domingo, 29 de maio de 2016

Dilma, a mentirosa profissional

Ainda vivendo das benesses que nossos impostos pagam, a presidente afastada, Dilma Rousseff, tenta salvar sua biografia e luta para voltar ao poder. Entre as atividades que realiza para alcançar seus objetivos ganhou destaque a presença dela numa reunião de blogueiros chapa branca em Minas (encontro que nossos bolsos estariam bancando via Caixa Econômica Federal não fosse a interrupção do “granoduto”  feita pelo governo Temer) e uma entrevista a uma jornalista aderida, Monica Bergamo, que rendeu manchete na Folha de São Paulo deste domingo.

A primeira atividade resultou num documento que pretende ser uma “carta à sociedade” e que a sociedade, em sua grande maioria, deve ignorar. Outra parte da sociedade vai conhecer um pouco do seu conteúdo através do jornal O Estado de S. Paulo que, sobre ela, fez a seguinte consideração:  “...a carta, escrita em português precário – meio parecido com o que a presidente afastada fala, o que mostra que fez escola –, raciocínio tortuoso, viés ideológico e aversão à verdade, é mais do que um besteirol. Retrata de modo inequívoco o nível de indigência intelectual e moral dos integrantes da máquina de difamação que, sustentada por dinheiro público durante os 13 anos e meio do lulopetismo, se especializou em contar mentiras, plantar boatos, caluniar adversários políticos do PT e agredir moralmente repórteres e colunistas dos grandes jornais, sempre sob o pretexto de defender a “democratização da comunicação”.

Na segunda atividade, a presidente afastada se realiza fazendo aquilo que ela mais tem feito nos últimos anos (3 anos? 4 anos? 13 anos?) ou seja, mentir, tentando construir uma realidade que não encontra paralelo nos fatos e nas leituras do que ocorre na política brasileira.

Na entrevista à jornalista – que tem se notabilizado por escrever notas em sua coluna sempre favoráveis ao ex- governo petista e contrárias aos seus opositores – Dilma defende a retardada tese do golpe contra seu mandato (um golpe sui generis, pois todas as instituições estão funcionando, as forças armadas estão aquarteladas, o Congresso Nacional – câmaras alta e baixa – funcionando normalmente e a economia do país só não pode ser considerada normal, porque os 13 anos do PT no poder estraçalharam toda e qualquer possibilidade de retorno a índices positivos no curto prazo), mantendo o mesmo discurso feito por seus defensores no processo de impeachment, de que ela não cometeu crime algum.

Talvez Dilma pense que ninguém acredita no extenso relatório do TCU mostrando suas mazelas com o dinheiro público e na peça acusatória assinada por três ilustres juristas que mostram cabalmente o que Dilma fez para tornar o governo totalmente deficitário, o que Dilma gastou a mais do que arrecadou, o que Dilma fez para enganar a população sobre as contas oficiais, usando a maquiagem para calçar um discurso otimista divulgado em rede nacional durante a campanha eleitoral do segundo mandato. O Brasil já estava na UTI, mas ela sorria e dizia que tudo era intriga da oposição. Não era, claro, e os atos que a levaram a contar essa enorme mentira lhe custaram o mandato, como manda a lei.

Em outra parte da entrevista, Dilma se dedica a uma atividade que já se tornou uma compulsão: fazer de Eduardo Cunha não só o grande artífice do impeachment, como o comandante geral das forças políticas brasileiras, pairando acima do Congresso, do STF e, claro, do presidente Michel Temer. A obsessão é tamanha que Dilma chega a afirmar que Temer terá de se ajoelhar perante Cunha, o que valeu, corretamente, a manchete do jornal, já que uma asneira tão grande merece destaque realmente. E serve também para avaliar o grau de avaria a que o conturbado cérebro da ex-terrorista chegou.

Outras mentiras foram ou estão sendo desmentidas pelos fatos e por personagens que estão no noticiário político atual. Diz Dilma que nunca se encontrou com Marcelo Odebrecht no Alvorada, tentado desmentir o próprio meliante preso que relatou encontros no palácio com ela. Em vão: Josias de Souza, em seu blog, mostra a agenda da presidente com o encontro entre ela e o corrupto empresário.

Por fim, tentando justificar o caos que criou no país, cita um prêmio Nobel que parece conhecer pouco do Brasil, que afirmou que a crise econômica era inevitável, mas que a crise política não era pra acontecer. Hoje está mais que provado que o governo Dilma criou as duas, falhando totalmente na condução da economia – e não foi por falta de aviso – e criando tantos embaraços na política que conseguiu, apesar da folgada margem que detinha na Câmara, perder a eleição para a mesa diretora e fazendo de Eduardo Cunha seu  inimigo, quando ele estava pronto para todo e qualquer acordo que significasse a manutenção de seu status de presidente eleito da Câmara e de beneficiário de polpudo esquema de corrupção que nutria há vários anos,  patrocinado, como Dilma deve estar careca de saber, pelo esquema maior implantado por seu partido para dilapidar o erário em benefício próprio e para a manutenção do poder.

