quinta-feira, 16 de abril de 2015

Os marajás da Prefeitura

Você já ouvir falar em greve dos advogados da Prefeitura? Não ouviu, né? Ninguém ouviu. Eles jamais entraram em greve. Por quê? Porque, pelo menos aqui em Campinas, ganham uma nota preta, muito acima dos outros servidores e até mais que o prefeito.

Com uma rápida pesquisa no portal da Prefeitura, onde estão dispostos os salários dos servidores mês a mês, dá pra se ter uma boa ideia de quando ganham os advogados municipais, chamados de “procuradores”. O menor salário que encontrei para um “Procurador” foi de R$ 15.325,00. Mas só encontrei um com esse valor. Quase todos os outros passavam de 20 mil, outros passavam de 30 mil e, pelo menos um recebeu, no mês de março, a R$ 45.457,00.

Fiz essa pesquisa porque acabo de ler que o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB) enviou à Câmara um projeto de lei que, segundo o Blog da Rose, “divide igualitariamente entre os procuradores da Prefeitura de Campinas a verba de sucumbência, que são honorários advocatícios recebidos de ações impetradas pelo município contra o contribuinte devedor. O valor é pago para os 135 procuradores (ativos e aposentados)”.

É isso mesmo que o caro leitor leu: os advogados que trabalham para a Prefeitura recebem um extra, chamado “verba de sucumbência”. Cada vez que um processo termina e a Prefeitura consegue receber de um contribuinte devedor, parte da grana vai para o advogado. E quando há campanha para pagamento de débitos antigos, a grana fica muito maior ainda, porque muitos acordos são feitos.

Ué? Mas o advogado já não é contratado, por um ótimo salário, para fazer isso mesmo? Pois é. Além do ótimo salário, tem esse extra que, segundo a Prefeitura, chega a ser, em média, de R$ 5 mil por mês. Quanta gente, na própria prefeitura, não gostaria de ganhar só esse extra, hein?

Já pensou se cada médico resolvesse que deveria ganhar um extra por operação realizada no Mario Gatti ou no Ouro Verde? 

Ou se cada professor quisesse mais 5 mil por mês a cada mês de aulas dadas?

Ora, os trabalhos de uns e de outros não podem ser diferenciados a ponto de uma classe exclusiva receber uma bolada extra por fazer o que é sua obrigação e par a qual já ganha muito bem.

Por aí se vê a razão pela qual advogado da Prefeitura não faz greve. Eles estão mais que satisfeitos com o que ganham.

Pra encerrar, só algumas perguntinhas: por que essa verba extra também é dividida com os procuradores aposentados? Se é pelo trabalho de ganhar uma ação, por que pagar também o aposentado que não defende mais a Prefeitura? 

E quando a Prefeitura perde uma causa, a grana que ela ia receber caso ganhasse não é descontada dos salários dos procuradores? Tá bom, eu sei que não, mas perguntar não ofende, né? 

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