domingo, 31 de maio de 2015

Um contrato do BNDES vem a público. E tem mutreta


A reportagem abaixo é do jornal O Estado de S. Paulo e analisa um contrato daqueles secretos que acabou sendo revelado, não pelo banco nem pelo governo brasileiro. Nele fica claro que o BNDES vem fazendo trambiques em seus empréstimos a países para que eles realizem obras com empreiteiras brasileiras. Não é apenas a desconfiança de que Lula é lobista dessas empresas e que ganha muito dinheiro fazendo a intermediação. É pior ainda: o BNDES está usando dinheiro público para fazer empréstimos nos quais teria prejuízo se não usasse, além do permitido, o dinheiro do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT) que deve ser usado para benefícios do trabalhador, como o seguro-desemprego.

BNDES usa verbas do FAT para subsidiar empreiteiras no exterior

Alexa Salomão - O Estado de S. Paulo

Desde 2007, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reforça o apoio ao que se chama de “exportações de serviços”, especialmente nos financiamentos para que grandes empreiteiras brasileiras pudessem fazer obras no exterior. O ‘Estado’ teve acesso ao primeiro de um desses contratos de crédito. Segundo avaliação de profissionais do mercado financeiro, nessa operação o banco só não teve prejuízo porque usou, em condições muito especiais, o dinheiro barato do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, que banca benefícios sociais como o seguro-desemprego. 

O BNDES nunca divulgou quanto emprestou para as empreiteiras fazer obras lá fora, nem em que condições ou a que taxas. O sigilo é questionado e gera polêmica. Por ironia, um contrato se tornou público ao ser divulgado no site do governo da República Dominicana. O BNDES se comprometeu a emprestar US$ 249,6 milhões (R$ 786 milhões, pela cotação atual) para o governo daquele país tocar as obras do Projeto Múltiplo Monte Grande, que conta com uma barragem para abastecimento de água e fornecimento de energia. A construtora é a Andrade Gutierrez.

O empréstimo foi fechado em 2013, com prazo de pagamento de 12 anos, e o BNDES tem quatro anos para fazer o primeiro repasse. Ainda não fez nenhum. Mas chamou a atenção os juros: o país estrangeiro vai pagar 2,3%, mais a Libor – uma das taxas mais baixas do planeta. Em 2013, a Libor mais cara, para 12 anos, foi de 0,8%. Hoje está em 0,75% para este prazo.“Pela primeira vez sabemos as condições e as taxas aplicadas: temos uma pista de como podem ser os financiamentos para outras construtoras”, diz o professor do Insper Sérgio Lazzarini, que estuda o BNDES há 10 anos. 

Segundo análises de profissionais do mercado financeiro, feitas a pedido do Estado, o empréstimo à República Dominicana tem três detalhes que chamam a atenção. Primeiro: o BNDES deu subsídio, pois a taxa de juros cobrada foi inferior àquela que a República Dominicana conseguia no mercado (veja box). 

Segundo: a taxa concedida ao país foi bem menor do que a oferecida no próprio Brasil. O financiamento mais barato dado pelo BNDES aos brasileiros na área de infraestrutura foi para o Programa de Investimento em Logística (PIL): 7% (2% de spread, mais a Taxa de Juros de Longo Prazo, a TJLP, que na época estava a 5%. Hoje está em 6%). 

Terceira conclusão: se tivesse usado o seu próprio fôlego financeiro e feito o empréstimo com dinheiro de suas emissões, o BNDES teria prejuízo. 

Procurado, por meio de sua assessoria de imprensa, o banco declarou que a operação deu retorno porque ele usou uma fonte barata, o dinheiro do FAT. O BNDES fica com 40% dos recursos do fundo. Dessa parcela, por lei, 80% devem ser usados no Brasil – e o banco precisa devolver ao FAT pagando a TJLP. Os demais 20% podem ser usados em operações de exportação. Nesse caso, o dinheiro é corrigido pela Libor – a taxa pequenininha. 

Uma resolução do Conselho Deliberativo do FAT, porém, autoriza o banco a destinar até metade dos seus recursos vindos do FAT em crédito a exportações. Se isso for feito, significa que 20% do total do dinheiro do trabalhador vai render menos de 1% para que o BNDES banque exportações. Em abril, o banco tinha R$ 202 bilhões do FAT. 

O fundo financia várias políticas públicas e mesmo com arrecadações recordes tem déficit. Nem as recentes mudanças aprovadas na Câmara, que reduzem o acesso do trabalhador ao seguro-desemprego e abono salarial, aliviam o rombo. Estima-se que o Tesouro terá de injetar quase R$2 bilhões no FAT em 2015. No ano passado, um relatório do Tribunal de Contas da União concluiu que parte do problema está no fato de o BNDES reter um volume elevado de recursos do fundo e determinou a devolução, pois a prioridade do FAT é dar assistência ao trabalhador. O banco alega que precisa do dinheiro para manter os seus programas. 

De 2007 a 2014, o BNDES desembolsou recursos para 425 operações de exportação – pouco mais de 130 delas, o equivalente a um terço, beneficiaram seis construtoras: Odebrecht e sua subsidiária em Cuba, a Companhia de Obras e Infraestrutura, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e OAS. Todas agora são investigadas na Operação Lava Jato, que apura crimes de corrupção na Petrobrás. O dinheiro bancou rodovias em Angola, estruturas portuárias em Cuba, hidrelétrica no Equador. 

A assessoria de imprensa, em nota, negou que o BNDES dê subsídio e disse que o crédito a exportações é pago, em reais, para as empresas no Brasil, com benefícios para o País. Seus números: entre 2007 e 2013, o banco liberou US$ 54 bilhões para financiamentos à exportação que mobilizaram uma cadeia de 3.528 fornecedores.

O economista Mansueto Almeida, especialista em contas pública, vê diferente: “É um absurdo que o BNDES dê subsídio com sigilo e sem detalhar os ganhos por projeto. Com dinheiro público, por princípio, deve haver transparência e boa gestão: o que não está claro no caso do BNDES.”

Banco teria prejuízo se não usasse o FAT 

Pelas simulações realizadas a pedido do ‘Estado’ por profissionais do mercado financeiro, o negócio com a República Dominicana é “muito ruim”. Primeiro, porque o subsídio foi relevante – 13% do valor do empréstimo, sem que seja claro o ganho para o Brasil. Em 2013, quando assinou com o BNDES, a República Dominicana fez captação de 10 anos pagando a taxa Libor mais 3,44%, mas o BNDES emprestou pela Libor mais 2,3%. Se usasse o próprio dinheiro, e não o do FAT, teria prejuízo. Em 2013, o banco fez uma captação em 10 anos, pagando Libor mais 2,77% – 0,47 ponto porcentual acima da taxa do empréstimo. “É maluquice: o que estão fazendo lá?”, disse um dos executivos consultados. 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Che Guevara: “Realmente me gusta matar”.

As dez frases seguintes são de autoria de Ernesto “Che” Guevara, um assassino frio que a esquerda venera e cuja famosa foto muita gente estampa nas camisetas, em quadros pendurados na parede ou até mesmo mandam tatuá-la no corpo, numa idolatria que tem de ignorância o que tem de perigosa.

Che Guevara era um guerrilheiro sanguinário que, ao chegar ao poder em Cuba, se tornou um líder sanguinário. As frases abaixo foram todas extraídas das mais seguras fontes: entrevistas dadas a jornais comunistas, livros de autores de esquerda, pronunciamentos oficiais, cartas e seu diário.