Uma das gravações desse traíra chamado Sérgio Machado (sua delação pode ser boa pra o Brasil e é, mas ele está traindo descaradamente aqueles que o mantiveram no poder esses anos todos) revela José Sarney dizendo que Lula lhe confessou que apoiar Dilma para que ela se reelegesse presidente foi  seu maior erro. Como se vê, o erro foi de tamanha proporção que fez mal, de um lado a Lula e ao PT, e de outro, ao Brasil inteiro. Nem Napoleão em Waterloo ou Hitler ao invadir a Rússia erraram tanto. 

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Não há que ter complacência

Dois episódios ocorridos nesta segunda-feira demonstram que quando se trata de disputar com uma esquerda como a petista não se pode ter complacência em momento algum.

No primeiro episódio, alardeado com a manchete da Folha de S. Paulo com a reportagem sobre a gravação de conversas entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, a reação dos petistas foi imediata: o ex-cara-pintada e atual cara-de-pau, senador Lindbergh Farias, saiu aos berros dizendo que amanhã vai tentar parar a Comissão de Impeachment do Senado, afirmando que ela não pode continuar seus trabalhos enquanto esse fato não for esclarecido.

 A licença pedida por Romero Jucá do cargo de ministro, ao fim da tarde, deve conter os ânimos desse imbecil, que não faz outra coisa na vida a não ser pensar num modo de salvar Dilma do inevitável impeachment no Senado. E não por ideologia: ele é investigado na Lava Jato por recebimento de propina para si próprio e para sua campanha. Talvez pense que, conseguindo barrar o impeachment – ou mesmo protelá-lo para além dos 180 dias – conseguirá se livrar da investigação. Ledo engano, mas ele já deu mostras de ter um raciocínio meio retardado, ao defender a tese de golpe, mesmo o STF afirmando o contrário, e expondo-se ao ridículo. Mas o episódio demonstra que os petistas não baixam a guarda em momento algum.

O outro fato ocorrido hoje foi um protesto de meia-dúzia de desocupados que se manifestaram em Buenos Aires contra o ministro do Exterior, José Serra. O fato de existir gente em Buenos Aires disposta a protestar em plena segunda-feira, é sinal que eles têm todo o tempo do mundo para tentar recuperar suas boquinhas. E apoio material também, pois exibiram cartazes e faixas que devem ter sido confeccionados no fim de semana. Ou seja: há dinheiro e tempo pra tudo, resultado dos anos de desgoverno aqui e lá; da sangria feita pelo PT no Brasil e pelos Kirchner na Argentina.

Mas esses dois fatos demonstram, principalmente, que não podemos baixar a guarda jamais. Os protestos contra a ausência de mulheres no ministério de Temer (uma imbecilidade que revela que os petistas não se importam em demonstrar ignorância para tentar atingir os inimigos) e a transformação do Ministério da Cultura em Secretaria (que levou artistas ao ridículo em cenário internacional) são mais que provas que o PT tentará por todos os meios transformar o governo Temer num inferno diário, não dando um segundo de trégua contra aquele que eles jamais perdoarão por aceitar substituir a inacreditável Dilma Rousseff no decorrer de um processo legal de impeachment.

Sim, eles não vão desistir, mesmo que o Senado, como se espera, afaste definitivamente o PT do poder federal. Embora o partido esteja se desmantelando, sobrará gente barulhenta e muito dinheiro para promover ações diárias que tentem dificultar o processo de normalidade administrativa e política do país.

Assim, cabe a nós, que lutamos pela queda do PT, pelo fim de um ovo de serpente que vinha sendo chocado no Brasil, pelo fim da corrupção como modo de governo, pelo fim da incompetência no poder, pelo fim dessa enorme ignorância que tomou conta da vida nacional, temos que continuar atentos e atuantes.

As redes sociais hoje representam importante papel na construção da opinião pública. É delas e de alguma imprensa – Estadão, Veja (ainda), Isto É, Rádio Jovem Pan, CBN, Época e alguns outros – que devemos denunciar e opinar. A construção da cidadania baseada em valores éticos e morais, tendo a honestidade como fio condutor, passa pelo enfrentamento diário à esquerda em geral e ao PT. Nós não podemos ser condescendentes com essa gente. 

domingo, 22 de maio de 2016

Prefeitura de Campinas está pedalando para pagar contas

Há cerca de três anos, mais ou menos, não havia economista ou jornalista de economia sério no Brasil que não mostrasse, com fatos e números, que as contas do Brasil estavam caminhando para o caos. As pedaladas ainda nem tinham ganhado tanta notoriedade, mas muita gente já olhava para os balanços maquiados de Guido Mantega e Dilma Rousseff com um olhar altamente desconfiado.

Ora, se gente séria estava dizendo que a coisa estava muito pior do que proclamava a propaganda oficial e os discursos robotizados da presidente, natural seria que todo bom administrador se preparasse para os tempos de vacas magras que estavam por vir.

Agora, um prefeito de uma cidade de mais de um milhão de habitantes, que já foi deputado estadual e federal, que tem secretários de Finanças, de Planejamento e economistas à disposição não podia ter entrado de gaiato no conto do vigário petista. Ele tinha que, ao menos, ter iniciado, pouco antes de 2014, um plano de contingência que não penalizasse o cidadão com o travamento de pagamentos de serviços essenciais à cidade.

Mas o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB) prefere divulgar hoje que a cidade vive um ciclo de dois anos de perdas de arrecadação e que vai fechar 2016 com 500 milhões de reais a menos do que o previsto. Por isso, vai enviar à Câmara m orçamento para 2017 que prevê 230 milhões de reais de déficit.

