Ficou famosa a foto em que o então deputado André Vargas
(PT) exercendo a presidência da Câmara, ao receber o então presidente do
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ergueu o braço e, com a mão fechada,
fez o mesmo gesto que os dois líderes petistas, Zé Dirceu e José Genoino,
condenados por corrupção, fizeram ao entrar no presídio para cumprir a pena que
lhes foi imposta pela mais alta corte de Justiça do país.
Vargas se associava assim aos criminosos e destratava não só
o juiz ali presente, mas o próprio STF que, num julgamento histórico, expôs a
face corrupta do governo Lula à execração nacional.
A associação, hoje se vê, não foi apenas por motivos
ideológicos. Aquela quadrilha que o STF fez questão de mandar para a prisão tinha
em André Vargas um de seus componentes que, talvez por razões de esperteza, não
tenha sido apanhado. Mas já era ladrão contumaz dos cofres públicos e, por
isso, expunha, com arrogância e soberba, sua “solidariedade” aos outros ladrões
que Barbosa tinha ajudado, e muito, a mandar para a cadeia.
Talvez crente da que a punição que alcançara seus chefes de
gangue se estancaria ali e ele estaria impune ad eternum, se arriscou ao gesto,
sem sequer imaginar que naquele pulso erguido se encaixaria, pouco tempo
depois, uma das pulseiras de um mais que merecido par de algemas.
Vargas foi preso nesta sexta-feira e o principal esquema
corrupto em que se envolveu tinha como “sócia” uma agência de publicidade, tal qual
o mensalão.
Essa agência, a Borghi/Lowe, recebia dinheiro do Ministério da
Saúde e repassava 10% desses valores para duas agências de fachada que eram de
Vargas e de seu irmão. Essas agências emitiam notas fiscais de serviços que não
realizavam.
Foram, segundo as investigações da Lava Jato, 112,2 milhões
de reais, desde 2011, que o Ministério pagou para a Borgui/Lowe. A agência
também assinou contratos com a Caixa
Econômica Federal, que não informou quanto já foi pago.
Assim, o homem do braço levantado que talvez um dia sonhou
ser chamado de herói pela tralha petista que defende seus bandidos, terá outros
usos para esse mesmo braço na prisão, como erguê-lo na hora da chamada, como
pegar a quentinha no almoço e no jantar ou, ainda, para puxar a descarga do
banheiro coletivo que agora vai usar. Tudo muito diferente do que fazia em sua
mansão, num condomínio de luxo em Londrina, provavelmente comprada com o
dinheiro roubado dos cofres públicos e que poderia estar sendo usado para
tratar de saúde de muitos brasileiros.
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