A ausência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao anúncio
mais importante desde que assumiu o cargo, sabe-se agora, não se deu por um
simples resfriado. O motivo foi outro, muito pior: desavenças na equipe que comanda
a economia do país.
A informação está em todos os jornais e se vazou assim tão
facilmente é porque o próprio ministro não fez muita questão de esconder. E a
desavença nem é, digamos, ideológica. É prática mesmo: o ministro queria um
corte maior e uma análise realista da situação financeira do Brasil. E o que se
viu foi um corte menor e uma análise que, se não foi escrita pelo marqueteiro João
Santana, chegou perto. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa – que foi a “estrela”
do anúncio do tal do “ajuste fiscal” – dizia a toda hora que tudo ia ser cumprido,
dos programas sociais aos pagamentos das dívidas, que não haveria recessão etc.
e tal.
Ora, os números atuais e as projeções para curto prazo
mostram realidade diferente daquela exposta por Barbosa. O PIB tende a ser
negativo, os cortes nos programas sociais já estão acontecendo, os Ministérios
da Saúde e da Educação tiveram redução de verbas significativas e o rombo da
Previdência está estimado em quase R$ 80 bilhões, bem acima dos quase R$ 50
bilhões de 2014.
Ou seja, o quadro é altamente preocupante.
E, como se tudo isso
não bastasse, os jornais deste domingo já demonstram a preocupação de alguns
setores do governo com a permanência de Levy na Fazenda. Se Levy não conseguir
superar o golpe que sofreu – dado por Dilma e pela turma do Planalto que gosta
de mentir – sua saída será inevitável. Mesmo porque, com cortes aquém dos
necessários, com gastos além da arrecadação, com a manutenção de uma
mastodôntica equipe, o governo não terá não só a confiança necessária para
receber investimentos de fora, mas não terá dinheiro suficiente para manter o
país funcionando. E da impressão de mais dinheiro sem os devidos lastros nós
sabemos muito bem a consequência: inflação elevada e indomável.
Para se manter no poder, o governo precisa de ajustar as
contas de acordo com a realidade. E a realidade é uma coisa que tem passado ao
largo da cabeça dos presidentes petistas. Eles preferem criar uma fantasia
baseada na propaganda enganosa que temos visto nos últimos anos. Só que agora o
Brasil real está sendo escancarado. E o PT tão competente em criar antagonismos
em todos os setores da sociedade, mostra não ter a mínima competência para sair
de uma crise.
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