Mas o pior vem agora. A Prefeitura de Campinas está pagando as contas com uma espécie de pedalada. Segundo o secretário de Administração, Sílvio Bernardin, os bancos onde a Prefeitura tem contas estão pagando as dívidas com os maiores fornecedores, dívidas essas que serão depois cobradas da Prefeitura. Claro que com os devidos juros. Ou seja, o prefeito de Campinas, usando de um artifício bancário, está endividando ainda mais uma cidade que já está sendo considerada quebrada e que, no ano que vem, terá um enorme déficit de mais de duas centenas de milhões de reais.

Desde 2014, quando o Brasil real invadiu o paraíso criado na propaganda petista e todo mundo percebeu que a economia estava em cangalhos vítima de uma política destruidora levada a cabo pelo governo Dilma, o prefeito de Campinas deveria ter começado a fazer os cortes que seu secretário de Finanças diz estar fazendo hoje.

Mas a maquina pública de Campinas só fez inchar com mais assessores, as empresas públicas mais se endividaram, projetos que nada acrescentam à cidade – como uma nova zona azul para estacionamento a ser explorada por uma empresa privada – continuaram consumindo tempo e dinheiro da Prefeitura. O projeto do teatro de ópera, um desperdício de 80 e tantos milhões de reais do governo estadual e que vai custar muito caro aos cofres municipais também continua em pé. Ou seja, a situação de penúria nos cofres públicos só atinge postos de saúde, escolas, segurança, creches, coleta de lixo, transportes públicos e passa ao largo de projetos grandiosos que renderão boas imagens na propaganda política para a tentativa de reeleição do burgomestre. E a folha de pagamento, que consome mais de 50% de todo o orçamento, não diminui de jeito nenhum.

Assim Campinas caminha para o caos. Espero, sinceramente, que as urnas de outubro respondam adequadamente a essa enorme irresponsabilidade para com a cidade e seu povo.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

A grande mentira petista


Como escreveu o jornalista Josias de Souza, “o PT presume que o Brasil é uma nação de tolos”. Ele disse isso baseado na “resolução sobre a conjuntura” que o Diretório Nacional do partido produziu ontem. 

Esses documentos geralmente são para consumo interno do partido, são eivados de erros grosseiros de avaliação da realidade e todo ele escrito a partir de princípios ideológicos de esquerda que não encontram amparo em nenhuma nação desenvolvida do mundo. Até na China esses conceitos já foram deixados de lado há um bom tempo. E até em ditaduras que têm de vagabundas o que têm de violentas e opressivas, como Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, são conceitos ultrapassados, pois enxergam sempre o capitalismo em crise sucumbindo à inexorável marcha do socialismo...

Só que a resolução produzida ontem pelo PT traz mais bobagens que costumeiramente costuma trazer, já que o partido deixou o poder, como sabemos, e vive uma espécie de princípio do fim, execrado pela população, corroído pela corrupção e abatido pela incompetência.

A bobagem maior, como disse Josias, é que se depreende do texto que somos todos tolos. E por dois motivos: primeiro por não perceber – e apoiar – o magnífico governo petista; segundo, porque a análise da realidade atual do Brasil é tão absurda que somente os tolos poderiam acreditar nela. Creio que nem mesmo os autores do texto acreditam no que escreveram, pois só cabeças completamente deturpadas pela ideologia opressiva da esquerda e completamente alheias aos fatos recentes da política brasileira poderiam produzir tantas asneiras sem, ao menos, soltar um risinho pelo deboche encetado.

Chamar o processo de impeachment de “golpe” é fato que domina o documento. Mesmo que até o STF rejeite a farsa, o PT insiste em classificar o processo assim, talvez na esperança de que os “tolos” um dia acreditem.

Como se sabe, o impeachment ganhou corpo a partir das mentiras de Dilma sobre a situação econômica do Brasil, do uso dessas mentiras para se reeleger, das pedaladas fiscais (que sustentaram as mentiras) e das mudanças no orçamento que exigiam aprovação do Congresso e ela as fez sem qualquer autorização.  Mas o PT tem a cara de pau de dizer que foi “uma ofensiva planificada, que culminou com a unificação de distintos centros de comando ao redor da conspiração golpista”. E acrescentam que “a maioria conservadora do Congresso Nacional fabricou pretexto casuístico para depor um governo legitimamente eleito...” se esquecendo que essa maioria conservadora, poucos meses antes, estava toda no bloco de apoio ao governo petista e que só mudou de lado quando viu que a encrenca era maior do que ela poderia suportar. Ou seja: a presidente foi eleita com base em mentiras e o país estava em situação financeira que beirava o caos.

O “planejamento” foi tal que o PT afirma que o governo Dilma “era obstáculo a ser removido de forma imediata e a qualquer custo, de tal sorte que um governo de transição pudesse dispor de tempo suficiente para aplicar o programa neoliberal antes que as urnas voltassem a se pronunciar”. Esse trecho, aliás, parece admitir como certo o impeachment a ser julgado pelo Senado. Talvez seja a única conclusão realista que o documento sugere.

