A Câmara dos Deputados pode aprovar hoje mais uma estrovenga
jurídica: a obrigatoriedade do diploma do curso de Jornalismo para se exercer a
profissão de jornalista. O Supremo Tribunal Federal já se pronunciou sobre a
matéria e deixou claro que a obrigatoriedade fere cláusula pétrea Constituição,
pois atenta contra a liberdade de expressão.
Mas, mesmo assim, embalados pelo lobby de entidades de
jornalistas aparelhadas pela esquerda e pelo PT, muitos deputados tendem a
votar a favor da obrigatoriedade. Se for aprovada a PEC, o tema será remetido
novamente STF, para que ele perca um enorme tempo e discuta
novamente o que já discutiu e julgou. Se o STF for coerente com a Constituição –
e isso é obrigação dele – vai rejeitar novamente a estrovenga, como fez em
2009.
Além do aspecto jurídico claramente exposto pelo STF para
recusar a obrigatoriedade, há o aspecto político da coisa. As faculdades de
Jornalismo do Brasil – a maioria particular e cara – se tornaram um clube da
esquerda, onde só ministram aulas professore engajados com o pensamento marxista,
gramsciano ou algo parecido. O
aparelhamento faz com que, todo ano, sejam formadas turmas de jornalistas que
vão para as redações achando que o patrão deve ser extinto, que a imprensa deve
ser controlada pelo governo (desde que seja de esquerda ou do PT), que o bom
mesmo é um cargo público na Agência Brasil, num ministério ou numa estatal.
Liberdade
de expressão, reportagem investigativa, imprensa livre e independente e são “coisas da direita”, de “reaças” ou de “burgueses”.
Para eles, a Rede Globo, por exemplo, incute no povo um pensamento hegemônico
de direita que tem como objetivo perpetuar a exploração do trabalhador, visando
unicamente lucros cada vez maiores em detrimento do bem estar da população.
Para a maioria deles, imprensa boa mesmo só existe em Cuba e na Coreia do Norte.
Entrei para
o jornalismo em 1977, como repórter. Sabia escrever, mas não tinha a técnica
jornalística. Ela me foi ensinada por uma jornalista (me desculpe, mas não me
lembro do nome da moça) em 15 minutos, ao corrigir meu primeiro texto: “Isso
não pode, nem isso, isso é assim e isso é assado”. Escrevi de novo, submeti o
texto ao secretário de Redação e ele foi publicado na íntegra no dia
seguinte. Faculdade? Tinha feito um ano
de Comunicação na PUC de Campinas e um ano de básico para Humanas na Unicamp. Ah,
lia jornal todo dia, o Pasquim desde o primeiro número, tinha lido todo Machado
de Assis e vários outros autores nacionais e estrangeiros. E era contra a ditadura da época, como sou
contra até hoje, seja de direita ou de esquerda.
Fui entrar
numa faculdade novamente em 1981, quando o aparelhamento de esquerda ainda
engatinhava, quatro anos depois de constante exercício da profissão. A falta do
diploma estava atrapalhando novos empregos e fui atrás dele. “Comprei-o” em 48
prestações mensais altíssimas, difíceis de pagar para os salários que recebia
na época. O que aprendi nesses quatro
anos e que me serviu na profissão? Nada.
Parabéns pelo texto. Infelizmente as faculdades vendem diplomas mesmo e o ensino está bem longe da realidade.
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