1 – Os jovens devem abster-se de questionamentos ingratos aos mandatos governamentais. Ao invés disso, têm que dedicar-se a estudar, trabalhar e ao serviço militar.

2 – Os jovens devem aprender a pensar e a atuar como uma massa. É crime pensar como indivíduos!

3 – Se os mísseis tivessem permanecido em Cuba, nós os utilizaríamos contra o coração dos Estados Unidos, incluindo Nova York. Nunca devemos estabelecer a coexistência pacífica. Nesta luta de morte entre dois sistemas temos que chegar à vitória final. Devemos andar pelo caminho da libertação, mesmo se custar milhões de vítimas atômicas. (Em 1962, após a crise dos mísseis com os EUA, em entrevista ao repórter britânico Sam Russel, do jornal socialista Daily Worker).

4 – Todos os jornais têm que acabar. Uma revolução não pode ter êxito com a liberdade de imprensa.

5 – Para mandar um homem ao pelotão de fuzilamento, a prova judicial é desnecessária. Esses procedimentos são um detalhe burguês arcaico. Esta é uma revolução. E um revolucionário deve converter-se em uma fria máquina de matar motivado por ódio puro.
6 – O ódio é o elemento central da nossa luta. O ódio tão violento que impulsiona o ser humano além de suas limitações naturais, convertendo-o em uma máquina de matar violenta e de sangue frio. Nossos soldados têm de ser assim.

7 – Os negros, esses magníficos exemplares da raça africana que têm mantido sua pureza racial graças ao pouco apego que têm ao banho, estão vendo a invasão de um novo escravo: o português. O desprezo e a pobreza os unem na luta cotidiana, porém o diferente modo de encarar a vida os separa completamente.

8 – O negro indolente e sonhador gasta seus pesos em qualquer frivolidade ou embriagando-se; o europeu tem uma tradição de trabalho e de ousadia que o persegue até a esta parte da América e o impulsiona a progredir, independentemente de suas próprias aspirações individuais.

9 – Acabei com o problema dando-lhe na testa um tiro de revólver 32, que fez um orifício de saída na têmpora direita. Baqueou um pouco e caiu morto. Executar um ser humano é algo feio, porém exemplar.

10 – Tenho que confessar-te, papai, que nesse momento descobri que realmente eu gosto de matar.

Estadão e Folha têm medo da verdade?

Alguém este mentindo – e muito – em relação ao número de participantes do ato dos professores estaduais hoje em São Paulo.

A Folha e o Estado cobriram o movimento de forma muito parecida. Ambos deram destaque à continuidade da greve – que pode bater recorde de duração – e ao número de presentes. Sobre os dias parados, nenhuma dúvida, claro, não há como inchá-los ou diminuí-los. Mas com relação à presença a coisa é muito ruim.

Parece que os dois jornais não querem comprar briga com ninguém e dão os números tanto da Apeoesp quanto da PM. E eles são absurdamente diferentes.

Para a Folha os organizadores disseram que havia 20 mil pessoas no ato e que, em abril, 60% da categoria havia aderido à greve.  Mas atualmente a adesão é de 30%. A PM calculou em mil (isso mesmo, mil!) os presentes e o governo do Estado, segundo o jornal, informou que a adesão caiu de 5% em abril para 4% em maio.

Para o Estadão, a Apeoesp disse que havia 40 mil pessoas presentes ao ato. Já a PM disse que participaram do ato 4 mil pessoas. A adesão, no Estadão e segundo o sindicato, está nos mesmos 30% da Folha. E para o governo do Estado, segundo o jornal, apenas 5% da categoria estão fazendo greve.

Como se vê, os números são tão diferentes que não estão sequer próximos um do outro. Se uma categoria com mais de 300 mil tralhadores está com 30% parada, isso dá 90 mil grevistas. Se for 5%, a coisa cai para 15 mil. E, claro, não é difícil saber numa época de comunicações instantâneas, quantas pessoas realmente estão em greve. 

E se num local há 30 ou 40 mil pessoas, dificilmente alguém iria afirmar que havia mil. Ou mesmo 4 mil. E vice-versa: ninguém em são consciência vai dizer que há mil ou 4 mil pessoas num lugar onde estavam 30 ou 40 mil pessoas. Não dá para disfarçar o erro. É mentira grossa mesmo, em ambos os casos.

E como não sabemos quem está falando a verdade, os jornais, que deveriam ter a verdade como primeira preocupação, não se importam em publicar números tão díspares sem sequer dizer qual dos dois se aproxima mais da realidade.

Ainda mais curioso é que 30 ou 40 mil pessoas formam uma multidão altamente fotogênica. E tanto o Estado quanto a Folha, embora publiquem os números da Apeoesp (30 e 40 mil pessoas) preferiram não mostrar essa multidão. A Folha Online publicou dez fotos e na que há mais gentge, há, no máximo, umas 500 pessoas. O Estadão, no seu portal, publicou sete fotos. A que tem mais gente também não mostra mais que 500 pessoas, como pode se ver abaixo.

Lamentável a posição dos dois maiores jornais do país.

Foto do Estadão Online

Foto da Folha Online


Uma greve fabricada



A greve dos professores do Estado de São Paulo é uma farsa. O sindicato, ligado ao PT, quer um aumento salarial de 75%, um absurdo mesmo se a inflação fosse o dobro do que é atualmente. Como a categoria é muito grande, mais de 300 mil professores, o sindicato consegue a adesão de 3% da categoria e faz um barulho danado. Afinal, 3% representam cerca de dez mil pessoas, suficientes para parar qualquer avenida do Brasil, principalmente a Paulista,  onde a visibilidade é muito maior, pois paralisa o maior centro econômico do país. O fato de nas vizinhanças da avenida existir uns dez hospitais não sensibiliza os líderes sindicais, todos eles de esquerda, diga-se.

Hoje nos jornais anuncia-se que a greve está perdendo força. Mas o sindicato da categoria, que admite a diminuição de grevistas, fala em adesão de 30%. E o governo anuncia que hoje estão em greve 4% da categoria. Pode haver exagero de ambos os lados, claro, mas a realidade deve estar mais perto dos 4% do que dos 30%. Afinal, para o sindicato admitir que o movimento enfraqueceu e já se falar na hipótese de encerrar a greve é porque a coisa está feia para o lado deles.

Sindicato e governo travam agora uma disputa na Justiça pelos dias parados. Espero que o governo vença, afinal, pagar trabalhador para não trabalhar não é coisa que se faça com o dinheiro público. 

Quem faltou ao trabalho para fazer greve causou inúmeros transtornos a muitas famílias, que ou correram riscos ao deixar os filhos sozinhos em casa ou gastaram dinheiro extra para alguém tomar conta das crianças. Sem contar, claro, o prejuízo educacional e o atraso no ano letivo que pode atrapalhar férias e causar outros transtornos.

E não pagar os dias parados é uma postura honesta, acima de tudo. Afinal, o professor quando decidiu ir para uma greve política – e é esse o adjetivo certo a ser aplicado a essa paralisação – estava faltando ao trabalho e prejudicando muita gente.  Ganhar salário por isso aproxima-se de uma apropriação indébita de dinheiro público.