Claro que o documento, em duas dez páginas, não reserva uma linha sequer para falar do Mensalão ou do Petrolão como práticas ilegais patrocinadas pelo partido. Mas mencionam a Lava Jato, não para elogiar a maior operação anticorrupção já realizada no Brasil e que tem apoio da grande maioria da população, mas para dizer que ela “desempenha papel crucial na escalada golpista”. Eles têm a coragem de dizer que ela se tornou “instrumento político para a guerra de desgaste contra dirigentes e governantes petistas, atuando de forma cada vez mais seletiva quanto a seus alvos, além de marcada por violações do Estado Democrático de Direito”.

Para tanta bobagem assinada pelo PT, só mesmo lembrando que, no mesmo dia em que o documento é produzido, o juiz Sérgio Moro assina sentença condenando o “guerreiro herói do povo brasileiro” José Dirceu a 23 anos de prisão e o ex-tesoureiro do partido, José Vaccari, a 8 anos.  No caso de Dirceu, um trecho da sentença diz tudo sobre esse facínora: “O mais perturbador, porém, em relação a José Dirceu, consiste no fato de que recebeu propina inclusive enquanto estava sendo julgado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal a Ação Penal 470 [Mensalão], havendo registro de recebimentos pelo menos até 13/11/2013. Nem o julgamento condenatório pela mais Alta Corte do País representou fator inibidor da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito".

É bem possível que os petistas digam que Moro esperou o documento do partido ser divulgado para publicar a sentença contra Dirceu...

Pode parecer incrível e altamente retrô, mas o documento chega a citar “a longa crise do capitalismo”, fala sobre uma “estratégia para desestabilizar as demais experiências progressistas na América Latina” e conclui o “raciocínio” afirmando que tudo isso “influirá sobre a evolução do bloco BRICS, cujo potencial... coloca em xeque a velha engenharia mundial das potências capitalistas”.

Sentiu um cheiro de papel carbono? Dos anos 1960, 1970, por aí? Pois é, o PT é velho e ultrapassado.

Na parte da autocrítica (sim ela existe!), o PT não deixa por menos. Depois de dizer que deveriam ter sido mais rigorosos à esquerda, voltam à velha história de reformas que não fizeram (embora, como se sabe, tivessem folgada maioria no Congresso para fazê-las). Diz o texto: “Logo ao assumirmos, relegamos tarefas fundamentais como a reforma política, a reforma tributária progressiva e a democratização dos meios de comunicação.” Essa última, foi quase um mantra petista ao longo de 13 anos. Como é costumeiro nas ditaduras de esquerda, o governo domina todo e qualquer meio de comunicação. O jornalismo só existe no modo “chapa branca”, ou seja, apenas veículos oficiais que só produzem notícias favoráveis ao governo. Todos os jornalistas – como de resto todo mundo numa ditadura de esquerda – são funcionários públicos. Era isso que o PT sonhava para o Brasil. Para implantar a ditadura, precisavam antes  dominar a “mídia”. Seria o começo das trevas.

Mas vejam só que meigo: ao invés de dizer que o PT saiu fazendo caixa 2 adoidado desde antes da eleição de Lula (o caso Celso Daniel, por exemplo, envolveu arrecadação ilegal de empresas de ônibus de Santo André para o partido, ocorrida entre 2000 e 2002), o documento assinala que “fomos contaminados pelo financiamento empresarial de campanhas, estrutura celular de como as classes dominantes se articulam com o Estado, formando suas próprias bancadas corporativas e controlando governos”. Parece piada, né? E pensar que pessoas que conhecem bem a língua portuguesa, o que pressupõe boa quantidade de leitura, tenham escrito algo assim é mais que lamentável.

O arremate dessa joia do pensamento contemporâneo é fantástico: “Apesar dos esforços constantes, nos últimos anos, para corrigir esses desvios, temos claro que suas sequelas debilitaram o PT e fragilizaram o conjunto da esquerda frente à escalada golpista”.

My God! O PT roubou desde o princípio e, quando chegou ao poder, não só continuou roubando como aumentou de tal forma o saque ilegal aos cofres públicos que conseguiu falir a maior estatal brasileira e uma das maiores do mundo, produzindo o maior escândalo de corrupção da história. E o partido tem a desfaçatez de escrever, num documento oficial, que fizeram esforços constantes nos últimos anos para corrigir esses desvios...

Eu poderia desconstruir linha por linha de todo o documento, mas acabaria produzindo um texto enorme, que apesar do constante humor surreal que ele exala, tornaria maçante a leitura. Para encerrar, registro aqui que o PT tenta contar uma história diferente e mentirosa da protagonizada por ele mesmo à frente dos destinos do Brasil. Trata-se de um partido farsante, pra dizer o mínimo. 

Creditam, ao final do documento, a crise brasileira à crise mundial (como sempre) e afirmam que foi feito um ajuste fiscal que “foi destrutivo sobre a base social petista”. Mentira! Não houve ajuste fiscal algum, os próprios parlamentares petistas impediram votações nesse sentido que seriam propostas por Joaquim Levy.

Enfim, trata-se de um papel que não serve nem pra embrulhar peixe. O PT, mais uma vez, tenta engambelar o Brasil, com suas análises equivocadas da realidade, com mentiras grosseiras e sugerindo uma forma de governo que não deu certo em lugar nenhum do mundo.

