segunda-feira, 8 de junho de 2015

Insegurança pública

Enquanto Magalhães Teixeira era prefeito de Campinas a Secretaria de Segurança não foi criada. Grama era contra e o motivo é óbvio: a segurança, com tropa na rua, civil ou militar, cabe, constitucionalmente, ao governo estadual e não ao municipal. Uma Secretaria de Segurança teria que abrigar uma Guarda Municipal e isso só geraria mais despesas para os sempre combalidos cofres públicos. O prefeito devia ter também outros motivos para não querer a GM e um deles, com certeza, era o nome que ele teria de nomear para a Secretaria, o então vereador Carlos Sampaio. E que acabou mesmo sendo nomeado secretário, mas só depois da morte de Grama. Já a Guarda Municipal, apesar de existir no papel desde 1991, só formou sua primeira turma em 1997.

Essa introdução me veio à lembrança ao ler uma carta, hoje, no Correio Popular. Nela, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura fala sobre a segurança no Centro de Campinas e na cidade como um todo, com muitos números e providências tomadas que, se funcionassem, a cidade hoje seria a mais segura do mundo. E não é.

Na mesma edição do jornal, um grupo de ciclistas protesta contra o roubo de bicicletas nas trilhas de Joaquim Egídio. Mais de uma dezena de ocorrências num curto espaço de tempo. Em outra página, outro grupo faz uma cerimônia de protesto também pela morte seguida de roubo (latrocínio) de um empresário. E o jornal mostra que Campinas chega à metade do ano com sete latrocínios. Em 2014 inteiro foram oito.

Não é preciso folhear muitas edições dos jornais de Campinas para saber do fracasso das medidas de segurança. Duas ou três edições dariam para registrar mais ou menos uma centena de crimes, de homicídios a roubos de bancos, de roubos de carro a latrocínios, de assalto a residências a roubos de cargas, entre outros. O fracasso se deve ao péssimo combate ao crime realizado no Brasil inteiro tanto pela Polícia Civil (que desvenda 8% apenas dos homicídios, para ficarmos apenas num tipo de crime), pela PM, que geralmente deixa a cidade às moscas, pois o efetivo é insuficiente e pela Guarda Municipal, incapaz ela mesma até para cuidar da Prefeitura, que gasta uma fortuna por mês com segurança privada.

Por isso, a carta da Prefeitura no jornal desta segunda-feira é apenas um meio de dizer uma grande mentira falando só verdades. Por isso Magalhães Teixeira não queria nem saber de criar uma Secretaria de Segurança ou uma Guarda Municipal. Ele sabia da inutilidade diante do tamanho da violência, bem como sabia também que a solução passava – e passa – por investimentos muito maiores e mais sérios que o município jamais comportará.

Realmente a Secretaria de Segurança, como diz a carta, aumentou isso e aquilo, comprou mais viaturas, melhorou a tecnologia de vigilância e sei lá o que mais. Só que a bandidagem continua à solta, pois o poder público consegue combater apenas uma parcela mínima dos crimes que ocorrem por aí. Os índices publicados mensalmente não deixam dúvida alguma de que o Brasil – e Campinas também – é o paraíso dos marginais, que a impunidade campeia, que é terra insegura onde a vida e os bens do cidadão honesto não valem nada para as autoridades.

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