De resto, não é por mera coincidência que os estados onde há greve são quase todos governados por políticos que fazem oposição ao PT. O mapa que ilustra esse post mostra bem a situação. Estados que pagam salários bem piores do que os que estão em greve, não são incomodados pelas entidades dos professores. 

Não resta dúvida de que as entidades – quase todas ligadas ao petismo e seus braços – combinaram ou receberam ordens para fazer greve apenas e tão somente para prejudicar a imagem dos governos não aliados à camarilha petista.

Esse é mais um motivo para que a Justiça determine o não pagamento dos dias parados. Quem se alia aos propósitos do PT deve saber bem o que pode lhe acontecer. E nunca é coisa boa.  

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Dengue: as piores epidemias são de Jonas

Não tem pra ninguém: o primeiro e segundo lugar absolutos em casos de dengue em Campinas pertencem ao governo de Jonas Donizette (PSB). Como falta ainda mais de um ano e meio para esse governo acabar, é provável que ele arrebate também o terceiro lugar em 2016. Mas ele pode ser reeleito para mais 4 anos e aí, sem dúvida, ninguém jamais o alcançará no quesito “pragas urbanas”.

Há dois números circulando por aí e ambos são aterrorizantes. Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), que é estadual, Campinas chegou aos 38.039 casos confirmados de dengue. Já o último número divulgado pela Prefeitura é de 37.146. Como a divulgação municipal é da semana passada e a estadual é de ontem, quarta-feira, é provável que os dados do CVE, mais atualizados, estejam corretos.

São mais de 3,4 mil casos para cada grupo de cem mil habitantes. Para a Organização Mundial de Saúde a epidemia se estabelece quando o número de casos chega a 300 para 100 mil habitantes. Ou seja, Campinas chegou a mais de dez vezes acima do índice mínimo. Uma tragédia.  

A cidade está beirando os 40 mil casos e talvez a frente fria que hoje chegou torne mais difícil que esse número aumente. Em todo caso, nada é impossível, já que estamos diante de um governo municipal que parece ter herdado do anterior a total incapacidade de enfrentar uma doença cujo transmissor é conhecido bem como as técnicas para combatê-lo.

Conversando com um amigo que é médico, ele me disse que a coisa pode ser muito pior ainda. E explicou o motivo: muitas famílias têm duas, três e até quatro pessoas com sintomas da dengue. Apenas uma vai ao médico, ouve o que tem de fazer, pega a receita, compra os remédios e distribui para a família. Só o caso dela é que entra na estatística.  

O negócio é torcer para que ele não esteja certo e para que o frio chegue logo. 

quarta-feira, 27 de maio de 2015

OP: a farsa continua

Pelo portal da Prefeitura fico sabendo que a Secretaria de Educação de Campinas prestou contas ao Conselho do Orçamento Participativo, em reunião no Salão Vermelho.  Putz! Essa estrovenga ainda existe?

Explico: o Orçamento Participativo foi criado no governo de Izalene Tiene (PT) e se constituía em reunir grupos nos bairros ou regiões da cidade para que esses grupos listassem as necessidades dos bairros. A lista era levada ao prefeito que, claro, prometia que ia fazer tudo, mas não fazia nada mais daquilo que o dinheiro dava pra fazer e sempre de acordo com os interesses do grupo que estava no poder.

O OP servia também para alavancar lideranças nos bairros – geralmente gente do PT – para se confrontar com as lideranças já existentes e tirar o poder deles. Algumas dessas lideranças criadas pelo OP viraram vereadores.

Acontece que o OP era apenas mais uma instância inútil pra enganar trouxa. O povo se reunia à noite, com sacrifício, falava dos problemas do bairro e no fim a “soberana assembleia” decidia quais demandas iriam constar da lista a ser levada ao prefeito.

Só que essa lista era sempre a coisa mais óbvia do mundo. Lógico: cidades com um monte de carências vão sempre reclamar das mesmas coisas. Então todas as listas dos bairros mais periféricos continham asfalto, esgoto, calçadas, iluminação, posto de saúde, transporte público e segurança. E nos bairros mais centrais os pedidos eram mais áreas de lazer, mais praças, melhoria no trânsito e, claro, mais segurança, sempre.

Na reportagem do portal da Prefeitura, nota-se que as demandas da área são todas para reformas e ampliação de escolas. Oras, qualquer diretora percebe se sua escola precisa de reformas (e deve pedir há séculos sem ser atendida) ou se o número de alunos do bairro já excedeu a capacidade do prédio. Não precisa de uma reunião à noite dos moradores do bairro para descobrir essas necessidades.

E nos bairros em geral, não há nada que um papo de dez minutos com uma liderança do bairro, ou mesmo com um morador, não seja facilmente descoberto. Além do mais, as reivindicações, em sua grande maioria, já estavam no programa de governo do prefeito. O OP era uma farsa. E continua sendo, pois o prefeito só faz o que lhe interessa e o que o orçamento municipal comporta.

Por exemplo: a “revitalização” da Avenida Francisco Glicério – talvez a maior obra até agora desse governo – não estava em nenhuma das chamadas demandas do OP. Mas a Prefeitura, a Sanasa, a CPFL e sei lá quem mais estão gastando vários milhões de reais no treco. Perguntinha: quantas demandas do OP dariam para atender com esses milhões que estão sendo uados para enfeitar uma única avenida no centro da cidade?

Um ninho internacional de corrupção

A prisão de dirigentes de entidades esportivas ocorrida na Suíça deve ser o início da devassa num setor que há muito tempo vem sendo acusado das mais cabeludas corrupções em vários países do mundo. E no Brasil, claro, a coisa deve ter encontrado terreno fértil. Desde os tempos de João Havelange que ouço falar que a antiga CBD (atual CBF) era um ninho de corruptos. Havelange foi eleito presidente da Fifa em 1974 com o apoio maciço de países africanos e outros do terceiro mundo. Dá pra imaginar como o rico empresário brasileiro conseguiu esse apoio na época.

Aliás, fui conferir na Wikipédia se a data era essa mesmo e olha só o que encontrei no verbete dele, logo na primeira linha: “Havelange praticou corrupção, natação e polo aquático profissionalmente, obtendo uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 1955.” Quem quiser pode conferir: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Havelange .

Depois disso, não havia torneio de futebol que a Fifa patrocinasse que não tivesse alguma denúncia de corrupção. Como era entidade privada, a investigação era mais difícil, mesmo para países do primeiro mundo.

O período de Ricardo Teixeira (não por acaso genro de Havelange) à frente da CBF foi todo marcado por denúncias e mais denúncias de corrupção. Hoje ele vive no Uruguai, mas já viveu bom tempo em Miami. Está escondido? Não sei, mas há histórias cabeludas em torno dele e as investigações podem facilmente alcançá-lo.

No meio do noticiário sobre essas prisões – manchetes em todo o mundo, diga-se – uma notícia meio escondida tem excitado a imaginação de alguns que, como eu, sempre viram o governo petista como envolvido em muitos casos de corrupção, o que vem sendo comprovado quase que diariamente.

Trata-se da informação de que as autoridades norte-americanas estão investigando também como ocorreu a escolha do Brasil para ser sede da Copa de 2014. 

Claro que a investigação pode dar em nada e a escolha tenha sido feita dentro de critérios estabelecidos. Mas, conhecendo os petistas e Lula como conhecemos, não será novidade alguma se o FBI descobrir que  os responsáveis pela escolha do Brasil receberam gordas propinas ou outros agrados do governo do PT. A conferir.

