Quando o então prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos
(PDT, cassado por corrupção) anunciou uma nova rodoviária para Campinas, todos
elogiaram. Mas os elogios, pelo menos de minha parte, cessaram assim que foi
anunciado o local para a construção: a cerca de 500 metros de distância da
antiga estação, a nova rodoviária não resolveria talvez o mais grave problema
da antiga: o fluxo de trânsito. O local escolhido é passagem de várias
avenidas, fica num bairro densamente povoado e longe, bem longe, das inúmeras
rodovias que passam pelo município.
Mas a nova rodoviária foi construída assim mesmo – eu fui praticamente
a única voz na cidade contra o local do prédio – e privatizada, sem qualquer
protesto do PT, por exemplo, então aliado do prefeito. Cito o silêncio do PT
porque atualmente o partido anda berrando contra a privatização de alguns
setores da Prefeitura, mas contra a nova rodoviária e contra a privatização do
Hospital Ouro Verde, ambas no governo do aliado, o partido enfiou o rabo entre
as pernas e se calou, provando que coerência só há quando interessa ao projeto
de poder.
Eu dizia também à época que não existia projeto de ocupação
da área da antiga rodoviária. Aquele prédio inacabado poderia ficar ali, ao
relento, servindo de abrigo a mendigos, marginais e outros membros dos
problemas sociais que vicejam na cidade.
Mas o governo municipal resolveu implodir o prédio. A medida
era boa, claro, desde que houvesse projeto para o terreno. Não havia. E mesmo a
implosão foi quase um fiasco: deixou em pé várias estruturas que tiveram que
ser derrubadas a marretadas.
A implosão aconteceu em 2010 e até hoje, cinco anos depois,
o terreno está lá, vazio, com problemas legais e sem que seus proprietários ou
o poder público tomem qualquer iniciativa de dar um destino saudável àquela
enorme e valorizada área.
Pois agora o atual prefeito, Jonas Donizette (PSB), informa
que empresários de uma rede de hospitais o procuraram mostrando interesse pela
área. A informação ganhou destaque na imprensa de Campinas e o Correio Popular –
sempre otimista com as informações oficiais – tratou o assunto como manchete do
dia.
Claro que a construção de um hospital naquela área seria muito
bom para Campinas. Mas o histórico de anúncios fajutos na cidade, desde o
governo do “doutor” Hélio, faz com que fiquemos devidamente ressabiados.
Para aquele mesma área já foi anunciado um centro de compras
popular, um enorme hotel com um shopping center e sei lá o que mais.
Para Campinas, desde o governo anterior até o atual, já
foram anunciados um centro de convenções, um trem-bala, um sistema de ônibus
rápido com avenidas exclusivas, um teatro de ópera, a revitalização do Centro,
o desassoreamento da Lagoa do Taquaral, o fim da espera nos postos e centros de
saúde etc.
E se alguém consultar o Programa de Metas do atual governo,
publicado no Diário Oficial de 2 de abril de 2013, perceberá que inúmeras das metas
foram ali colocadas como retórica, material para inglês ver, conversa mole para
boi dormir, pois muitas ações previstas para 2013 e 2014 foram sequer
iniciadas.
Assim, diante de tantos factoides deste e do governo
anterior, o anúncio do prefeito de uma boa solução para a área da antiga
rodoviária deve ser visto com as devidas precauções. Não fará mal para ninguém
ter uma boa dose de ceticismo perante a notícia. Afinal, anunciar e não
realizar e prometer e não cumprir são ações corriqueiras nos últimos prefeitos de
Campinas.
"Claro que a construção de um hospital naquela área seria muito bom para Campinas". E não vamos nos esquecer que bem ali ao lado, o velho e abandonado Hospital Coração de Jesus aguarda por um comprador.
ResponderExcluirBem lembrado.
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