Enquanto Magalhães Teixeira era prefeito de Campinas a
Secretaria de Segurança não foi criada. Grama era contra e o motivo é óbvio: a
segurança, com tropa na rua, civil ou militar, cabe, constitucionalmente, ao
governo estadual e não ao municipal. Uma Secretaria de Segurança teria que abrigar
uma Guarda Municipal e isso só geraria mais despesas para os sempre combalidos
cofres públicos. O prefeito devia ter também outros motivos para não querer a
GM e um deles, com certeza, era o nome que ele teria de nomear para a
Secretaria, o então vereador Carlos Sampaio. E que acabou mesmo sendo nomeado
secretário, mas só depois da morte de Grama. Já a Guarda Municipal, apesar de
existir no papel desde 1991, só formou sua primeira turma em 1997.
Essa introdução me veio à lembrança ao ler uma carta, hoje,
no Correio Popular. Nela, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura fala sobre
a segurança no Centro de Campinas e na cidade como um todo, com muitos números
e providências tomadas que, se funcionassem, a cidade hoje seria a mais segura
do mundo. E não é.
Na mesma edição do jornal, um grupo de ciclistas protesta
contra o roubo de bicicletas nas trilhas de Joaquim Egídio. Mais de uma dezena
de ocorrências num curto espaço de tempo. Em outra página, outro grupo faz uma
cerimônia de protesto também pela morte seguida de roubo (latrocínio) de um
empresário. E o jornal mostra que Campinas chega à metade do ano com sete
latrocínios. Em 2014 inteiro foram oito.
Não é preciso folhear muitas edições dos jornais de Campinas
para saber do fracasso das medidas de segurança. Duas ou três edições dariam
para registrar mais ou menos uma centena de crimes, de homicídios a roubos de
bancos, de roubos de carro a latrocínios, de assalto a residências a roubos de
cargas, entre outros. O fracasso se deve ao péssimo combate ao crime realizado no
Brasil inteiro tanto pela Polícia Civil (que desvenda 8% apenas dos homicídios,
para ficarmos apenas num tipo de crime), pela PM, que geralmente deixa a cidade
às moscas, pois o efetivo é insuficiente e pela Guarda Municipal, incapaz ela
mesma até para cuidar da Prefeitura, que gasta uma fortuna por mês com segurança
privada.
Por isso, a carta da Prefeitura no jornal desta
segunda-feira é apenas um meio de dizer uma grande mentira falando só verdades.
Por isso Magalhães Teixeira não queria nem saber de criar uma Secretaria de Segurança
ou uma Guarda Municipal. Ele sabia da inutilidade diante do tamanho da
violência, bem como sabia também que a solução passava – e passa – por investimentos
muito maiores e mais sérios que o município jamais comportará.
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