiveram no poder esses anos todos) revela José Sarney dizendo que Lula lhe confessou que apoiar Dilma para que ela se reelegesse presidente foi  seu maior erro. Como se vê, o erro foi de tamanha proporção que fez mal, de um lado a Lula e ao PT, e de outro, ao Brasil inteiro. Nem Napoleão em Waterloo ou Hitler ao invadir a Rússia erraram tanto. 

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Não há que ter complacência

Dois episódios ocorridos nesta segunda-feira demonstram que quando se trata de disputar com uma esquerda como a petista não se pode ter complacência em momento algum.

No primeiro episódio, alardeado com a manchete da Folha de S. Paulo com a reportagem sobre a gravação de conversas entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, a reação dos petistas foi imediata: o ex-cara-pintada e atual cara-de-pau, senador Lindbergh Farias, saiu aos berros dizendo que amanhã vai tentar parar a Comissão de Impeachment do Senado, afirmando que ela não pode continuar seus trabalhos enquanto esse fato não for esclarecido.

 A licença pedida por Romero Jucá do cargo de ministro, ao fim da tarde, deve conter os ânimos desse imbecil, que não faz outra coisa na vida a não ser pensar num modo de salvar Dilma do inevitável impeachment no Senado. E não por ideologia: ele é investigado na Lava Jato por recebimento de propina para si próprio e para sua campanha. Talvez pense que, conseguindo barrar o impeachment – ou mesmo protelá-lo para além dos 180 dias – conseguirá se livrar da investigação. Ledo engano, mas ele já deu mostras de ter um raciocínio meio retardado, ao defender a tese de golpe, mesmo o STF afirmando o contrário, e expondo-se ao ridículo. Mas o episódio demonstra que os petistas não baixam a guarda em momento algum.

O outro fato ocorrido hoje foi um protesto de meia-dúzia de desocupados que se manifestaram em Buenos Aires contra o ministro do Exterior, José Serra. O fato de existir gente em Buenos Aires disposta a protestar em plena segunda-feira, é sinal que eles têm todo o tempo do mundo para tentar recuperar suas boquinhas. E apoio material também, pois exibiram cartazes e faixas que devem ter sido confeccionados no fim de semana. Ou seja: há dinheiro e tempo pra tudo, resultado dos anos de desgoverno aqui e lá; da sangria feita pelo PT no Brasil e pelos Kirchner na Argentina.

Mas esses dois fatos demonstram, principalmente, que não podemos baixar a guarda jamais. Os protestos contra a ausência de mulheres no ministério de Temer (uma imbecilidade que revela que os petistas não se importam em demonstrar ignorância para tentar atingir os inimigos) e a transformação do Ministério da Cultura em Secretaria (que levou artistas ao ridículo em cenário internacional) são mais que provas que o PT tentará por todos os meios transformar o governo Temer num inferno diário, não dando um segundo de trégua contra aquele que eles jamais perdoarão por aceitar substituir a inacreditável Dilma Rousseff no decorrer de um processo legal de impeachment.

Sim, eles não vão desistir, mesmo que o Senado, como se espera, afaste definitivamente o PT do poder federal. Embora o partido esteja se desmantelando, sobrará gente barulhenta e muito dinheiro para promover ações diárias que tentem dificultar o processo de normalidade administrativa e política do país.

Assim, cabe a nós, que lutamos pela queda do PT, pelo fim de um ovo de serpente que vinha sendo chocado no Brasil, pelo fim da corrupção como modo de governo, pelo fim da incompetência no poder, pelo fim dessa enorme ignorância que tomou conta da vida nacional, temos que continuar atentos e atuantes.