A grande mentirosa

Como o brasileiro tem memória curta, é bom que ele recorde, sempre, exatamente o que a candidata disse. 




terça-feira, 26 de maio de 2015

Fim do sigilo dos empréstimos BNDES

O STF derrubou o sigilo nos empréstimos feitos pelo BNDES. Os argumentos foram simples, do tipo “a transparência com o uso do dinheiro público é mais importante que o sigilo bancário”. 

Caso os senhores magistrados do STF entendessem de forma diferente – a estrovenga caiu pelo voto unânime dos juízes da turma em que foi julgado – seria uma das maiores aberrações jurídicas da história da humanidade: um banco público poder emprestar dinheiro a entidades privadas sem que ninguém saiba das condições, sem que ele preste conta aos órgãos fiscalizadores do governo. Aberração pura.

Mas o mais curioso nessa história de guardar segredo sobre dinheiro público é que ela foi patrocinada pelo PT. Justo o PT que, na sua origem, que serviu para angariar milhões de votos pelo país – se dizia diferente “de tudo que está aí”, e usava a ética e a honestidade na política como bandeira maior. Tudo mentira como se viu depois. Mas essa, se continuasse a vigorar, respaldada por um tribunal superior, se constituiria talvez numa das maiores.

Seria uma carta branca para que os poderosos da hora usassem como bem entendessem os recursos públicos que, com grande sacrifício da população, são alocados ao banco para que ele promova o desenvolvimento do país em áreas e setores onde os risco fazem com que a iniciativa privada não entre. Os juros baixos praticados pelo BNDES animam empresários a investir nessas áreas de risco.

Embora o que se tenha visto no BNDES sob o PT fuja muito dessas orientações – e essa é outra encrenca pelo qual o banco deveria responder – o fato é que querer manter segredo sobre os empréstimos, justamente quando se desconfia que o ex-presidente Lula tem deles se favorecido para ganhar gordas comissões, é zombar do povo brasileiro, das leis brasileiras e, principalmente do eleitor brasileiro que votou nesse governo que aí está. E deixar com raiva, muita raiva cívica, os eleitores que preferiam outros candidatos no lugar dessa confusa mulher que ora é presidente da República. 

Cadê os bravateiros do PT?

Uau! O PT está vendendo o patrimônio púbico à iniciativa privada e aqueles imbecis que chegaram até a agredir empresários em frente à Bolsa de Valores nos leilões de privatização vão ficar calados? São covardes agora ou eram apenas paus mandados de um partido?

Pois a Petrobras está vendendo nada menos que seis áreas de exploração de petróleo – cinco delas no tão falado pré-sal e uma delas na rica e altamente lucrativa bacia de Santos. A estatal espera arrecadar US$ 4 bilhões com as vendas. E o que ela vai fazer com esse dinheiro? Vai pagar as dívidas – pequena parte delas, diga-se – exatamente o que o PT sempre acusou o PSDB de fazer com o dinheiro das privatizações.

E não é só. A empresa pública, mergulhada no maior escândalo de corrupção da história, está colocando à venda também distribuidoras de gás, termelétricas e postos de gasolina no exterior. Tudo para cobrir os estragos  causados pelos  governos petistas .

É um partidinho muito sacana mesmo, não? Cadê as mobilizações da CUT, cadê os protestos do deputados, senadores, vereadores contra a venda do patrimônio da Petrobras? Cadê os petroleiros prometendo greve? Cadê os berros de “privatizadores” contra os atuais dirigentes da empresa ou do governo?

Estão todos com os rabos entre as pernas, escondidos da execração pública, pois todo mundo  já percebeu que eles não passam de enganadores, que fazem exatamente – e pior, muito pior – aquilo que acusam seus adversários de fazer. 

Trata-se da maior empulhação por parte de um partido politico que já aconteceu na história do Brasil. Nunca antes nesse país, como diria o chefe da quadrilha, tanta gente foi enganada ao mesmo tempo por um grupelho que se instalou no poder para, única e exclusivamente, lá permanecer e se enriquecer à custa do trabalho e do suor de todos os brasileiros.

Por exemplo

Nas negociações com os procuradores, Pessoa afirmou também que suas doações à campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, no valor total de R$ 7,5 milhões, foram feitas porque ele temia prejuízos em seus negócios com a Petrobras se não colaborasse com o PT.

Ele disse que tratou das contribuições com o tesoureiro da campanha, Edinho Silva, hoje ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Pessoa afirmou que procurou Edinho a pedido do então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, hoje afastado do partido e preso em Curitiba.

Os dois parágrafos acima são cópias de reportagem da Folha Online de hoje. Neles está explicito que a campanha de Dilma Rousseff à reeleição recebeu dinheiro do esquema de corrupção que o PT montou na Petrobras.

O homem que denunciou esse fato foi quem entregou o dinheiro. Trata-se de Ricardo Pessoa, dono da UTC da Constran e "chefe" do Club do Bilhão, formado por empreiteiras que participavam do esquema hoje denominado Petrolão. 

Ricardo Pessoa fez acordo de delação premiada para, com suas denúncias, diminuir sua pena. Se estiver mentindo, perde a possibilidade de diminuir a pena, podendo passar muito anos na cadeia. Ou seja, ele não está mentindo e pode provar o que está delatando, caso contrário não delataria. 

E o PSDB achando que campanha eleitoral vitoriosa mantida com dinheiro roubado de uma estatal não é motivo para impeachment. 

A covardia do PSDB deu nisso

Bem feito. Por muito menos do que Dilma e o PT fizeram no governo federal – aliás, não há relação alguma – o PT está entrando com um processo de impeachment contra o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). E o que o governador fez para ser retirado do cargo? Reprimiu um bando de bagunceiros que, à frente dos professores em greve, tentaram de todas as formas depredar patrimônios públicos e privados e atacar policiais tentando uma reação para depois expor na imprensa a “violência” da polícia. O resto a imprensa a soldo do PT – material ou ideologicamente – se incumbiu de fazer, demonizando, de norte ao sul do Brasil o governador paranaense.

O pedido é uma farsa, como já mostrou Reinaldo Azevedo em seu blog (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/). Enquanto isso, em Brasília, o PSDB se acovarda diante da enorme possibilidade de entrar com pedido de impeachment contra Dilma e seu desastroso e corrupto governo.  O partido fica pedindo pareceres jurídicos que podem tanto dizer uma coisa quanto outra, dependendo da vontade de quem paga pelo parecer.

A roubalheira institucionalizada do PT na Petrobras já justificaria um pedido de impeachment há muito tempo. Mas há muito mais: a política exterior desastrada, expondo o Brasil ao ridículo nos círculos internacionais; os empréstimos secretos do BNDES a uma empresa para realizar obras em outros países tendo Lula como lobista disfarçado de orador; as mentiras todas que o PT falou durante a campanha presidencial, comprovadas antes mesmo da posse para o novo mandato, constituindo-se a eleição no maior estelionato eleitoral da história do Brasil; a oposição do próprio PT às medidas econômicas que estão sendo tomadas, provando que não há qualquer sintonia entre o governo e seu partido; o enriquecimento descarado de líderes petistas, inclusive do próprio Lula, dono de uma chácara de bilionários em Atibaia e de um tríplex de luxo no Guarujá; o patrocínio a entidades de esquerda como o Foro São Paulo que querem instituir ditaduras socialistas no Brasil e em toda a América Latina; a total irregularidade trabalhista do programa Mais Médicos, que, de resto é um programa cuja finalidade principal é repassar bilhões de dólares do dinheiro público à ditadura cubana; as irregularidades durante a campanha eleitoral, como o uso descarado da máquina pública a favor do PT.