O documento, me parece, marca, principalmente, o melancólico fim de um partido que carregou as esperanças da maioria do povo brasileiro, mas se perdeu ao tentar impor uma ideologia fracassada, ao implantar a corrupção como meio administrativo e ao relegar a um plano inferior a capacidade do povo e das instituições brasileiras de perceberem o grande engodo que o partido produziu para se eternizar no poder.  

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O fim de um tempo nefasto

O novo logotipo do novo governo: ordem e progresso sem a cor vermelha
Quando assumi a coluna Xeque Mate do Correio Popular, no inicio de 2001, FHC ainda governava o país. Campinas já tinha um governo petista comandado por Antonio da Costa Santos, cuja trajetória, infelizmente, jamais saberemos qual seria. Mas, ao ser convidado para a coluna, avisei o então chefe de redação, Mário Evangelista, que meu estilo era outro, eu não era petista como o colunista que substituiria e costuma ter a mão mais pesada nas críticas. Ele me deu carta branca.

O governo FHC não ia tão bem quanto seu primeiro mandato. Alguns erros na política econômica, principalmente em relação ao câmbio, fizeram com que o desemprego insistisse em ficar elevado e a conjuntura mundial, desfavorável, impediu que o plano de exportações elaborado no fim do primeiro governo, tivesse o sucesso esperado a partir de 1999.

A ferrenha oposição do PT e o pragmatismo de Lula e Zé Dirceu começaram a surtir efeito. A falta de vocação do PSDB para bater nos adversários e mostrar o que tinha feito de bom para o país ajudaram Lula a crescer nas pesquisas. A tudo isso acrescente-se  o pífio  empenho de FHC em apoiar José Serra e o resultado foi a eleição de Lula, que assumiu em 2003.

Eu não acariciava na coluna nenhum governo petista. Se houvera alguma condescendência com Toninho – afinal ele era um cara civilizado, parecia honesto e podia ser considerado um petista light – depois do seus assassinato o governo de Campinas caiu nas mãos do que havia de pior no PT: um grupelho dissidente comandando pelo então deputado estadual Renato Simões que indicou a vice a Toninho, uma subalterna do deputado que pouco entendi a de governo, de política ou de administração, Izalene Tiene. Seu governo – não foi seu, foi de Simões -, acabou se transformando num desastre que poucas vezes Campinas presenciou.

Mas, se o PT ia mal em Campinas, Lula começava a nadar de braçada no plano federal. Eu continuava criticando seu governo na coluna, percebendo que ali se criava um ovo de serpente. Lula, espertamente, manteve a política econômica liberal de FHC e deixou a esquerda tomar conta de outros setores do governo. Começou a financiar milhares de Ongs espalhadas pelo país cujo objetivo maior era apoiar o governo. Distribuiu farta verba para as centrais sindicais, para sindicatos e para a imprensa e, para conquistar apoio da maioria do Congresso, fez o que ninguém acreditava fosse o PT capaz: inaugurou um sistema de corrupção que simplesmente distribuía dinheiro roubado dos cofres públicos aos parlamentares.

O esquema foi descoberto e instaurou-se a primeira grande crise no governo petista: o Mensalão. A crise fez com que ele perdesse seu mais importante ministro, José Dirceu e mais alguns amigos de longa data. Lula, esperto, emendou uma formidável sequência de mentiras para se livrar de uma cassação: disse que foi traído, depois que nada sabia, depois que tudo não passou de caixa dois e, finalmente, disse que quando deixasse o governo iria provar que o Mensalão jamais existiu.

As mentiras e a covardia da oposição – principalmente do PSDB – livraram Lula de ter curta carreira como presidente. No mandato seguinte – a reeleição foi difícil, mas a máquina pública distribuindo dinheiro aos mais pobres do Norte e do Nordeste via Bolsa Família garantiu a vitória – a economia mundial começou a dar sinais de prosperidade e as commodities brasileiras alcançaram ótimos preços. Coma entrada de bilhões de dólares das exportações, o Brasil chegou a crescer 7% durante um ano e Lula atingiu o auge de sua popularidade, o que o fez arrotar “conselhos” para o mundo, expondo, muitas vezes, o Brasil ao ridículo de sua ignorância.

A política externa colecionou inimaginável fieira de derrotas, só sendo bem recebido em ditaduras africanas e sul-americanas, onde o Brasil, mais rico que todas eles, contribuía com milhões de dólares, fosse de perdões de dívidas ou de investimentos via BNDES, em tenebrosas transações com grandes empreiteiras brasileiras.

Já com domínio da máquina e com muito dinheiro para comprar votos, Lula fez a sucessora, a inexpressiva Dilma Rousseff, cuja fama dependia mais de boatos de ser grande gerente e dura na queda, que na realidade de sua performance. Performance, aliás, que se mostrou um desastre total, desde seu primeiro governo.

A crise mundial veio e sem a enxurrada de dólares das exportações, Lula já havia enfrentado enormes dificuldades nos dois últimos anos de seus governo, dificuldades disfarçadas por uma política de distribuição de dinheiro, via financiamentos a empresários escolhidos para dominarem setores ou via renúncia fiscal, para manter preços de veículos e eletrodomésticos no alcance da maioria da população.

Mas nem Lula, nem Dilma em seu primeiro mandato, prepararam o Brasil para enfrentar o segundo momento da crise mundial, aquele em que os países se reacomodam à nova realidade. Esse reacomodação fez com que os que compravam do Brasil passassem a procurar melhores preços e esses melhores preços estavam em países que, durante a crise – e mesmo antes dela – vinham melhorando suas condições de produção, criando infraestrutura para baratear preços e lhes dar poder de competição.