As redes sociais hoje representam importante papel na construção da opinião pública. É delas e de alguma imprensa – Estadão, Veja (ainda), Isto É, Rádio Jovem Pan, CBN, Época e alguns outros – que devemos denunciar e opinar. A construção da cidadania baseada em valores éticos e morais, tendo a honestidade como fio condutor, passa pelo enfrentamento diário à esquerda em geral e ao PT. Nós não podemos ser condescendentes com essa gente. 

domingo, 22 de maio de 2016

Prefeitura de Campinas está pedalando para pagar contas

Há cerca de três anos, mais ou menos, não havia economista ou jornalista de economia sério no Brasil que não mostrasse, com fatos e números, que as contas do Brasil estavam caminhando para o caos. As pedaladas ainda nem tinham ganhado tanta notoriedade, mas muita gente já olhava para os balanços maquiados de Guido Mantega e Dilma Rousseff com um olhar altamente desconfiado.

Ora, se gente séria estava dizendo que a coisa estava muito pior do que proclamava a propaganda oficial e os discursos robotizados da presidente, natural seria que todo bom administrador se preparasse para os tempos de vacas magras que estavam por vir.

Agora, um prefeito de uma cidade de mais de um milhão de habitantes, que já foi deputado estadual e federal, que tem secretários de Finanças, de Planejamento e economistas à disposição não podia ter entrado de gaiato no conto do vigário petista. Ele tinha que, ao menos, ter iniciado, pouco antes de 2014, um plano de contingência que não penalizasse o cidadão com o travamento de pagamentos de serviços essenciais à cidade.

Mas o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB) prefere divulgar hoje que a cidade vive um ciclo de dois anos de perdas de arrecadação e que vai fechar 2016 com 500 milhões de reais a menos do que o previsto. Por isso, vai enviar à Câmara m orçamento para 2017 que prevê 230 milhões de reais de déficit.

Mas o pior vem agora. A Prefeitura de Campinas está pagando as contas com uma espécie de pedalada. Segundo o secretário de Administração, Sílvio Bernardin, os bancos onde a Prefeitura tem contas estão pagando as dívidas com os maiores fornecedores, dívidas essas que serão depois cobradas da Prefeitura. Claro que com os devidos juros. Ou seja, o prefeito de Campinas, usando de um artifício bancário, está endividando ainda mais uma cidade que já está sendo considerada quebrada e que, no ano que vem, terá um enorme déficit de mais de duas centenas de milhões de reais.

Desde 2014, quando o Brasil real invadiu o paraíso criado na propaganda petista e todo mundo percebeu que a economia estava em cangalhos vítima de uma política destruidora levada a cabo pelo governo Dilma, o prefeito de Campinas deveria ter começado a fazer os cortes que seu secretário de Finanças diz estar fazendo hoje.

Mas a maquina pública de Campinas só fez inchar com mais assessores, as empresas públicas mais se endividaram, projetos que nada acrescentam à cidade – como uma nova zona azul para estacionamento a ser explorada por uma empresa privada – continuaram consumindo tempo e dinheiro da Prefeitura. O projeto do teatro de ópera, um desperdício de 80 e tantos milhões de reais do governo estadual e que vai custar muito caro aos cofres municipais também continua em pé. Ou seja, a situação de penúria nos cofres públicos só atinge postos de saúde, escolas, segurança, creches, coleta de lixo, transportes públicos e passa ao largo de projetos grandiosos que renderão boas imagens na propaganda política para a tentativa de reeleição do burgomestre. E a folha de pagamento, que consome mais de 50% de todo o orçamento, não diminui de jeito nenhum.

Assim Campinas caminha para o caos. Espero, sinceramente, que as urnas de outubro respondam adequadamente a essa enorme irresponsabilidade para com a cidade e seu povo.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

A grande mentira petista


Como escreveu o jornalista Josias de Souza, “o PT presume que o Brasil é uma nação de tolos”. Ele disse isso baseado na “resolução sobre a conjuntura” que o Diretório Nacional do partido produziu ontem. 

Esses documentos geralmente são para consumo interno do partido, são eivados de erros grosseiros de avaliação da realidade e todo ele escrito a partir de princípios ideológicos de esquerda que não encontram amparo em nenhuma nação desenvolvida do mundo. Até na China esses conceitos já foram deixados de lado há um bom tempo. E até em ditaduras que têm de vagabundas o que têm de violentas e opressivas, como Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, são conceitos ultrapassados, pois enxergam sempre o capitalismo em crise sucumbindo à inexorável marcha do socialismo...

