sexta-feira, 26 de junho de 2015

Ex-prefeito estrebucha na imprensa

Acabei de ler a entrevista que o ex-prefeito “doutor” Hélio, cassado por corrupção, deu à jornalista Rose Guglielminetti. Ao terminá-la fiquei com uma sensação de ter acabado de ler um texto de ficção onde a verdade soa apenas como uma improvável figura, onde se fala bobagens e mentiras, muitas mentiras. E o autor desses absurdos todos parece querer pairar sobre a humanidade como um ultraleve ao vento, sem que tempestade alguma possa alcançá-lo.

Esse ex-prefeito de Campinas além de corrupto é, talvez, o maior cara de pau que já passou pela política campineira. E olha que a concorrência é fortíssima.

Ao querer atribuir a culpa de tudo que ocorreu a um único homem, o delator do caso, Hélio revela que não tem outra desculpa a dar. Seu governo era corrupto até a alma. A nomeação da esposa para ser a chefe de Gabinete, um cargo que exige alto conhecimento politico, jogo de cintura e experiência pública foi a prova cabal de que ela estava ali para enriquecer o casal, pois nunca havia participado de qualquer governo nem exercido função púbica. Obviamente, não teria condição alguma de exercer as complicadas tarefas que a chefia de gabinete de uma cidade do tamanho de Campinas comporta.

Aliás, o “chefe” de Gabinete do governo, durante todo o primeiro mandato, foi o secretário de Comunicação e de Cultura, Francisco de Lagos, oriundo também da “república de Mato Grosso” com extensa folha corrida lá pelas bandas do Pantanal. Ele é quem mandava nos secretários todos, com exceção da primeira-dama, que mandava mais que o prefeito.

Já o prefeito fazia o papel de relações públicas de seu próprio governo. Inaugurava pinturas de ruas por aí, fazia “acordos” com Lula para receber caminhões de dinheiro federal e cometia discursos muito parecidos com a entrevista que deu para o Blog da Rose: confusos e mentirosos.

A cada mês anunciava um factoide. Era a revitalização do Centro da Cidade, o Centro de Convenções, o novo teatro, a reforma e ampliação de Viracopos, o novo plano viário da cidade, o VLT e muitos outros que jamais saíram do papel.

Obras mesmo para a cidade ficaram restritas a asfalto e outras melhorias na região do Campo Grande, onde até hoje desfruta de algum prestígio.

Disse que foi cogitado para ser candidato a governador. Nem seu partido, o PDT, sabia disso, tanto é que na convenção que escolheu o candidato, em São Paulo, ele não apareceu e ninguém deu pela falta. Quanto à cogitação para ser ministro, o presidente era Lula e, claro, tudo podia acontecer.

De resto, seu não envolvimento no processo de corrupção, todos sabem, se deu para que as investigações não fossem para a segunda instância e perdessem o foco local. Mesmo porque era impossível a sua esposa chefiar a quadrilha toda e ele não saber de nada. A Câmara, que não precisa tanto de provas materiais, não se enganou e cassou seu mandato e também o do vice, que, claro, também fazia parte da “turma”.

Campinas se livrou de um pesadelo que agora fica estrebuchando na imprensa feito rabo de lagartixa. Espero que dure pouco esse retorno que nem deveria ocorrer. Sem ele o cenário político de Campinas fica menos poluído. 

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