A China passou a comprar menos do Brasil e mais de outros países, o mesmo acontecendo com países europeus e com os Estados Unidos. A política externa brasileira que, por conta de uma ideologia atrasada, escolhia parceiros que nada podiam oferecer ao Brasil (Cuba, Venezuela, Bolívia, Argentina dos Kirchner, ditaduras africanas...), ficou no fim da fila do novo concerto mundial: nossas exportações caíram e não davam mais para sustentar um modelo econômico equivocado. O que se viu então, para tentar preservar o poder (que era o que mais interessava ao PT), foi uma inacreditável maquiagem das contas públicas, para dar a impressão ao país que tudo estava bem, que no Brasil não havia crise, só uma “marolinha” que em nada afetaria o cidadão.

A campanha para a segunda eleição de Dilma foi toda baseada nessa grande mentira. Às mentiras ditas em rede nacional se juntaram os fatos: a presidente havia cometidos graves crimes na contabilidade oficial, crimes esses que a levariam a ser impedida de continuar governando. Um processo de impeachment acabou sendo aprovado por larga maioria na Câmara e no Senado.

Assim, termina a era PT no Brasil. Eu deixei a coluna do Correio em 2007, sem abrir mão das minhas convicções liberais e democráticas. Por não aceitar suborno do governo municipal – de Hélio de Oliveira Santos, que era do PDT, mas aliadíssimo a Lula, que o ajudou a se eleger na primeira eleição e depois jogou algumas centenas de milhões de reais na cidade – acabei perdendo o emprego. Mas mantive a esperança de ver um dia o PT escorraçado do poder, fosse pela via dos voto ou da Justiça.

Seus crimes todos estavam mais que estampados na crônica política do Brasil. Crimes esses que começaram a ser revelados de forma explícita pela Operação Lava Jato que mostrou ao Brasil que o PT comprava parlamentares e enriquecia seus dirigentes e aliados com o dinheiro que roubava da Petrobras. Tanto roubaram que a maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo, hoje está praticamente falida, vendendo ativos para sobreviver e devendo na praça quase meio trilhão de reais.

A cassação do mandato de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade, que deverá ocorrer ainda neste ano, fecha o ciclo de um partido que nasceu como uma esperança e terminou como uma desgraça para o Brasil.

Está certo que a maioria do povo brasileiro que nele acreditou tinha lá suas razões. Lula sabe discursar para o povão, foi esperto para mentir e se segurar no poder, foi inteligente para manter uma publicidade enganosa durante quase todos esses 13 anos e aproveitou para firmar uma imagem positiva quando a economia mundial favoreceu o Brasil.

Mas a Justiça – via esse bravo juiz Sérgio Moro, talvez o personagem mais importante do Brasil hoje – acabou por desnudar o PT e tirar a máscara de Lula e sua quadrilha.

Hoje o Brasil começa a respirar novos ares, que ainda estarão bastante poluídos pelos venenosos gases petistas, mas que, com o tempo tendem a se dissipar na atmosfera mais leve e mais séria que se pretende e se espera do governo de Michel Temer.

Seu ministério tem mais acertos que erros e ele assume carregando – mais que Collor e mais que Lula – uma enorme esperança de todos os brasileiro de bem. Se errar, a história e os brasileiros que foram às ruas para exigir a saída do PT do poder, não o perdoarão. 

terça-feira, 10 de maio de 2016

Bastidores da insanidade

Além das piadas todas que estão sendo produzidas tendo como tema o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (MA), por ele ter tentado anular o processo de impeachment cometendo uma patuscada jurídica de fazer corar até um vestibulando de Direito, circulam também pelo menos três versões sobre os bastidores que antecederam a assinatura da malfadada medida.

A primeira que li é que ele teria sido convencido pelo advogado geral da União, José Eduardo Cardozo que lhe garantiu que Renan Calheiros (PMDB) acataria a medida. Com isso, o processo de impeachment seria anulado e teria de começar de novo, dando enorme tempo para que Lula comprasse mais algumas dezenas de deputados, suficientes para salvar o mandato de Dilma.

A segunda também inclui Cardozo, mas tem um cenário mais amplo. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) teria iniciado o processo de convencimento ainda no estado, em conversas com o conterrâneo. Em seguida, o governo federal teria mandado um jatinho da FAB buscar o presidente da Câmara em São Luís, que voltou para Brasília acompanhado do governador. Durante a viagem, mais promessas de guloseimas depois de assinatura do ato. E já em Brasília, uma reunião com Cardozo, regada a várias garrafas de Velho Barreiro (pode ter sido também uísque 12 anos...) e à lábia do advogado de Dilma teriam definido a situação: Waldir Maranhão saiu dali convencido que iria entrar para a história e teria apoio do “povo” e a gratidão eterna da presidente...

E há uma terceira versão, a de que ele teria sido convencido por Lula que lhe garantira apoio para uma candidatura a senador. Das três, essa é a mais fraquinha, mas pode ter lá seu fundo de verdade, afinal, prometer é uma das coisas que Lula mais fez na vida.

