As últimas declarações de Lula sobre “volumes mortos”
chamaram a atenção de todos. Realmente ele acertou ao dizer que tanto ele
quanto o PT e a própria Dilma estão no volume morto de um governo que fez muita
coisa errada desde 2003, explodiu em 2014 e ainda não conseguiu entrar em 2015.
E não se sabe se conseguirá.
Mas outras frases de Lula ditas no mesmo encontro têm também
suma importância para descrever o petismo, o lulismo ou seja lá qual for o
apelido que esses negros tempos na política brasileira receberão dos futuros
historiadores. Quando disse que “via um mau humor na sociedade”, Lula
acrescentou: “Jamais vi o ódio que está na sociedade. Companheiro do PT não
podendo entrar em restaurante."
Pois é. Há dois fatos que se combinam para que Lula perceba “ódio”
na sociedade contra “companheiro do PT” até em restaurantes.
O primeiro deles é que a classe média, ou pelo menos boa
parte dela, acordou para a realidade. Acostumada a levar o país nas costas com
seu trabalho, pagando elevados impostos e sendo o filé da força de consumo, a
classe média percebeu, talvez informada não só pela grande imprensa (aquele que
o PT apelidou de “golpista”), mas também pela elevado acesso às redes sociais facilitado pelos avanços
tecnológicos que provocaram barateamento dos equipamentos todos, a classe média
percebeu que estava na hora de demonstrar sua insatisfação com a corrupção
desenfreada, com a violência, com os péssimo serviços públicos e com um governo
que fazia o contrário do dizia.
Por exemplo: as várias atitudes do governo petista em
direção à esquerda, principalmente o apoio a ditaduras e a autoritários
governantes, como Maduro e os irmãos Castro, causaram e causam profunda
consternação numa classe média mais informada, que passou a encarar o PT coo
sinônimo de corrupção e, pior ainda, de ditadura.
O débâcle da economia veio completar o quadro: com o salário
não sendo suficiente para fazer frente às mesmas despesas de meses atrás,
findou-se o estado de receio ao protesto contra o PT.
Mas há um segundo motivo, também plantado pelo PT e,
principalmente por Lula, que ajudou, e muito, a criar o clima de “ódio”. Esse motivo
começou a se concretizar nos discursos petistas mesmo antes do primeiro mandato
de Lula, ao considerar que os adversários do PT eram, primeiro a “burguesia”,
depois “as elites” com sua variável “branco, loiro de olhos claros”.
Além disso, toda vez que se sentia acuado por denúncias de
corrupção, por exemplo, Lula dizia que havia uma campanha dos ricos contra o
pobre PT, que “as elites” não se conformavam de um operário ter chegado ao
poder e outras bobagens e mentiras que ainda hoje inundam esses demagógicos discursos
da esquerda.
Esse ódio que Lula cevava para justificar denúncias contra
ele e seu partido acabou, de tão absurdo que era, virando-se contra os
petistas. E a cada denúncia de corrupção, a cada valor milionário de propinas
retiradas dos cofres públicos e distribuídas entre os aliados, a cada baciada de
carros de luxo encontrados em mansões e grandes apartamentos em áreas nobres, o
ódio da classe média que, repito, carrega o país nas costas, aumentava.
E esse ódio acabou dando coragem ao brasileiro comum de
vaiar um petista que entre no mesmo restaurante que ele. A vaia é protesto que
estava calado na garganta de muita gente que hoje se sente enganada pelo PT. A
classe média descobriu que trata-se de um partido que, e isso alguns analistas inclusive
esse blogueiro vêm dizendo há tempos, jamais esteve interessado no
desenvolvimento real do Brasil. Ao PT sempre interessou apenas a manutenção do
poder e, para tanto, não se importou em fazer acordos com que chamava há pouco
tempo de ladrão, de roubar bilhões dos cofres públicos e manter, via programas
sociais, uma reserva eleitoral que, saindo da miséria e se mantendo na pobreza,
lhe garantia a perpetuação no poder.
A pesquisa Datafolha, publicada neste domingo, mostra que os
graves erros na condução da economia estão acabando também com essa reserva
eleitoral. Uma eleição hoje aponta Lula em segundo lugar, dez pontos
percentuais atrás de Aécio.
É o ódio pregado por Lula se voltando contra ele e se materializando
na hostilidade nos restaurantes e no voto para a oposição. Talvez seja esse o
real começo do fim do PT.
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