Enfim, não são poucos os fatos que poderiam causar o extermínio desse governo que desgraça o Brasil. No entanto, o PSDB, maior partido de oposição, fica novamente com medo de entrar de sola contra o mal maior, deixando a grupos menores a tarefa – que se torna muito mais difícil – de enfrentar essa enorme organização criminosa chamada PT.

A resposta do PT a esse acovardamento dos tucanos está dada: vão fazer um governador do PSDB sofrer um processo de impeachment sem ter contra ele uma única acusação de corrupção ou caixa 2. Bem feito. O PSDB parece que não aprendeu com o gigantesco erro cometido no início do mensalão, quando Lula confessou o crime de caixa 2 e quando Duda Mendonça confessou que recebeu 10 milhões de dólares numa conta no exterior, dinheiro esse não declarado à justiça eleitoral. Perderam o bonde da história uma vez e estão fazendo de tudo para perder de novo. 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Candidatura de Orsi entusiasma

A possível candidatura do vereador Artur Orsi a prefeito de Campinas tem entusiasmado muita gente em Campinas. Depois que publiquei aqui no blog a notícia (publicada primeiramente no Blog da Rose)  do convite a ele feito pelo presidente do PSD, Guilherme Campos, para que ele seja candidato pelo PL (partido que deve ter seu registro aprovado no próximo mês), muitos conhecidos me procuraram para saber mais notícias, para saber se ele aceitou o convite etc. e tal.

Alguns comentaram que estão animados e torcem para que ele saia candidato. Houve críticas também, por causa do partido que, todos sabem, está sendo engendrado pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab.

Aos entusiasmados, respondi que torço para que Orsi aceite, que seria muito interessante Campinas ter mais uma alternativa nas eleições do ano que vem, que a administração comandada por Jonas Donizette (PSB) não vem correspondendo às necessidades da população, que hoje a única alternativa seria o PT – e que isso não seria bom para a cidade – enfim, que o vereador seria uma lufada de ânimo em muitos eleitores que hoje estão decepcionados com os políticos tradicionais.

Aos que criticam por causa do partido, respondo que não foi Orsi quem procurou Kassab e sim  Kassab que convidou Orsi. E o convite aconteceu porque Orsi tem qualidades suficientes para entrar numa briga dessas. Tem um cacife diferenciado, baseado na postura coerente e na honestidade. Ou seja, seria um grande erro Orsi mudar para entrar no partido de Kassab.

Mas o fato é que já há grupos por aí analisando um possível novo quadro e torcendo por definições. O que eu sei é que está marcado um novo encontro para breve – talvez nesta semana ainda – entre Orsi, Guilherme Campos e Gilberto Kassab quando as coisas poderão se clarear. Sei também que a filiação de Orsi, se for acontecer, se daria depois que o PL tivesse o registro assegurado pelo TSE.

Antes disso, ele teria que sair do PSDB, o que é uma decisão difícil pelo lado sentimental – Artur está no partido desde sua fundação e seu pai foi um dos fundadores – mas que, pelo lado prático, não teria problemas: Orsi já não tem ambiente no PSDB faz tempo e já correm alguns boatos de que ele teria dificuldades até pra conseguir uma legenda para se candidatar à reeleição de vereador. E quem conhece o ferrenho centralismo da atual cúpula do PSDB sabe que isso seria possível.

Pacote fiscal não empolga mercado

Os anúncios de cortes no Orçamento, o tal do “ajuste fiscal” da ordem de 69,9 bilhões de reais não sensibilizaram o mercado. A previsão das segundas-feiras, o relatório Focus do Banco Central, continua em alta. A inflação está estimada para bater nos 8,37% ao final de dezembro, muito acima do teto da meta. E não há otimismo até o fim de 2016, quando a projeção se manteve em 5,50%, abaixo do teto, mas acima da meta que é de 4,50%

Os preços administrados pelo governo são o vilão da vez. O mercado projeta um aumento de 13,70% desses preços (previsão era de 13,50% há uma semana).

A inflação do aluguel, com o mercado imobiliário numa espécie de início de crise, teve a expectativa reduzida para um aumento de 6,97% - era de 7,06%, mas há um mês essa previsão era menor: 6,78%.

Quanto ao PIB, o Relatório de Mercado Focus mostrou que a expectativa mediana de 2015 passou de uma retração de 1,20% da semana anterior para uma de 1,24% agora. Ou seja, o Produto Interno Bruto do Brasil de 2015 decresce a cada semana. Para 2016, a mediana das projeções se manteve em crescimento de 1% pela sexta semana seguida.

O dólar deve se manter bem acima dos 3 reais. Atualmente a previsão é de 3,20 e, para 2016, o mercado estima que ele baterá nos R$ 3,30.

domingo, 24 de maio de 2015

Boas intenções...

A intenção da Prefeitura de Campinas de dar um pouco de civilidade à cidade é boa. O prefeito Jonas Donizette (PSB) quer aumentar multas para quem vende tinta em spray para menores, quer punir com mais rigor quem picha paredes alheias, quem multar quem joga lixo na rua e dar poder à Guarda Municipal de recolher veículos abandonados e, se possível, multar os proprietários.

Tudo muito bom, tudo muito bem. Campinas é uma vergonha nesses itens e é preciso que o poder público faça valer a força da lei contra quem não a respeita. O exemplo do maior rigor contra esses imbecis que turbinam o som dos carros para sair por aí exibindo a própria ignorância é um bom antecedente. Mas é preciso continuar a ação e derrotar os ilegais. A maioria desses equipamentos é vendida nos camelódromos da cidade. Uma boa fiscalização por lá, exigindo nota fiscal de tudo, por exemplo, poderia acabar com muito desse comércio.

Mas para acabar com as pichações – eu já denunciava essa sujeira há uns dez anos, na coluna Xeque Mate do Correio Popular e ninguém fez nada, pelo contrário, no governo petista de Izalene Tiene, houve até verbas para comprar tinta em spray para grupos de hip hop – é preciso que haja uma ação muito maior do que há hoje. Aumentar multas ao comércio que vende a tinta para menores de idade é inútil. Há maiores envolvidos e eles podem comprar à vontade.  Ou mesmo menores podem comprar com uma identidade falsa.  Ou o comerciante compra sem nota e ganha em duas frentes: não paga imposto e pode vender pra quem quiser sem registro.

Os pichadores agem de madrugada, escalando prédios ou mesmo subindo pelas vias normais, geralmente com a cumplicidade (ou medo) de porteiros e seguranças. Não é difícil pegá-los em flagrante, mas a operação exige paciência e inteligência. Além de um bom número de carros e homens vasculhando a cidade nas madrugadas. Tudo isso é caro e a Prefeitura terá de abrir os cofres para fazer valer a intenção de tornar Campinas uma cidade sem essa aparência de fim de mundo que se vê por aí.

Recolher carros e carcaças de carros abandonados nas ruas é tarefa mais simples. Uma mudança na lei, facilmente conseguida na Câmara, dará à Guarda Municipal o poder de tirar da rua esses monstrengos sujos que servem a finalidades execráveis, desde “maternidade” para o mosquito da dengue até como esconderijo para pequenos marginais e drogas.

