Eu sou contra o desarmamento, sempre fui, por isso publico
aqui o texto abaixo de Alexandre Karamazov. Todo cidadão deve ter o direito de
se defender em situações extremas.
A farsa do
desarmamento no Brasil
Alexandre Karamazov
Em editorial publicado
ontem, o jornal O Globo mentiu sobre o desarmamento. A ignorância
sobre o assunto não surpreende, quando vinda de um cidadão desinformado ou de
algum articulista de esquerda, mas um editorial tão infantil, despreparado e
sem embasamento de um jornal com grande circulação conseguiu me chocar,
algo difícil nos dias surrealistas em que vivemos, com o título
cômico de “Princípio indiscutível”.
Em dado momento, há esta pérola: “É
inquestionável, portanto, que a guerra contra a violência passa,
necessariamente, pela providência de desarmar a sociedade” — é de
embrulhar o estômago. Não poderia haver algo mais mentiroso, ingênuo e
contraditório.
O autor, ou autores,
do editorial deveriam ler o livro de Benê Barbosa e Flavio Quintela: “Mentiram
para mim sobre o desarmamento”, e reescrever outro artigo se desculpando
pelo vexame e desinformação. Para completar o cenário, na parte “Outra
opinião”, que, em tese, deveria ter um contraponto, há um autor defendendo o
porte de spray de pimenta para a Guarda Municipal.
Enquanto à esquerda, literalmente,
havia um texto destruindo a luta de quem quer o direito de comprar uma arma de
fogo pra se defender, na direita, havia o corajoso defensor do spray de
pimenta, que, não duvido nada, deve ter imaginado que o assunto era somente
este e escreveu focando nisso ou houve um mal entendido, porque não é possível
tamanha ingenuidade.
Aproveito e entro num
tema que me é muito importante, inclusive na esfera pessoal, onde luto para
conseguir comprar minha arma de fogo legalmente. O cidadão honesto tem dois
caminhos, de forma resumida, para conseguir sua arma: via Polícia Federal,
alegando uma “necessidade” para a arma, e isso se dá por determinadas
profissões e situações específicas; ou pelo Exército (meu caso), via CR
(Certificado de Registro) nas categorias Atirador, Caçador ou Colecionador.
Para segurar uma arma de fogo, é preciso fazer o psicotécnico, que é longo e
caro (aproximadamente R$ 200,00), e fazer uma prova teórica e prática
(igualmente caras).
Depois disso, você
está apto a praticar em Clubes de Tiro, que são escassos e, não raro, estão
caindo aos pedaços. Somente para poder acessar o site do Exército e solicitar o
seu documento, é preciso ir pessoalmente no quartel e entregar uma parte da
documentação. Depois, você consegue logar no site e visualizar os novos
documentos requeridos. Fotos do prédio/casa, documentações negativas em todas
as esferas (mais burocracia e dinheiro para o Estado, já que é necessário uma
peregrinação nos cartórios), um cofre pra guardar a arma (sim, você precisa
comprar um cofre sem saber se terá direito a arma), segurança comprovada via
foto no prédio, na porta do apartamento, e nada disso tem explicação no site, é
preciso ir no erro e acerto, o que consome tempo e, claro, dinheiro, porque
também é obrigatório estar associado a um clube de tiro, praticar (praticar
como se não temos arma? Brasil, zil, zil!), fazer provas de 3 em 3 meses, e
mais uma série absurda de documentações que, certamente, ainda tiram o tempo
dos militares obrigados a conferir tais papeladas e participar deste circo
montado e gerido pelo Governo Federal.
O processo kafkiano acima
é para um contribuinte que deseja ter um simples revólver em casa para se
defender. Os que defendem o desarmamento, em especial os políticos de esquerda,
tem seguranças armados 24hs por dia, pagos por nós, é claro. No país do
desarmamento, são quase 60 mil assassinatos por ano. Ainda neste país lúdico do
desarmamento, os governantes sempre souberam que os criminosos não entregariam
suas armas e que as mesmas vêm por contrabando, inclusive as fabricadas no
Brasil, que vão pro exterior e voltam ilegalmente, como apontado por qualquer
estudioso sério no assunto.
Há pouco tempo, após o
esfaqueamento do ciclista na Lagoa, no Rio de Janeiro, surgiram piadas pela
campanha do ‘desfaqueamento‘, o que, inacreditavelmente, virou proposta real no
Congresso, com apoio de petistas e pessedebistas, num enredo
quixotesco (já adianto que não entregarei ao governo meu conjunto de
talheres comprados na Casa & Vídeo). O que é piada para eles, o que é
discurso fácil para jornalistas que não se aprofundam com isenção no assunto, é
morte para o contribuinte, que sustenta todos estes parlamentares e membros do
Executivo.
O político privar
o cidadão da liberdade de ter um instrumento de defesa pessoal é dizer a ele:
“Você me paga, paga meu 15º salário, paga a mesada da minha amante, paga meu
implante de cabelo, minhas cabeças de gado, minhas viagens ao exterior e meus
seguranças, mas eu não deixo você ter o básico para tentar se defender numa
situação extrema”.
Em 2006, votamos no
plebiscito sobre o assunto e o Brasil decidiu que não seria favorável à
proibição de venda de armas de fogo no país. Nem desta forma fomos respeitados.
O que se viu foi uma campanha maciça pró-desarmamento, encabeçado pelo PT,
evidentemente, paga, adivinhe! com nosso dinheiro, e que não resultou em
absolutamente nada.
Somente mais assassinatos, mais certeza para os criminosos
de um crime bem sucedido e tranquilo, garantias aos invasores de terra de que
nada lhes acontecerá, porque são intocáveis, mais controle do governo num
assunto que diz respeito tão e somente aos cidadãos, e a lavagem cerebral em
parte da população brasileira que associa arma de fogo à violência, guerra,
ódio, crimes, etc.
Enquanto nos EUA, país
com o maior número de armas de fogo do mundo, os índices silenciam qualquer
argumentação pró-desarmamento, principalmente nos lugares onde a cultura da
arma de fogo está enraizada, desmistificando ainda mais a lógica de ‘mais
armas, mais violência’.
Para o pífio argumento
de que liberando-se as armas a violência aumentará, é sempre bom lembrar o
óbvio: quando alguém deseja matar o próximo, ele o fará. Seja com as famosas
facas Tramontina, um martelo, uma furadeira, uma espada ou até uma inocente bola
de vidro que ornamenta a mesinha de centro.
A arma de fogo é um instrumento,
não um ator principal. A arma de fogo é a certeza de que um povo, em condições
extremas, jamais será subjugado por seus governantes. A arma de fogo é uma
escolha que permite ao cidadão defender ou tentar defender a sua família contra
a violência criada, incentivada e mantida pelos governos populistas de nosso
país. Se a Suíça, com seus indicadores econômicos, de criminalidade e de
educação, permite aos seus cidadãos o acesso às armas, porque o Brasil, nos
últimos lugares em todos os rankings internacionais confiáveis, haveria de
ceifar tal direito?
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