Só que a resolução produzida ontem pelo PT traz mais bobagens que costumeiramente costuma trazer, já que o partido deixou o poder, como sabemos, e vive uma espécie de princípio do fim, execrado pela população, corroído pela corrupção e abatido pela incompetência.

A bobagem maior, como disse Josias, é que se depreende do texto que somos todos tolos. E por dois motivos: primeiro por não perceber – e apoiar – o magnífico governo petista; segundo, porque a análise da realidade atual do Brasil é tão absurda que somente os tolos poderiam acreditar nela. Creio que nem mesmo os autores do texto acreditam no que escreveram, pois só cabeças completamente deturpadas pela ideologia opressiva da esquerda e completamente alheias aos fatos recentes da política brasileira poderiam produzir tantas asneiras sem, ao menos, soltar um risinho pelo deboche encetado.

Chamar o processo de impeachment de “golpe” é fato que domina o documento. Mesmo que até o STF rejeite a farsa, o PT insiste em classificar o processo assim, talvez na esperança de que os “tolos” um dia acreditem.

Como se sabe, o impeachment ganhou corpo a partir das mentiras de Dilma sobre a situação econômica do Brasil, do uso dessas mentiras para se reeleger, das pedaladas fiscais (que sustentaram as mentiras) e das mudanças no orçamento que exigiam aprovação do Congresso e ela as fez sem qualquer autorização.  Mas o PT tem a cara de pau de dizer que foi “uma ofensiva planificada, que culminou com a unificação de distintos centros de comando ao redor da conspiração golpista”. E acrescentam que “a maioria conservadora do Congresso Nacional fabricou pretexto casuístico para depor um governo legitimamente eleito...” se esquecendo que essa maioria conservadora, poucos meses antes, estava toda no bloco de apoio ao governo petista e que só mudou de lado quando viu que a encrenca era maior do que ela poderia suportar. Ou seja: a presidente foi eleita com base em mentiras e o país estava em situação financeira que beirava o caos.

O “planejamento” foi tal que o PT afirma que o governo Dilma “era obstáculo a ser removido de forma imediata e a qualquer custo, de tal sorte que um governo de transição pudesse dispor de tempo suficiente para aplicar o programa neoliberal antes que as urnas voltassem a se pronunciar”. Esse trecho, aliás, parece admitir como certo o impeachment a ser julgado pelo Senado. Talvez seja a única conclusão realista que o documento sugere.

Claro que o documento, em duas dez páginas, não reserva uma linha sequer para falar do Mensalão ou do Petrolão como práticas ilegais patrocinadas pelo partido. Mas mencionam a Lava Jato, não para elogiar a maior operação anticorrupção já realizada no Brasil e que tem apoio da grande maioria da população, mas para dizer que ela “desempenha papel crucial na escalada golpista”. Eles têm a coragem de dizer que ela se tornou “instrumento político para a guerra de desgaste contra dirigentes e governantes petistas, atuando de forma cada vez mais seletiva quanto a seus alvos, além de marcada por violações do Estado Democrático de Direito”.

Para tanta bobagem assinada pelo PT, só mesmo lembrando que, no mesmo dia em que o documento é produzido, o juiz Sérgio Moro assina sentença condenando o “guerreiro herói do povo brasileiro” José Dirceu a 23 anos de prisão e o ex-tesoureiro do partido, José Vaccari, a 8 anos.  No caso de Dirceu, um trecho da sentença diz tudo sobre esse facínora: “O mais perturbador, porém, em relação a José Dirceu, consiste no fato de que recebeu propina inclusive enquanto estava sendo julgado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal a Ação Penal 470 [Mensalão], havendo registro de recebimentos pelo menos até 13/11/2013. Nem o julgamento condenatório pela mais Alta Corte do País representou fator inibidor da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito".

É bem possível que os petistas digam que Moro esperou o documento do partido ser divulgado para publicar a sentença contra Dirceu...

