O cheiro de podridão emanado do Palácio do Planalto já está
incomodando até o nariz do PMDB. E olha que esse nariz já cheirou de tudo em
politica. Vários de seus membros lamberam as botas dos militares durante a
ditadura, puxaram o saco de Collor, participaram da era FHC e, depois, se
aboletaram no PT, onde o caráter adesista de um coube certinho no figurino
corrupto de outro. Foi um casamento perfeito dentro do que eles consideram
governar, ou seja, fazer uma coisinha aqui outra ali e se se fartar dos cofres
públicos em proveito próprio.
A aliança entre PT e PMDB se mostrou a mais longa no período
pós-ditadura. Pareciam ter sido feitos um para o outro.
Só que a farra petista foi tanta – e dela participou
ativamente o PMDB – que não houve jeito mais de o governo esconder as mazelas.
A corrupção explodiu, a economia desandou e Dilma, que já não dizia coisa com
coisa há muito tempo, passou a soltar glossolalias por aí, com direito até a uma
saudação à mandioca que, convenhamos, equivale a bater continência para poste.
Só que o PMDB, que de bobo nunca teve nada, percebeu que
poderia ficar a cavaleiro na situação: poderia abandonar o barco a hora que
quisesse e ainda ascenderia mais ainda ao poder. Como tem enorme bancada, sem a
qual o PT jamais conseguirá maioria, pode fazer o que lhe der na telha que não
será abandonado.
Como tem o vice, se ajudar a derrubar a titular, vai ficar
com a coroa e, se souber costurar apoios (e isso ele tira de letra), governará
o resto do mandato tomando as medidas necessárias para o Brasil sair do buraco
em que o PT, com a ajuda do PMDB, diga-se, o meteu.
Como um processo de impeachment depende basicamente dele, só
o desencadeará se tiver garantida a permanência do vice. Assim, quem pensa que
Dilma vai cair pelo malfeitos durante a eleição como compra de votos, uso da máquina pública e
caixa 2, para ficar nos crimes mais notórios, que anulariam a eleição e
levariam o vice de roldão – pode tirar o cavalinho da chuva. Se Dilma cair será
por um crime solitário, tipo “pedalada fiscal”, omissão criminosa ou algo
parecido.
Pois o que se discute agora não é mais como Dilma seria
derrubada e sim o desejo de Michel Temer. Ele quer garantir, se for presidente para
completar o mandato de Dilma, a possibilidade de se reeleger. É nesse ponto,
por enquanto, que a porca está entortando o rabo.
Partidos como o PSDB, o PSB e outros estão acabando com a
reeleição e, para tanto, está sendo aprovado o mandato de cinco anos para os
eleitos para cargos executivos em 2018. E caso Temer faça um bom fim de governo
– e isso é possível com o PT fora do poder – ele poderá ser reeleito para mais
cinco anos, o que colocaria por terra planos de muitos presidenciáveis atuais, já
que nova eleição só ocorreria em 2023.
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