Há quem diga que o público menor nas passeatas de ontem, 12
de abril, seria prova de que o governo está ganhando terreno e que os protestos
tendem a diminuir. Ledo engano. O próprio governo viu a diminuição do público
como um fato menos importante que lhe servirá apenas para ganhar tempo de
pensar em alguma estratégia que o favoreça. Mas, se há tempo, não há ainda
estratégia.
O fato é que o PT, se pretendia governar através de Dilma,
como fez no primeiro mandato, desta vez esbarrou no enorme imbróglio que se
tornou continuar governando o Brasil depois de 8 anos de Lula e 4 de Dilma.
Em primeiro lugar, e muita gente deve se lembrar, o PT
assumiu sem um projeto de governo. Se tinha aquele em que a dívida externa
seria ignorada, que o parque fabril passaria por estatizações, que a economia
seria totalmente comandada pelo governo e que o partido quase único reinaria
soberano e ditatorial, ele morreu quando Lula e Zé Dirceu perceberam que tinham
de mudar o figurino ideológico caso quisessem conquistar o poder.
A Carta de
Recife com juras de cumprimento dos contratos, fidelidade ao mercado e,
principalmente, com respeito às regras básicas da economia produzidas na era
FHC foram não só o passaporte para o poder como a adoção de um projeto sobre o
qual o PT não tinha qualquer domínio. Tanto que chamou Henrique Meirelles, um tucano – eleito deputado
federal pelo PSDB! – para tomar conta do Banco Central e colocou Palocci
(corrupto, sim, mas com uma visão liberal da economia) na outra ponta do
comando da economia do país.
Mas, nem como essa guinada a favor da governança, o PT teria
tido sucesso em sua empreitada não fossem as circunstâncias da economia mundial
que, de 2004 a 2007/8 foram por demais positivas para os países em
desenvolvimento em geral e para o Brasil em particular.
Lembram quando Obama disse que Lula era “o cara”? Pois foi
em 2009 e ele estava se referindo ao crescimento do PIB brasileiro dos últimos
3 anos que havia sido, na média, 5%. O PIB de 2009, que resvalou no zero, já refletia
a crise mundial e, de 2009 a 2013, a média foi de 2,6% que, se crescida do 0,1%
de crescimento de 2014, diminui ainda mais.
Ou seja, enquanto a economia mundial sorriu, enchendo o
Brasil de dólares por nossas commodities, o “programa” do PT funcionou. Sem o
recurso externo, as políticas econômicas se mostraram todas fracas e prontas a
cobrar seus preços imediatamente. Assim, o fim da diminuição do IPI na indústria
automobilística e na linha branca de eletrodomésticos já provoca queda de mais
de 20% na produção e milhares e milhares de demissões. Isso pra ficarmos só num
exemplo. A previsão mais otimista é
que vai piorar um pouco e a mais pessimista
é que vai piorar muito.
Agora, quando a fatura da farra a que o PT submeteu o país,
não só derrapando na economia com medidas populistas e demagógicas, mas
promovendo um mar de corrupção, o partido perdeu o rumo. Com as pesquisas
indicando que a população se sentiu traída por ter votado em quem votou, com
apenas 13% de aprovação e 60% de reprovação (ruim e péssimo) a presidente não
tem mais as mínimas condições de governar.
Os protestos que, mesmo com menos gente, se espalharam por
mais cidades, mostraram que não dá mais para continuar do jeito que está. O “Fora
Dilma” é um recado claro. O “Fora PT” não deixa dúvida de um sentimento de
repulsa ao um partido inepto e corrupto ao extremo. O impeachment, mesmo sendo
um caminho complicado, está na boca do povo – 77% acham que ele deveria
ocorrer.
Se a economia tende a piorar – no sentido de exigir mais
sacrifícios ainda da população – o futuro imediato do Brasil será o caos caso
ele continue a ser dirigido, pelo menos oficialmente, por Dilma e pelo PT. A terceirização
a que Dilma submeteu seu próprio governo, não será suficiente para saciar a
vontade da população de ver esse partido e tudo que ele hoje representa, se
definhar longe do poder no Brasil.
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