Pode parecer incrível e altamente retrô, mas o documento chega a citar “a longa crise do capitalismo”, fala sobre uma “estratégia para desestabilizar as demais experiências progressistas na América Latina” e conclui o “raciocínio” afirmando que tudo isso “influirá sobre a evolução do bloco BRICS, cujo potencial... coloca em xeque a velha engenharia mundial das potências capitalistas”.

Sentiu um cheiro de papel carbono? Dos anos 1960, 1970, por aí? Pois é, o PT é velho e ultrapassado.

Na parte da autocrítica (sim ela existe!), o PT não deixa por menos. Depois de dizer que deveriam ter sido mais rigorosos à esquerda, voltam à velha história de reformas que não fizeram (embora, como se sabe, tivessem folgada maioria no Congresso para fazê-las). Diz o texto: “Logo ao assumirmos, relegamos tarefas fundamentais como a reforma política, a reforma tributária progressiva e a democratização dos meios de comunicação.” Essa última, foi quase um mantra petista ao longo de 13 anos. Como é costumeiro nas ditaduras de esquerda, o governo domina todo e qualquer meio de comunicação. O jornalismo só existe no modo “chapa branca”, ou seja, apenas veículos oficiais que só produzem notícias favoráveis ao governo. Todos os jornalistas – como de resto todo mundo numa ditadura de esquerda – são funcionários públicos. Era isso que o PT sonhava para o Brasil. Para implantar a ditadura, precisavam antes  dominar a “mídia”. Seria o começo das trevas.

Mas vejam só que meigo: ao invés de dizer que o PT saiu fazendo caixa 2 adoidado desde antes da eleição de Lula (o caso Celso Daniel, por exemplo, envolveu arrecadação ilegal de empresas de ônibus de Santo André para o partido, ocorrida entre 2000 e 2002), o documento assinala que “fomos contaminados pelo financiamento empresarial de campanhas, estrutura celular de como as classes dominantes se articulam com o Estado, formando suas próprias bancadas corporativas e controlando governos”. Parece piada, né? E pensar que pessoas que conhecem bem a língua portuguesa, o que pressupõe boa quantidade de leitura, tenham escrito algo assim é mais que lamentável.

O arremate dessa joia do pensamento contemporâneo é fantástico: “Apesar dos esforços constantes, nos últimos anos, para corrigir esses desvios, temos claro que suas sequelas debilitaram o PT e fragilizaram o conjunto da esquerda frente à escalada golpista”.

My God! O PT roubou desde o princípio e, quando chegou ao poder, não só continuou roubando como aumentou de tal forma o saque ilegal aos cofres públicos que conseguiu falir a maior estatal brasileira e uma das maiores do mundo, produzindo o maior escândalo de corrupção da história. E o partido tem a desfaçatez de escrever, num documento oficial, que fizeram esforços constantes nos últimos anos para corrigir esses desvios...

Eu poderia desconstruir linha por linha de todo o documento, mas acabaria produzindo um texto enorme, que apesar do constante humor surreal que ele exala, tornaria maçante a leitura. Para encerrar, registro aqui que o PT tenta contar uma história diferente e mentirosa da protagonizada por ele mesmo à frente dos destinos do Brasil. Trata-se de um partido farsante, pra dizer o mínimo. 

Creditam, ao final do documento, a crise brasileira à crise mundial (como sempre) e afirmam que foi feito um ajuste fiscal que “foi destrutivo sobre a base social petista”. Mentira! Não houve ajuste fiscal algum, os próprios parlamentares petistas impediram votações nesse sentido que seriam propostas por Joaquim Levy.

Enfim, trata-se de um papel que não serve nem pra embrulhar peixe. O PT, mais uma vez, tenta engambelar o Brasil, com suas análises equivocadas da realidade, com mentiras grosseiras e sugerindo uma forma de governo que não deu certo em lugar nenhum do mundo.