Seja qual for o motivo verdadeiro que levou Maranhão a assinar a estrovenga, há uma só conclusão possível: ele nunca esteve preparado para ser sequer vereador em São Luís. Entrou na política par “se dar bem”, como muitos outros políticos que esse Brasil elege. Uma nota no site O Antagonista mostra um outro lado da figura: ele tem uma dívida de campanha de R$ 1,3 milhão com uma gráfica, não pagou e está sendo processado, correndo o risco de perder a própria casa.

Enfim, o Brasil poderia ter passado sem essa, não fosse a ignorância e a ganância de muitos homens públicos que elegemos e a desejo incontido do PT de se manter no poder.

Tudo indica que o PT está disposto a criar, nesse ocaso do poder em que vive, um clima de beligerância para que, acirrados os ânimos e o pau quebrando, ele possa posar, derrotado que será, como vítima de uma maioria política momentânea “movida por interesses escusos”.

É apenas mais um truque de um partido que teve tudo nas mãos para transformar o Brasil num país de primeiro mundo, mas que, agarrado às benesses do poder, preferiu o pior caminho: se manter no poder a qualquer custo, realizando o governo mais corrupto da história do país, quiçá do mundo.

Por isso, mesmo que antes de terminar esta semana Dilma desça a rampa do Palácio do Planalto, acompanha de um vergonhoso séquito, o PT, depois de 13 anos no poder, terá sido obrigado a sair pelas portas do fundo, escorraçado pela jovem democracia brasileira que ele, apesar de tentar, não conseguiu extinguir. 

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Tentativa de golpe do PT cria o caos dentro do caos

A decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) é um bom exemplo das garras todas que a quadrilha petista espalhou pelo Brasil. Maranhão jamais teve qualquer destaque entre os deputados, é do baixo clero e investigado pela Lava Jato. Há provas materiais de suas relações com doleiros e recebimentos de propinas. Ou seja, é um exemplo do deputado que o PT criou e nutriu nos últimos 13 anos para manter sua maioria na Câmara: sem muita instrução, aberto a negócios não republicanos e disposto a fazer tudo o que seus corruptores mandarem. E cobrando pouco.

Eduardo Cunha também era assim, mas, provido de um pouco mais de inteligência, esperto e conhecedor dos caminhos e descaminhos do Congresso, se aproveitou para ficar rico e, com o dinheiro, comprar mais de uma centena de deputados. Com o poder adquirido, resolveu alçar voos mais altos e se candidatou à presidência da Câmara. E bastava o PT apoiá-lo (como, aliás, queria Lula) para talvez ainda estivéssemos apenas protestando nas ruas, sem nenhum resultado prático. 
O problema com Cunha foi que ele teve de enfrentar o PT que, teimoso, lançou candidato próprio (para a sorte da oposições, diga-se). A derrota do PT e a oposição que ele passou a fazer a Cunha criaram um inimigo numa posição estratégica e poderosa da política brasileira. E deu no que deu, já que Cunha, embora tenha um passado recente longe dos holofotes, é, repito, inteligente e esperto.

Já Maranhão é daquele tipo de deputado que só quer “se dar bem” e fazer um bom pé de meia, ter alguns milhões por aí e garantir uma boa vida. Guindado à presidência da Câmara pelos dedos do destino fez o que sempre quis fazer: vendeu caro seu poder a quem estava disposto a pagar talvez à vista e em dinheiro vivo, ou seja, o governo petista.

Sua decisão já é, de longe, a mais contestada decisão tomada n Brasil nos últimos séculos. Contra ela estão mais de dois terços dos deputados, mais de dois terços de senadores, mais de 70% da população brasileira, a OAB e até o fim do dia (estou escrevendo no início da tarde) um monte de instituições e movimentos que lutam pelo impeachment e pelo fim da corrupção.

Ao lado de Maranhão ficarão os de sempre: PT, PC do B, CUT, UNE e outras entidades que vivem a soldo do governo e que, apesar de toda grana que levam do governo, não conseguem, nem de longe, botar na rua o mesmo número de pessoas que a oposição coloca. Mas fazem barulho, já que a esquerda é pródiga em berrar tendo ou não razão. E berra mais quando não tem razão.

Os caminhos agora são o STF e o plenário da Câmara. Mas o bom senso antecipa que a decisão é inócua sob qualquer ponto de vista: tenta derrubar uma decisão mais que soberana do plenário; usa argumentos frágeis como dizer que os deputados eram juízes no momento da votação e não poderiam antecipar o voto; diz que os partidos não poderiam fechar questão, o que é uma grande bobagem e, finalmente, tenta anular uma decisão num processo que já passou pela Câmara e hoje está no Senado seguindo um rito ditado pelo Supremo Tribunal Federal.

Mas a decisão do Maranhão pode vingar? Pode, pois estamos no Brasil. Só que suas consequências serão drásticas. Os movimentos que saíram às ruas a favor do impeachment voltarão com muito mais força sentindo-se vítimas – e com razão – de um golpe; a economia do país vai afundar mais depressa do que tem afundado (hoje a Bolsa caiu e o dólar já subiu 5% só com essa tentativa do golpe do governo petista); se o STF acolher a decisão de Maranhão, será responsabilizado por botar mais lenha na fogueira usando argumentos altamente discutíveis e frágeis.