Já multar quem joga lixo na rua é meio complicado também, porque exige fiscalização e nisso a Prefeitura é falha há muito tempo. A fiscalização maior – do mesmo modo que a repressão aos pichadores – exige mais funcionários e trabalho dia e noite. Depende, portanto, de mais verbas também.

Resumindo, as novas leis e ações anunciadas pelo prefeito têm ótimas intenções. Mas, e a história está aí para provar, todas elas já foram tentadas e esbarraram na falta de verbas e na falta de vontade política dos governantes da cidade. Espera-se, claro, que o anúncio não fique apenas na intenção e na propaganda enganosa, como já aconteceu com muita coisa anunciada por esse mesmo prefeito. 

Um cenário preocupante

A ausência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao anúncio mais importante desde que assumiu o cargo, sabe-se agora, não se deu por um simples resfriado. O motivo foi outro, muito pior: desavenças na equipe que comanda a economia do país.

A informação está em todos os jornais e se vazou assim tão facilmente é porque o próprio ministro não fez muita questão de esconder. E a desavença nem é, digamos, ideológica. É prática mesmo: o ministro queria um corte maior e uma análise realista da situação financeira do Brasil. E o que se viu foi um corte menor e uma análise que, se não foi escrita pelo marqueteiro João Santana, chegou perto. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa – que foi a “estrela” do anúncio do tal do “ajuste fiscal” – dizia a toda hora que tudo ia ser cumprido, dos programas sociais aos pagamentos das dívidas, que não haveria recessão etc. e tal.

Ora, os números atuais e as projeções para curto prazo mostram realidade diferente daquela exposta por Barbosa. O PIB tende a ser negativo, os cortes nos programas sociais já estão acontecendo, os Ministérios da Saúde e da Educação tiveram redução de verbas significativas e o rombo da Previdência está estimado em quase R$ 80 bilhões, bem acima dos quase R$ 50 bilhões de 2014.
Ou seja, o quadro é altamente preocupante.

E, como se tudo isso não bastasse, os jornais deste domingo já demonstram a preocupação de alguns setores do governo com a permanência de Levy na Fazenda. Se Levy não conseguir superar o golpe que sofreu – dado por Dilma e pela turma do Planalto que gosta de mentir – sua saída será inevitável. Mesmo porque, com cortes aquém dos necessários, com gastos além da arrecadação, com a manutenção de uma mastodôntica equipe, o governo não terá não só a confiança necessária para receber investimentos de fora, mas não terá dinheiro suficiente para manter o país funcionando. E da impressão de mais dinheiro sem os devidos lastros nós sabemos muito bem a consequência: inflação elevada e indomável.

Para se manter no poder, o governo precisa de ajustar as contas de acordo com a realidade. E a realidade é uma coisa que tem passado ao largo da cabeça dos presidentes petistas. Eles preferem criar uma fantasia baseada na propaganda enganosa que temos visto nos últimos anos. Só que agora o Brasil real está sendo escancarado. E o PT tão competente em criar antagonismos em todos os setores da sociedade, mostra não ter a mínima competência para sair de uma crise. 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Propaganda quase enganosa

Hoje, no Correio Popular, a Prefeitura ocupa meia página nobre do jornal para anunciar a revitalização da Avenida Francisco Glicério. A propaganda é bem feita, tem um apelo bom, mas se aproxima da mentira. Eu diria que é quase enganosa.

Como a reforma da avenida vai contemplar a população que tem dificuldade para se locomover, principalmente os cadeirantes, a propaganda se dirige especificamente a esse público afirmando que a revitalização da Glicério traz “um novo tempo para a inclusão e acessibilidade”.

Sim, de fato, cadeirantes como o mostrado na foto não terão tantas dificuldades para circular na Glicério. Só que é apenas e tão somente na Glicério. Se ele precisar entrar na General Osório, na Benjamin Constant, no calçadão da 13 de Maio ou mesmo na própria Glicério depois da Orosimbo Maia (sentido bairro), ou em qualquer outra via que cruze com a Glicério não encontrará mais  “um novo tempo para a inclusão e acessibilidade”, porque a revitalização se restringe única e tão somente a um trecho dessa avenida.

Pior ainda é o início do texto abaixo da fotografia. Ele começa afirmando que “a revitalização do Centro começou”. Outra meia verdade. Ou meia mentira. Não há projeto algum para que todas as outras ruas do Centro (e devem ser mais de uma centena) tenham sua fiação enterrada, calçadas alargadas, acessibilidade e inclusão, estações de transferência (eufemismo para “pontos de ônibus”), novo mobiliário urbano, valorização para os pedestres etc. Não é revitalização do Centro coisa nenhuma.

E a propaganda termina com a frase mais enganosa de todas: “Seriedade e trabalho no coração do nosso Centro, para a cidade inteira”. Vá lá que o trabalho seja sério, mas está longe, muito longe de ser para o Centro inteiro, quanto mais para a cidade inteira.

Infelizmente o governo de Jonas Donizette (PSB) parece querer viver mais de propaganda do que de realizações. O Centro da cidade está decadente há tempos, com suas lojas feias e barulhentas, calçadas desniveladas, propaganda desorganizada e agressiva, poluição visual, pichações abundantes, trânsito sempre lento e irritante, sem segurança suficiente, inundações quando chove, calçadas estreitas (algumas ficaram mais estreitas ainda com essas horríveis caçambas para o lixo) e, diante desse caos, a Prefeitura resolve investir milhões para “revitalizar” um trecho de uma das avenidas. Ora, o cenário todo está a exigir uma intervenção total, com planejamento e inteligência para combater os inúmeros problemas existentes.

Mas parece que planejamento e inteligência são coisas raras de se encontrar no atual governo de Campinas. 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

BNDES e a caixa preta

No momento em que se fala que já há investigações em curso sobre o que o BNDES tem feito nos últimos 12 anos, e que essa investigação pode provocar nova hecatombe no governo petista, é bom ler o artigo abaixo que mostra os motivos pelos quais não se pode fazer segredo do uso do dinheiro público.

Abrindo a caixa preta do BNDES

Vinicius Carrasco, Arminio Fraga Neto e João Manoel Pinho de Mello*

Nos últimos anos, o governo abriu como nunca as torneiras do Tesouro, aportando vultosos recursos ao BNDES, através do qual concedeu empréstimos subsidiados. Qual o resultado dessa política? A resposta curta é: não sabemos, pois não estão disponíveis dados necessários para uma análise rigorosa dos vários programas e empréstimos individuais do banco.

Políticas públicas são financiadas por impostos e é obrigação do governo prestar contas de seu uso aos cidadãos que os pagam. Não menos importante, os recursos são escassos e as necessidades da população virtualmente ilimitadas; os recursos escassos deveriam, então, ser aplicados às políticas que gerem maior benefício à sociedade. Por essas razões, toda e qualquer política pública deveria ser criteriosamente avaliada, com cômputos e apresentação à sociedade de seus custos e benefícios.

Do lado dos custos, a discussão se dá de maneira um tanto quanto confusa. A atividade principal de um banco é conceder empréstimos. O risco desses empréstimos (e, portanto, seu custo econômico) é incorrido por quem financia o banco. O custo de financiamento de um banco está relacionado ao risco de seu portfólio de ativos, ou seja: os recursos que financiam a atividade do banco devem ser remunerados de acordo com o risco que impõe aos financiadores.