O documento, me parece, marca, principalmente, o melancólico fim de um partido que carregou as esperanças da maioria do povo brasileiro, mas se perdeu ao tentar impor uma ideologia fracassada, ao implantar a corrupção como meio administrativo e ao relegar a um plano inferior a capacidade do povo e das instituições brasileiras de perceberem o grande engodo que o partido produziu para se eternizar no poder.  

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O fim de um tempo nefasto

O novo logotipo do novo governo: ordem e progresso sem a cor vermelha
Quando assumi a coluna Xeque Mate do Correio Popular, no inicio de 2001, FHC ainda governava o país. Campinas já tinha um governo petista comandado por Antonio da Costa Santos, cuja trajetória, infelizmente, jamais saberemos qual seria. Mas, ao ser convidado para a coluna, avisei o então chefe de redação, Mário Evangelista, que meu estilo era outro, eu não era petista como o colunista que substituiria e costuma ter a mão mais pesada nas críticas. Ele me deu carta branca.

O governo FHC não ia tão bem quanto seu primeiro mandato. Alguns erros na política econômica, principalmente em relação ao câmbio, fizeram com que o desemprego insistisse em ficar elevado e a conjuntura mundial, desfavorável, impediu que o plano de exportações elaborado no fim do primeiro governo, tivesse o sucesso esperado a partir de 1999.

A ferrenha oposição do PT e o pragmatismo de Lula e Zé Dirceu começaram a surtir efeito. A falta de vocação do PSDB para bater nos adversários e mostrar o que tinha feito de bom para o país ajudaram Lula a crescer nas pesquisas. A tudo isso acrescente-se  o pífio  empenho de FHC em apoiar José Serra e o resultado foi a eleição de Lula, que assumiu em 2003.

Eu não acariciava na coluna nenhum governo petista. Se houvera alguma condescendência com Toninho – afinal ele era um cara civilizado, parecia honesto e podia ser considerado um petista light – depois do seus assassinato o governo de Campinas caiu nas mãos do que havia de pior no PT: um grupelho dissidente comandando pelo então deputado estadual Renato Simões que indicou a vice a Toninho, uma subalterna do deputado que pouco entendi a de governo, de política ou de administração, Izalene Tiene. Seu governo – não foi seu, foi de Simões -, acabou se transformando num desastre que poucas vezes Campinas presenciou.

Mas, se o PT ia mal em Campinas, Lula começava a nadar de braçada no plano federal. Eu continuava criticando seu governo na coluna, percebendo que ali se criava um ovo de serpente. Lula, espertamente, manteve a política econômica liberal de FHC e deixou a esquerda tomar conta de outros setores do governo. Começou a financiar milhares de Ongs espalhadas pelo país cujo objetivo maior era apoiar o governo. Distribuiu farta verba para as centrais sindicais, para sindicatos e para a imprensa e, para conquistar apoio da maioria do Congresso, fez o que ninguém acreditava fosse o PT capaz: inaugurou um sistema de corrupção que simplesmente distribuía dinheiro roubado dos cofres públicos aos parlamentares.

O esquema foi descoberto e instaurou-se a primeira grande crise no governo petista: o Mensalão. A crise fez com que ele perdesse seu mais importante ministro, José Dirceu e mais alguns amigos de longa data. Lula, esperto, emendou uma formidável sequência de mentiras para se livrar de uma cassação: disse que foi traído, depois que nada sabia, depois que tudo não passou de caixa dois e, finalmente, disse que quando deixasse o governo iria provar que o Mensalão jamais existiu.

As mentiras e a covardia da oposição – principalmente do PSDB – livraram Lula de ter curta carreira como presidente. No mandato seguinte – a reeleição foi difícil, mas a máquina pública distribuindo dinheiro aos mais pobres do Norte e do Nordeste via Bolsa Família garantiu a vitória – a economia mundial começou a dar sinais de prosperidade e as commodities brasileiras alcançaram ótimos preços. Coma entrada de bilhões de dólares das exportações, o Brasil chegou a crescer 7% durante um ano e Lula atingiu o auge de sua popularidade, o que o fez arrotar “conselhos” para o mundo, expondo, muitas vezes, o Brasil ao ridículo de sua ignorância.

