A prisão de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, por
suspeita de corrupção, expõe o maior partido brasileiro ao seu maior vexame
desde que foi criado há mais de 20 anos. Isso porque a prisão o pegou em pleno exercício
de suas funções, ou seja, ele é um representante da mais alta cúpula do partido
e se a Justiça tem razões suficientes para prendê-lo temporariamente (o que
significa que ele só será solto se a própria Justiça entender que pode soltá-lo)
é porque ele está mesmo envolvido no que a Justiça desconfia estar. Caso
contrário, mesmo com toda coragem que vêm demonstrando os bravos homens da Justiça
Federal do Paraná, seria muito arriscado tirar de circulação um dirigente do PT
desse coturno sem que fatos mais que concretos estivessem a justificar a
decisão.
Tanto assim é que um dos promotores disse, na entrevista
coletiva que se seguiu à prisão, que Vaccari vem operando de forma ilegal para
o PT há cerca de 10 anos. O que prova que a PF já juntou inúmeras provas de que
o atual tesoureiro é useiro e vezeiro da prática da “propinagem”, prática essa
tornada quase uma instituição no governo federal desde que o PT dele se
apossou.
O PT, tão esperto em suas ações para se livrar de acusações
mais diretas, parece também estar perdendo o rumo. Manteve seu tesoureiro no
cargo apesar de muita gente no partido pedir sua saída – espontânea ou forçada –
para que não sofressem o desgaste de ver mais um de seus altos dirigentes preso
ainda oficialmente ligado ao partido.
O fato é que talvez seja mais difícil
abandonar Vaccari ou proporcionar uma espécie de prova de seus atos irregulares expulsando-o do partido. Por ser petista de primeira hora e ter subido na hierarquia partidária
junto com todos os outros figurões, deve ter visto e vivido muita coisa. E pode ter ameaçado todo mundo com o
que sabe.
A prisão de Vaccari provocou uma reunião de emergência entre
o presidente e o chefe do PT. Falcão e Lula se reuniram em São Paulo, num encontro
que não estava programado e que não deve ter dado nem tempo de esconder da
imprensa.
A reunião urgente demonstra a preocupação do partido com a prisão.
Agora, o tempo dirá se Vaccari vai resistir ao interrogatório como fez na CPI,
onde estava protegido pelo STF, por advogados caríssimos e por uma turminha de
petistas na plateia.
Na fria cela da prisão paranaense, terá tempo de
refletir se vale a pena ficar calado e passar para a história como herói da escória
política do Brasil ou se conta o que sabe, assume sua culpa, se livra de uma
pena maior e ajuda a colocar na cadeia os verdadeiros chefes da quadrilha que
vem roubando bilhões e bilhões do Brasil há mais de 12 anos.
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