Um exemplo: parte substancial do financiamento do BNDES vem de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), para os quais não há qualquer compromisso de repagamento de seu principal pelo banco. Portanto, o FAT é, de fato, acionista do BNDES e deveria ser remunerado de acordo com os riscos com os quais um acionista se depara. A despeito disso, recebe como remuneração a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).

De forma análoga, o governo é acionista do BNDES e deveria ser remunerado como tal. Em particular, ao contrário do que o debate público sugere, o subsídio implícito em qualquer empréstimo feito pelo BNDES é a diferença entre a taxa do empréstimo e o custo econômico de financiamento do banco: fazer com que a TJLP se iguale à Selic reduziria, mas não eliminaria o subsídio.

Além do custo de financiamento do banco, há um outro custo que deve ser levado em consideração. O FAT, por exemplo, é financiado por impostos pagos pelas empresas e distorcem suas decisões do quanto investir em capital e empregar trabalhadores e, portanto, impõe um custo à sociedade que deve ser levado em consideração para se avaliar o custo do BNDES.

Se do lado dos custos o problema nos parece ser conceitual, do lado dos benefícios o problema é que não há informação suficiente para que a sociedade os avalie. A principal justificativa para a atuação de um banco de desenvolvimento é a existência de projetos cujos benefícios sociais sejam maiores que os benefícios privados. Numa situação dessas, os agentes privados não conseguirão se apropriar de todos os benefícios gerados. Assim, ausentes a atuação do banco e alguma forma de subsídio, esses projetos não seriam levados a cabo, com consequências negativas para a sociedade. Isso ocorre, por exemplo, em projetos que geram o que os economistas chamam de externalidades positivas, isto é, quando um projeto gera ganhos sociais para além daqueles que se beneficiam diretamente dele.

A sociedade tem o direito de julgar se os benefícios da concessão de empréstimos subsidiados compensam os custos. Afinal, não faltam outros problemas que podem ser mitigados com esses recursos, como as filas do SUS ou a falta de vagas em creche, para citar apenas duas de uma longa lista de carências.

Para fazer a avaliação, é indispensável que a sociedade tenha acesso às informações. Por exemplo, sendo o empréstimo subsidiado, quais são a taxa efetiva, o prazo e o indexador? Como isso se compara com os juros que o governo paga? Para empresas abertas, como o financiamento do BNDES se compara à taxa média de financiamento da empresa no mercado? O indexador é diferente? E como se compara às debêntures que a empresa possa ter? Na ausência dessa informação — o que ocorreria para empresas fechadas — como os termos se comparam com termos que empresas abertas comparáveis enfrentam?

Até hoje os dados sobre cada empréstimo do BNDES não estão disponíveis, sob a justificativa de que seria uma violação do sigilo bancário. Uma possibilidade seria fazer com que cada empresa que receba empréstimos a taxas subsidiadas (que correspondem a um custo social) abra mão de confidencialidade de algumas informações relacionadas ao empréstimo, como contrapartida e sob condições a serem determinadas.

É possível que, em circunstâncias muito especiais, seja socialmente desejável fomentar algumas empresas ou setores através de empréstimos subsidiados. Mas esse é tema para outro artigo. Nosso ponto aqui é mais básico: precisamos, antes de mais nada, mensurar corretamente o retorno social dos empréstimos subsidiados do BNDES. É hora de abrir a caixa preta.

*Vinicius Carrasco é professor do Departamento de Economia da PUC-Rio; Arminio Fraga Neto é sócio do Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central; João Manoel Pinho de Mello é professor do Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa

(Artigo publicado em 7 de março passado no jornal O Globo)

Ainda a candidatura de Artur Orsi a prefeito de Campinas

Dois comentários publicados no post anterior revelam o temor de eleitores de Artur Orsi com sua possível ida para o PSD que deve se fundir com o PL, formando novo partido e tornando possível a entrada de parlamentares com mandatos oriundos de outros partidos, sem cair na infidelidade partidária.

O temor tem lá suas razões, afinal, o cacique do PSD é o ministro das Cidades, Gilberto Kassab que já declarou que a ideologia do seu partido não se situa nem à esquerda, nem à direita e, digo eu, nem ao centro ou qualquer outro lugar do espectro ideológico.Vai daí que Artur Orsi, um tucano legítimo, liberal, que sempre se opôs ao PT, aos governos petistas e a outras esquerdas reacionárias que ululam por aí (PSOL, PSTU, PCdoB...) não estaria em boa companhia e poderia ser confundido com gente como Kassab.

Só que não creio que seja assim. Em primeiro lugar, conheço Orsi o suficiente para saber que sua postura atual – oposição ao governo de Jonas Donizette, eleito numa aliança com o PSDB, partido de Orsi – não é fruto de algum marketing eleitoral e sim de suas convicções. Nunca acreditou – e com razão - no bom-mocismo emanado de Donizette e, logo no início do governo municipal, percebeu fatos não republicanos, para usar uma metáfora em moda, e, ciente da função para a qual foi eleito, os denunciou, se tornando “persona non grata” tanto no governo quanto no seu próprio partido.

Se perdeu possíveis benesses que o poder concede à fiel base aliada ao prefeito, ganhou simpatia não só de seus mais de 13 mil eleitores (a maior votação da atual legislatura), como de muito mais gente que vê nele a representação do desejo de limpar a política brasileira dos desonestos políticos que fazem dela seus meios de vida.

É esse cacife que Orsi carregará para qualquer partido onde ele possa se abrigar, independente de quem manda na agremiação.

Além do mais, alianças municipais ou mesmo estaduais, não refletem necessariamente as federais. Nas eleições de 2014, no Maranhão, para que fosse possível impor uma derrota ao clã Sarney, uniram-se, em torno do PCdoB os seguintes partidos: PP, SDD, PROS, PSDB, PSB, PDT, PTC e PPS. E em Goiás, a aliança chefiada pelo PSDB uniu PRB, PP, PDT, PTB, PSL, PR, PPS, PHS, PMN, PTC, PV, PEN, PSD, PT do B e PROS. E muitas dessas alianças se repetiram nos municípios nas eleições de 2012 e não significaram alinhamento imediato com outros partidos cujas alianças estaduais ou federais apontavam para outros apoios.

Creio que, agora, o importante seria viabilizar a candidatura de Orsi a prefeito, o que não só mudaria o quadro eleitoral previsto para 2016, como daria ao pleito uma dinâmica que hoje ele não possui. A aliança formada por Donizette não deixa dúvida de seu poder e seu favoritismo. A presença de Orsi na corrida poderia enfraquecer essa aliança e transformar a eleição numa disputa muito mais acirrada. Sem Orsi na parada, Jonas vence fácil no primeiro turno.

Não há pesquisa conhecida do público que mostre o quanto Orsi teria de eleitores numa eventual candidatura, mas creio que a intenção de votos nele surpreenderia os caciques atuais.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Artur Orsi candidato a prefeito de Campinas?



A decisão ainda não está tomada, mas o convite já está feito: o vereador Artur Orsi, atualmente no PSDB, só não será candidato a prefeito, pelo PL (partido a ser fundido com o PSD) se não quiser.

O convite foi feito em Americana, informa o Blog da Rose, pelo presidente nacional do PSD, Guilherme Campos e pelo cacique do partido, Gilberto Kassab, atual ministro de Cidades.

