Acabei de ler a entrevista que o ex-prefeito “doutor” Hélio,
cassado por corrupção, deu à jornalista Rose Guglielminetti. Ao terminá-la fiquei
com uma sensação de ter acabado de ler um texto de ficção onde a verdade soa
apenas como uma improvável figura, onde se fala bobagens e mentiras, muitas
mentiras. E o autor desses absurdos todos parece querer pairar sobre a
humanidade como um ultraleve ao vento, sem que tempestade alguma possa alcançá-lo.
Esse ex-prefeito de Campinas além de corrupto é, talvez, o
maior cara de pau que já passou pela política campineira. E olha que a
concorrência é fortíssima.
Ao querer atribuir a culpa de tudo que ocorreu a um único
homem, o delator do caso, Hélio revela que não tem outra desculpa a dar. Seu
governo era corrupto até a alma. A nomeação da esposa para ser a chefe de Gabinete,
um cargo que exige alto conhecimento politico, jogo de cintura e experiência pública
foi a prova cabal de que ela estava ali para enriquecer o casal, pois nunca
havia participado de qualquer governo nem exercido função púbica. Obviamente, não teria condição alguma de exercer as complicadas tarefas que a chefia de gabinete
de uma cidade do tamanho de Campinas comporta.
Aliás, o “chefe” de Gabinete do governo, durante todo o
primeiro mandato, foi o secretário de Comunicação e de Cultura, Francisco de Lagos,
oriundo também da “república de Mato Grosso” com extensa folha corrida lá pelas
bandas do Pantanal. Ele é quem mandava nos secretários todos, com exceção da
primeira-dama, que mandava mais que o prefeito.
Já o prefeito fazia o papel de relações públicas de seu
próprio governo. Inaugurava pinturas de ruas por aí, fazia “acordos” com Lula
para receber caminhões de dinheiro federal e cometia discursos muito parecidos
com a entrevista que deu para o Blog da Rose: confusos e mentirosos.
A cada mês anunciava um factoide. Era a revitalização do
Centro da Cidade, o Centro de Convenções, o novo teatro, a reforma e ampliação de
Viracopos, o novo plano viário da cidade, o VLT e muitos outros que jamais
saíram do papel.
Obras mesmo para a cidade ficaram restritas a asfalto e
outras melhorias na região do Campo Grande, onde até hoje desfruta de algum
prestígio.
Disse que foi cogitado para ser candidato a governador. Nem seu partido, o PDT, sabia disso, tanto é que na convenção que escolheu o candidato, em São Paulo, ele não apareceu e ninguém deu pela falta. Quanto à cogitação para ser ministro, o presidente era Lula e, claro, tudo podia acontecer.
De resto, seu não envolvimento no processo de corrupção,
todos sabem, se deu para que as investigações não fossem para a segunda
instância e perdessem o foco local. Mesmo porque era impossível a sua esposa
chefiar a quadrilha toda e ele não saber de nada. A Câmara, que não precisa
tanto de provas materiais, não se enganou e cassou seu mandato e também o do
vice, que, claro, também fazia parte da “turma”.
Campinas se livrou de um pesadelo que agora fica
estrebuchando na imprensa feito rabo de lagartixa. Espero que dure pouco esse
retorno que nem deveria ocorrer. Sem ele o cenário político de Campinas fica
menos poluído.
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