sexta-feira, 3 de julho de 2015

A hora do PMDB


O cheiro de podridão emanado do Palácio do Planalto já está incomodando até o nariz do PMDB. E olha que esse nariz já cheirou de tudo em politica. Vários de seus membros lamberam as botas dos militares durante a ditadura, puxaram o saco de Collor, participaram da era FHC e, depois, se aboletaram no PT, onde o caráter adesista de um coube certinho no figurino corrupto de outro. Foi um casamento perfeito dentro do que eles consideram governar, ou seja, fazer uma coisinha aqui outra ali e se se fartar dos cofres públicos em proveito próprio.

A aliança entre PT e PMDB se mostrou a mais longa no período pós-ditadura. Pareciam ter sido feitos um para o outro.

Só que a farra petista foi tanta – e dela participou ativamente o PMDB – que não houve jeito mais de o governo esconder as mazelas. A corrupção explodiu, a economia desandou e Dilma, que já não dizia coisa com coisa há muito tempo, passou a soltar glossolalias por aí, com direito até a uma saudação à mandioca que, convenhamos, equivale a bater continência para poste.

Só que o PMDB, que de bobo nunca teve nada, percebeu que poderia ficar a cavaleiro na situação: poderia abandonar o barco a hora que quisesse e ainda ascenderia mais ainda ao poder. Como tem enorme bancada, sem a qual o PT jamais conseguirá maioria, pode fazer o que lhe der na telha que não será abandonado.

Como tem o vice, se ajudar a derrubar a titular, vai ficar com a coroa e, se souber costurar apoios (e isso ele tira de letra), governará o resto do mandato tomando as medidas necessárias para o Brasil sair do buraco em que o PT, com a ajuda do PMDB, diga-se, o meteu.

Como um processo de impeachment depende basicamente dele, só o desencadeará se tiver garantida a permanência do vice. Assim, quem pensa que Dilma vai cair pelo malfeitos durante a eleição como  compra de votos, uso da máquina pública e caixa 2, para ficar nos crimes mais notórios, que anulariam a eleição e levariam o vice de roldão – pode tirar o cavalinho da chuva. Se Dilma cair será por um crime solitário, tipo “pedalada fiscal”, omissão criminosa ou algo parecido.

Pois o que se discute agora não é mais como Dilma seria derrubada e sim o desejo de Michel Temer. Ele quer garantir, se for presidente para completar o mandato de Dilma, a possibilidade de se reeleger. É nesse ponto, por enquanto, que a porca está entortando o rabo.

Partidos como o PSDB, o PSB e outros estão acabando com a reeleição e, para tanto, está sendo aprovado o mandato de cinco anos para os eleitos para cargos executivos em 2018. E caso Temer faça um bom fim de governo – e isso é possível com o PT fora do poder – ele poderá ser reeleito para mais cinco anos, o que colocaria por terra planos de muitos presidenciáveis atuais, já que nova eleição só ocorreria em 2023.

Se esse nó for resolvido, não há dúvida, o PMDB abandona o barco de vez, deixa Dilma segurando a brocha e dá todo apoio às medidas que a tirarão do poder, juntamente com seu corrupto partido.

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