Para ser candidato, Orsi terá de sair do PSDB, partido do qual seu pai foi fundador e única agremiação até hoje do vereador.  
É uma decisão difícil pelo aspecto emocional. Pelo aspecto prático, ele já deveria ter saído do ninho tucano, onde os deputados Carlos Sampaio e Célia Leão imperam, sem dar chance a qualquer outra liderança de aparecer.

A votação que ele obteve para vereador – a maior da última eleição – o credencia a voos mais altos, mas a cúpula do PSDB jamais lhe forneceria as asas.

A votação alcançada é consequência não de uma campanha milionária com grandes apoios políticos. Orsi praticamente foi à luta sozinho e com parcos recursos. O resultado da eleição foi amparado pelo seu histórico de honestidade e de oposição.

Acostumado a confrontar os poderes municipais durante o governo de Hélio de Oliveira Santos (PDT), quando enfrentou, na Câmara, não só a base aliada do prefeito, mas também o governo federal, cujo partido, o PT, era aliado de Hélio e tinha grande influência na cidade – Orsi não mudou sua postura no governo atual, eleito em uma aliança com seu próprio partido. 

Ao perceber que seria automaticamente da base aliada, rebelou-se e manteve a postura fiscalizatória que a função de vereador exige. Recusou as benesses do poder e passou a denunciar mazelas da administração municipal, horando o voto que lhe foi dado.

A postura o tornou um “patinho feio” dentro do PSDB local, mas sua dignidade repercutiu na cidade e hoje ele é sinônimo de político honesto e combativo. São poucos os políticos que hoje no Brasil podem ostentar esses adjetivos. Em Campinas, acho que nenhum.

Orsi candidato a prefeito seria um fato novo na política, como já escrevi aqui, para enfrentar o hoje favorito Jonas Donizette (PSB), prefeito da cidade e candidato à reeleição.

Mas para enfrentar a aliança hoje formada em torno do prefeito, Orsi precisa também de alianças. Uma delas, aventada por Guilherme Campos, seria o PMDB. Caso ela se confirme, Orsi teria tempo suficiente na TV para enfrentar Donizette.  E um partido experiente a lhe dar sustentação.

Caso Orsi tope a parada que ora lhe oferecem, a cidade poderá ter, ano que vem, uma verdadeira disputa eleitoral. 

BNDES - escândalo muito maior que o Petrolão

Reproduzo aqui notas da coluna do jornalista Cláudio Humberto (http://www.diariodopoder.com.br/), sempre bem informado. As notas foram publicadas ontem, 19 de maio.

MPF investiga BNDES e pede mais de 60 prisões

Após minuciosa investigação no BNDES, uma força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão de mais de 60 suspeitos. O caso é tratado sob sigilo, mas, segundo fonte ligada às investigações, o MPF devassa operações do BNDES no Brasil e também no exterior, além dos aportes bilionários que o tornaram sócio de empresas. Os pedidos de prisão incluem executivos do banco e de grandes corporações.

Mais que Lava Jato

Ainda não há estimativa dos desvios ocorridos no BNDES, mas representariam várias vezes os R$ 6,2 bilhões roubados da Petrobras.

Expectativa

A Justiça pode não atender os mais 60 pedidos, mas espera-se que muitas prisões sejam decretadas na investigação do BNDES.

Esmiuçando

O MPF esquadrinha os principais negócios realizados à sombra ou com recursos tomados pelo BNDES junto ao Tesouro Nacional.

Tudo é investigado

Além de desvios, são objetos da investigação denúncias de tráfico de influência e de pagamentos indevidos a executivos e a políticos.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Bolivarianismo no STF

A aprovação do advogado Luiz Edson Fachin para a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal (STF) mostra que o governo petista ainda tem força e pode enfiar goela abaixo dos brasileiros as coisas mais terríveis que podemos imaginar.

Pois agora saberemos se o Fachin que vai se sentar nas cadeiras da mais alta corte de Justiça do país é o que escreveu várias asneiras em relação à propriedade privada e à família, ou se é o Fachin que, na sabatina no Senado, não teve coragem de defender o que havia escrito e se contradisse algumas vezes e, em outras, ficou em cima do muro, usando recursos discursivos para não dizer nem uma coisa nem outra. Um covarde e oportunista, no mínimo.

Vamos poder saber também, com o passar do tempo, se o Fachin do STF vai ser aquele que vê a Constituição como algo que pode ser interpretado de modo exótico e até às avessas, como ela já afirmou em alguns textos que assinou, ou se será o Fachin que, na sabatina, jurou fidelidade eterna às letras e linhas de nossa lei maior.

Eu desconfio que o eleitor declarado da Dilma, aquele que disse que “tinha lado”, vai ser o que vai vingar no STF. Ele vai compor, junto com a maioria dos juízes supremos, a bancada governista do tribunal. Porque um homem que perseguiu o cargo há anos, tentou por várias vezes ter seu nome indicado e, para conseguir, foi bajular os poderosos da hora, mesmo sabendo que eles praticavam corrupção como quem escova os dentes, dificilmente terá sido honesto durante a sabatina no Senado.

A base aliada ao governo petista e o próprio PT, com ajuda de pelo menos um tucano – que preferiu ser bairrista e jogar seu nome na lama – escolheram o pior e o Brasil arcará com as consequências. É assim que se constroem as venezuelas da vida.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Lula prefere meritocracia que política de cotas

Fico sabendo pelo ótimo blog “O Antagonista” que Lula quer encurtar o mandato da direção nacional do PT. É uma espécie de golpe e como Lula se diz de esquerda, não é surpresa que ele queira trocar assim algo que não o está agradando.

Mas a história é mais curiosa – e reveladora – ainda. Acontece que para “dar o exemplo” nessa absurda política de cotas que o PT instituiu em vários setores da sociedade, mas principalmente no acesso a universidades, o partido trouxe para a sua direção nacional o mesmo sistema.  Mulheres, negros, jovens e outras “minorias” foram contempladas com lugares na direção do partido. 

Claro que o que motivou os “pensadores” petistas foi o fato de que, tenha quantos membros tiver, quem vai mandar são sempre os líderes, sejam eles Lula ou Zé Dirceu ou os mais próximos desses dois.

Mas parece que o partido não contava com o tamanho da crise em que se meteu e meteu o país. Com os índices de popularidade despencando, com rebeliões em bases sociais e políticas e com a Polícia Federal  batendo na porta quase que diariamente de petistas, o partido está precisando de reações à altura para tanto, digamos, antagonismo. 

E muitos membros do alto escalão do partido, escolhidos não pela qualidade que eles têm como políticos, líderes ou pensadores, mas pelo fato de pertencerem a alguma minoria e se encaixarem na política de cotas, não conseguem responder, mesmo que timidamente, às enormes demandas atuais.

Lula quer de volta gente como Gilberto Carvalho, Ricardo Berzoini, Edinho Silva e Marco Aurélio Garcia, que podem ter feito o diabo contra o Brasil – e fizeram mesmo – mas, convenhamos, têm capacidade para um discurso um pouco mais substancioso na enormemente difícil tarefa de defender o PT da infinita série de sérias acusações que o partido sofre hoje.

Resumindo: o que o PT quer hoje para a sua direção nacional é o mesmo que os críticos da política de cotas querem: que ocupem as vagas (e os cargos, no caso) aqueles que têm competência. Que o critério para galgar postos em qualquer lugar da sociedade seja o da meritocracia.