A política externa colecionou inimaginável fieira de derrotas, só sendo bem recebido em ditaduras africanas e sul-americanas, onde o Brasil, mais rico que todas eles, contribuía com milhões de dólares, fosse de perdões de dívidas ou de investimentos via BNDES, em tenebrosas transações com grandes empreiteiras brasileiras.

Já com domínio da máquina e com muito dinheiro para comprar votos, Lula fez a sucessora, a inexpressiva Dilma Rousseff, cuja fama dependia mais de boatos de ser grande gerente e dura na queda, que na realidade de sua performance. Performance, aliás, que se mostrou um desastre total, desde seu primeiro governo.

A crise mundial veio e sem a enxurrada de dólares das exportações, Lula já havia enfrentado enormes dificuldades nos dois últimos anos de seus governo, dificuldades disfarçadas por uma política de distribuição de dinheiro, via financiamentos a empresários escolhidos para dominarem setores ou via renúncia fiscal, para manter preços de veículos e eletrodomésticos no alcance da maioria da população.

Mas nem Lula, nem Dilma em seu primeiro mandato, prepararam o Brasil para enfrentar o segundo momento da crise mundial, aquele em que os países se reacomodam à nova realidade. Esse reacomodação fez com que os que compravam do Brasil passassem a procurar melhores preços e esses melhores preços estavam em países que, durante a crise – e mesmo antes dela – vinham melhorando suas condições de produção, criando infraestrutura para baratear preços e lhes dar poder de competição.

A China passou a comprar menos do Brasil e mais de outros países, o mesmo acontecendo com países europeus e com os Estados Unidos. A política externa brasileira que, por conta de uma ideologia atrasada, escolhia parceiros que nada podiam oferecer ao Brasil (Cuba, Venezuela, Bolívia, Argentina dos Kirchner, ditaduras africanas...), ficou no fim da fila do novo concerto mundial: nossas exportações caíram e não davam mais para sustentar um modelo econômico equivocado. O que se viu então, para tentar preservar o poder (que era o que mais interessava ao PT), foi uma inacreditável maquiagem das contas públicas, para dar a impressão ao país que tudo estava bem, que no Brasil não havia crise, só uma “marolinha” que em nada afetaria o cidadão.

A campanha para a segunda eleição de Dilma foi toda baseada nessa grande mentira. Às mentiras ditas em rede nacional se juntaram os fatos: a presidente havia cometidos graves crimes na contabilidade oficial, crimes esses que a levariam a ser impedida de continuar governando. Um processo de impeachment acabou sendo aprovado por larga maioria na Câmara e no Senado.

Assim, termina a era PT no Brasil. Eu deixei a coluna do Correio em 2007, sem abrir mão das minhas convicções liberais e democráticas. Por não aceitar suborno do governo municipal – de Hélio de Oliveira Santos, que era do PDT, mas aliadíssimo a Lula, que o ajudou a se eleger na primeira eleição e depois jogou algumas centenas de milhões de reais na cidade – acabei perdendo o emprego. Mas mantive a esperança de ver um dia o PT escorraçado do poder, fosse pela via dos voto ou da Justiça.

Seus crimes todos estavam mais que estampados na crônica política do Brasil. Crimes esses que começaram a ser revelados de forma explícita pela Operação Lava Jato que mostrou ao Brasil que o PT comprava parlamentares e enriquecia seus dirigentes e aliados com o dinheiro que roubava da Petrobras. Tanto roubaram que a maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo, hoje está praticamente falida, vendendo ativos para sobreviver e devendo na praça quase meio trilhão de reais.

A cassação do mandato de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade, que deverá ocorrer ainda neste ano, fecha o ciclo de um partido que nasceu como uma esperança e terminou como uma desgraça para o Brasil.

Está certo que a maioria do povo brasileiro que nele acreditou tinha lá suas razões. Lula sabe discursar para o povão, foi esperto para mentir e se segurar no poder, foi inteligente para manter uma publicidade enganosa durante quase todos esses 13 anos e aproveitou para firmar uma imagem positiva quando a economia mundial favoreceu o Brasil.

