Em artigo publicado na Folha de hoje, o ex-ministro Guido
Mantega diz que as vaias e xingamentos que têm recebido em qualquer lugar
público que apareça, não mudaram seu modo de ver as coisas: continua errando também
no campo do pensamento. Ou, como fez como ministro, continua tentando enganar a todos.
Depois de elogiar a democracia que o Brasil vive, diz o
ex-ministro que “O Brasil, o entanto, parece caminhar em terreno perigoso. Há
algo diferente no ar. Algo que ameaça essa pluralidade. Trata-se do fantasma do
autoritarismo, raiz de golpes, que, infelizmente, se manifesta de forma
corriqueira, sempre pronto a agir no dia a dia das pessoas.”
Pois se Mantega tem razão em ver ameaças, erra ao não
identificar a origem desse autoritarismo que vê ameaçando o Brasil. Eu digo: é
o governo petista, do qual ele fez parte durante muito tempo. Não foi e não é a
oposição que sempre apoiou regimes autoritários. Se algo ameaça nossa
democracia é a convivência e os elogios que os petistas dos mais altos coturnos
fizeram e fazem a governos como de Cuba, da Venezuela e de ditaduras africanas.
Foi o próprio Lula que, ao visitar uma ditadura africana, cujo ditador está há
quase quatro décadas no poder, disse que ali estava para saber como se manter
no poder durante tanto tempo. Ora, todos sabem como se manter assim: basta
mandar matar a oposição. Era isso que Lula queria aprender ali?
Mas o ex-ministro, que se notabilizou por maquiar as contas
públicas para esconder déficits e prejuízos, afirma que “qualquer cidadão tem o
direito de discordar do que fiz como ministro da Fazenda, mas no terreno das
ideias, do debate. A agressão, a injúria, a difamação são inaceitáveis e devem
ser respondidas dentro da lei.”
O problema é que a discordância apenas no terreno das ideias
e dos debates não trouxe efeito algum contra sua escandalosa política
econômica: os efeitos dela os brasileiros estão sentindo hoje na pele. Ou seja,
ele prega uma oposição apenas no campo das ideias, mas as ideias dele se tornaram
realidade e desgraçaram o povo brasileiro a cada canetada. A raiva que os
brasileiros têm hoje do que ele representa não cabe apenas nas ideias e num
debate polido: as vaias e o xingamento em público são as respostas, ainda
civilizadas, de uma população que hoje se vê enganada por ele e pelo governo ao
qual ele serviu.
Em seguida ele cita a intolerância que tem havido por aí – e
altamente condenável, claro – como exemplo perigoso do que tem ocorrido com ele
e com outros políticos da mesma laia. Mas faltou dizer que o grande
incentivador dessa intolerância foi o PT e, principalmente Lula. Desde os
primeiros anos do governo petista, Lula tem feito discursos raivoso onde cita
uma tal de “elite” como sua inimiga. Chegou a citar literalmente o “cidadão
loiro e de olhos azuis” como a figura a protestar contra ele. Os oposicionistas
atuais que estão saindo às ruas são classificados de “coxinhas” e outros
adjetivos pejorativos pelo governo e pelos petistas. Para o PT e para a
esquerda em geral, quem não comunga com suas ideias é “reacionário”, “fascista”
ou adjetivos semelhantes que, se formos analisar friamente, são mais adequados
às práticas que a esquerda vem promovendo ao longo da história. Portanto, a intolerância,
senhor Mantega, tem origem facilmente identificável: está na esquerda e no
partido ao qual o senhor serviu tão fielmente.
Ao citar seu próprio caso, que ele procura minimizar, mas
que é o motivo explícito do artigo, ele diz que as manifestações extrapolam “o
limite da convivência e o direito à liberdade.” Ainda não extrapolaram, não. Quem extrapolou, e muito, foi o
governo petista, que, repito, desarrumou a economia do Brasil, mentiu descaradamente
durante a campanha – e para consubstanciar essas mentiras muito contribuíram as
maquiagens que Mantega promoveu nos balanços e relatórios do seu Ministério – e
roubou dinheiro público como nunca antes nesse país um governo havia roubado.
Depois ele cita atentados cometidos por terroristas mundo
afora como exemplos de até onde a intolerância pode chegar. Pois bem: o governo
petista jamais condenou tais atentados, ao contrário, Dilma teve a coragem de
dizer na ONU que os terroristas do Estado Islâmico, que decepam cabeças de inocentes
em praça pública sem qualquer julgamento, deveriam ser chamados para o diálogo
numa mesa de negociações, fazendo o Brasil, mais uma vez, ser ridicularizado perante
o mundo civilizado.
Pois o fim desse governo que aí está, via impeachment ou
qualquer outro ato dentro da legalidade, é condição essencial para que o país
se livre do autoritarismo populista e da intolerância que tanto desgraçam a
nação e dê novos caminhos à economia que o senhor e sua equipe degradaram,
enganando a população com o único objetivo de continuar no poder.
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