Por fim, a falta de confiança do mercado no governo petista, caso ele continue por mais tempo, redundará num caos total na economia, já que os pacotes de bondade que Dilma anda assinando têm por objetivo atrapalhar o governo Temer, pois ele terá de rever esses atos. Se Temer não assume, caberá a ela cumprir o que assinou e, todos sabemos, não há dinheiro para tanto. Seria o caos dentro do caos.

A semana que começa ia ser complicada, todos previram. Mas estamos no Brasil e nada que é tão extremamente complicado que não possa piorar. Pois piorou.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

O que será que será?

Os fins de Dilma, de Cunha, de Lula e do PT ficaram mais evidentes nesta quinta-feira, com a decisão do ministro Teori Zavascki – referendada pelo STF por unanimidade – de suspender o mandato e a presidência do presidente da Câmara. Fecha-se um círculo – embora nele devesse estar também Renan Calheiros – e agora todos os olhos se voltam para Michel Temer.

Mais que certo presidente da República a partir de quinta-feira próxima (12 de maio), Temer vem tateando o poder e deve estar percebendo que pegar a história na mão num país como o Brasil é tarefa muito mais difícil e complicada do que sonham as ingênuas consciências.

Temer tenta compor um ministério. A demanda da população - em sua maioria, pelo menos – é a diminuição do número deles. Não se justificam vários departamentos da República serem alçados à condição de primeiro escalão, com todos os seus gastos e seus poderes para realizarem tarefas de estafetas. O país, sem dinheiro para manter a dignidade do povo que precisa do Estado, não pode se dar ao luxo de oferecer rica estrutura administrativa para anões políticos que nada fazem, nada resolvem.

Mas Temer precisa de apoio no Congresso e o Congresso tem mais de algumas dezenas de partidos ali representados. Um ministério para cada um? Nem pensar. Seu próprio partido - o PMDB – quer talvez meia dúzia deles. O PP, com algumas dezenas de parlamentares, não se contentará com menos de dois. Ou três. DEM e PSDB, não querem nada, mas não vão fazer nada se alguns de seus membros virarem ministros e vão apoiar Temer. Ou não. É o modo tucano de dizer nem sim nem não, muito pelo contrário, quanto mais principalmente... Eles são craques nisso. Na verdade, querem sim parte do poder agora, mas que não fique muito claro que quiseram, para, em 2018, se algo der errado, poderem dizer que não faziam parte “daquilo” e, assim, reunirem mais chances de eleger um presidente. Lamentável.

Assim, a diminuição dos ministérios – primeira ação que apontaria para um governo sério – já está comprometida. Nesse caso, a culpa nem é totalmente de Temer, já que o “toma-lá-dá-cá” vigente na política brasileira desde sempre, continua forte e rijo. “Quer apoio? Queremos ministérios!”

Mas a indicação de nomes para a fieira de ministérios que Temer poderá ter de suportar, aí já é caso pessoal do futuro presidente. Pensar em um pastor que deve odiar o evolucionismo e pregar o criacionismo em seus sermões, para o ministério da Ciência e Tecnologia, é dar um tapa na cara de uma classe que há muito vem sofrendo nas mãos petistas, que são os cientistas todos do Brasil. Por sinal, uma cientista, fulgurante estrela da constelação científica, está indo embora exatamente por não ter condições de manter suas pesquisas por aqui. Faltam verbas, faltam condições, faltam políticas sérias, sobram politicagens.

E pensar em Roseana Sarney para qualquer cargo num governo já é uma agressão ao bom senso e à honestidade. Deixar que vaze por aí a ideia de que ela pode ser ministra da Educação, já extrapola qualquer limite de insanidade mental.

Considerar que o velho amigo Mariz de Oliveira não era bom para a Justiça, mas botá-lo na Segurança, também é temerário. E não só porque ele se manifestou contrario ao impeachment e andou criticando a operação Lava Jato (o que já é um absurdo). Acontece que a segurança no Brasil é uma das piores do mundo. Vivemos num país em que morre mais gente assassinada por ano do que em países em guerra. Sessenta mil assassinatos em 2015 não é um número de ficção. O Brasil precisa de um plano emergencial para a Segurança e o velho e bonachão amigo do presidente, que está sendo presenteado com um ministério de uma área da qual pouco entende, poderá deixar tudo como está, para a desgraça de milhões de brasileiros.

Parece que a única área que Temer pode estar acertando é a da economia. Meirelles, que segurou as pontas nos oito nos de Lula, tentando impedir a farra que depois se soube aconteceu assim mesmo – é um nome forte que, a depender da equipe que escolher, pode entregar, no início de 2019, um Brasil melhor para o sucessor de Temer.

Mas a situação atual, embora tenha muita coisa a ser comemorada  – Cunha fora, impeachment de Dilma quase certo, o PT derretendo por aí, a esquerda enfurecida e sem rumo como não se via desde a queda do Muro de Berlim – tem também um cenário preocupante: se Temer não acertar a mão, com nomes fortes e medidas iniciais que apontem para uma caminhada na direção certa, a oposição ao seu governo pode crescer e infernizar seu governo a um ponto perto do insuportável. O que, convenhamos, não será bom nem para as próprias oposições nem para o Brasil. Num cenário assim, o discurso conservador da volta dos militares pode ganhar muitos adeptos e se tornar inevitável. O que seria uma tragédia tanto quanto foram os anos petistas no poder.