segunda-feira, 20 de abril de 2015

Por que defendo o impeachment


A semana começa e nada indica que a crise caminha para um desfecho melhor para o país. Tenho defendido a saída do PT do poder, seja por impeachment, seja por julgamento do STF, seja por renúncia ou qualquer outra via legal, constitucional. Tenho rebatido quem fala em golpe militar (nem pensar!!!) ou a tal intervenção militar que tem aspecto legal, mas não tem garantia alguma de que, depois, viraria golpe. E tirar alguém do poder pela força das armas seria confessar nossa incapacidade civil de resolver nossos problemas políticos. Rebato dizendo que há mecanismos legais menos 
traumáticos para nos livrarmos desse governo que está desgraçando o Brasil.

Com um governo terceirizado – economia nas mãos de um liberal tomando medidas que o próprio PT contesta; coordenação política nas mãos do presidente do PMDB, o primeiro interessado num impeachment; movimentos levando milhões às ruas pedindo a saída do PT do poder; inflação voltando e não dando sinais de arrefecimento; desemprego comendo solto; modernização das relações trabalhistas barradas por retrógrados partidos de esquerda e suas soviéticas centrais sindicais; e um mar gigantesco de corrupção que cresce a cada dia, a cada delação premiada. Tudo isso provando que esse governo – e esse partido – não tem mais a mínima condição de continuar à frente de um país cujo orçamento já passa da casa do trilhão de reais.

E é nesse cenário, de total ingovernabilidade, que surge o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se colocando contra qualquer processo de impeachment. Sempre admirei FHC e continuo considerando-o o melhor presidente que o Brasil já teve.  A campanha que o PT fez e faz para destruir a bendita herança por ele deixada é a maior prova da qualidade de seu governo.  Mas nessa questão ouso dizer que FHC está pisando na bola.

Até entendo que a preservação dos ritos eleitorais, com governos sendo eleitos e tomando posse sem qualquer interrupção, é um dos maiores pilares da democracia. E FHC sempre quis preservar a democracia e jamais escondeu sua alegria em terminar seu governo e entregá-lo a um presidente eleito, mesmo que esse eleito fosse o líder da oposição ao seu governo.

Dizer, como ele disse, que impeachment não deve ser uma tese e que são necessários fatos que comprovem a improbidade ou qualquer outro crime para que o processo seja instaurado, demonstra, ele que me desculpe, que nosso grande sociólogo não está acompanhando de perto o governo petista. Uma amiga postou no Facebook reportagem com FHC contra o impeachment.  Comentei, contestando  a opinião de FHC, afirmando que Dilma cometeu crimes sim, pois foi beneficiada com a corrupção, já que  políticos foram comprados para dar apoio ao governo dela, como já havia ocorrido com Lula; usou a máquina pública na eleição e reeleição; teve caixa 2 já confessado por empresários; seu partido recebeu dinheiro do exterior durante a campanha, o que é proibido por lei e realizou as "pedaladas fiscais”, crime previsto na Lei da Responsabilidade Fiscal.

Pois um amigo dessa amiga, que não conheço, também comentou o post, discordando de FHC e afirmando que “a crise que hoje vivemos (inflação e desemprego) é a prova de que houve desrespeito à Lei das Diretrizes Orçamentárias, elaborada exatamente para que o executivo se mantivesse dentro do orçamento por ele proposto e aprovado pelo Congresso. Isso sem falar em Petrolão, em uso da máquina pública, mentiras da campanha e por aí vai...”

Vejam só, em apenas duas cabeças, seis motivos para que se instaure um processo de impeachment, como está previsto na Constituição. Será que FHC não viu nenhum deles? Acho difícil e não entendo como uma pessoa esclarecida como ele pode defender a continuidade de um governo que se tornou totalmente ilegítimo ao mentir descaradamente durante a campanha, ao não cumprir leis básicas para manter a economia estável, ao mudar uma lei para não ser acusada de crime de responsabilidade e ao patrocinar ou, no mínimo, ser conivente com uma corrupção como jamais se viu no Brasil e, arrisco dizer, no mundo, tamanho o volume da roubalheira só na Petrobras.

Por isso tudo, e por tornar o Brasil um país dilacerado ao tentar impor uma ideologia de esquerda, por fazer alianças com ditadores e governantes que tratam a oposição a tiros, por defender governos autoritários e antidemocráticos, por tentar se perpetuar no poder comprando votos com programas sociais, e por muito mais, é que defendo o impeachment.

A saída do PT do poder é o primeiro passo para que o Brasil retome o caminho da decência – mesmo que Michel Temer seja seu sucessor – e do desenvolvimento, já que as medidas que Levy vem tomando serão inócuas se o mundo não voltar a confiar no governo brasileiro. E no governo petista, até petistas já não confiam mais. 

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