Mas a Justiça – via esse bravo juiz Sérgio Moro, talvez o personagem mais importante do Brasil hoje – acabou por desnudar o PT e tirar a máscara de Lula e sua quadrilha.

Hoje o Brasil começa a respirar novos ares, que ainda estarão bastante poluídos pelos venenosos gases petistas, mas que, com o tempo tendem a se dissipar na atmosfera mais leve e mais séria que se pretende e se espera do governo de Michel Temer.

Seu ministério tem mais acertos que erros e ele assume carregando – mais que Collor e mais que Lula – uma enorme esperança de todos os brasileiro de bem. Se errar, a história e os brasileiros que foram às ruas para exigir a saída do PT do poder, não o perdoarão. 

terça-feira, 10 de maio de 2016

Bastidores da insanidade

Além das piadas todas que estão sendo produzidas tendo como tema o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (MA), por ele ter tentado anular o processo de impeachment cometendo uma patuscada jurídica de fazer corar até um vestibulando de Direito, circulam também pelo menos três versões sobre os bastidores que antecederam a assinatura da malfadada medida.

A primeira que li é que ele teria sido convencido pelo advogado geral da União, José Eduardo Cardozo que lhe garantiu que Renan Calheiros (PMDB) acataria a medida. Com isso, o processo de impeachment seria anulado e teria de começar de novo, dando enorme tempo para que Lula comprasse mais algumas dezenas de deputados, suficientes para salvar o mandato de Dilma.

A segunda também inclui Cardozo, mas tem um cenário mais amplo. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) teria iniciado o processo de convencimento ainda no estado, em conversas com o conterrâneo. Em seguida, o governo federal teria mandado um jatinho da FAB buscar o presidente da Câmara em São Luís, que voltou para Brasília acompanhado do governador. Durante a viagem, mais promessas de guloseimas depois de assinatura do ato. E já em Brasília, uma reunião com Cardozo, regada a várias garrafas de Velho Barreiro (pode ter sido também uísque 12 anos...) e à lábia do advogado de Dilma teriam definido a situação: Waldir Maranhão saiu dali convencido que iria entrar para a história e teria apoio do “povo” e a gratidão eterna da presidente...

E há uma terceira versão, a de que ele teria sido convencido por Lula que lhe garantira apoio para uma candidatura a senador. Das três, essa é a mais fraquinha, mas pode ter lá seu fundo de verdade, afinal, prometer é uma das coisas que Lula mais fez na vida.

Seja qual for o motivo verdadeiro que levou Maranhão a assinar a estrovenga, há uma só conclusão possível: ele nunca esteve preparado para ser sequer vereador em São Luís. Entrou na política par “se dar bem”, como muitos outros políticos que esse Brasil elege. Uma nota no site O Antagonista mostra um outro lado da figura: ele tem uma dívida de campanha de R$ 1,3 milhão com uma gráfica, não pagou e está sendo processado, correndo o risco de perder a própria casa.

Enfim, o Brasil poderia ter passado sem essa, não fosse a ignorância e a ganância de muitos homens públicos que elegemos e a desejo incontido do PT de se manter no poder.

Tudo indica que o PT está disposto a criar, nesse ocaso do poder em que vive, um clima de beligerância para que, acirrados os ânimos e o pau quebrando, ele possa posar, derrotado que será, como vítima de uma maioria política momentânea “movida por interesses escusos”.

É apenas mais um truque de um partido que teve tudo nas mãos para transformar o Brasil num país de primeiro mundo, mas que, agarrado às benesses do poder, preferiu o pior caminho: se manter no poder a qualquer custo, realizando o governo mais corrupto da história do país, quiçá do mundo.

Por isso, mesmo que antes de terminar esta semana Dilma desça a rampa do Palácio do Planalto, acompanha de um vergonhoso séquito, o PT, depois de 13 anos no poder, terá sido obrigado a sair pelas portas do fundo, escorraçado pela jovem democracia brasileira que ele, apesar de tentar, não conseguiu extinguir.