Desde a eleição de Francisco Amaral, em 1976, Campinas só
apresentou uma surpresa eleitoral: Jacó Bittar, eleito pelo PT, em 1988. O
partido soube se valer muito bem da violência policial contra metalúrgicos em
greve e faturou a prefeitura de São Paulo, Piracicaba e Campinas, entre outras,
naquele ano.
Depois disso, mesmo a eleição de Antonio da Costa Santos,
também do PT, não mais poderia ser chamada de surpresa. E Hélio de Oliveira (PDT) era um dos três
favoritos em 2004, atrás de Carlos Sampaio (PSDB) e Luciano Zica (PT).
Por essas e outras, a eleição de 2016 não deve apresentar surpresas.
A reeleição de Jonas Donizette (PSB) está praticamente garantida, não só pela
ausência de adversários de peso, mas também pelo fato de que hoje, com o poder
nas mãos, Donizette construiu ampla aliança que deixará possíveis adversários
com tempos mínimos na televisão e sem muitos candidatos a vereador, fator que
também pesa bastante nas votações majoritárias. Sem contar, claro, o lado financeiro:
quem está no poder tem possibilidade de entrar numa disputa pela reeleição muito
bem calçado financeiramente, tanto pelas doações legais quanto pelo caixa 2,
mesmo se a regra de proibição de financiamento privado de campanhas for
aprovada.
Num papo entre amigos, na manhã de hoje no Café Regina, a
eleição de 2016 veio à tona, pois foi pedida minha opinião sobre a possível
entrada do ex-prefeito Lauro Péricles Gonçalves na corrida ao Palácio dos Jequitibás.
Ia responder que o efeito seria o mesmo
que mijar em incêndio, mas disse apenas que ele não tinha qualquer chance. Lauro
foi um prefeito apoiado pela ditadura (Ernesto Geisel era o general de plantão)
depois de ser eleito pelo MDB de Quércia. Fez um governo sem muitas obras de
peso, não fez seu sucessor e jamais conseguiu ser eleito pra qualquer outra
coisa (tentou ser prefeito de novo e até vereador) depois que deixou o poder. Sem
chances.
A possibilidade de Márcio Pochmann (PT), candidato que foi para o segundo turno em 2012, voltar a disputar a
Prefeitura é complicada. O partido está se derretendo no meio da gigantesca
corrupção em que se meteu e qualquer candidato, por mais articulado que seja,
vai sofrer uma saraivada de acusações difíceis de responder. Talvez o PT tenha
candidato em Campinas apenas para marcar posição, mas vai ter bom tempo na TV
e, por isso, uma aliança em que ele não seja cabeça de chapa é possível. O que
não retira o amplo favoritismo que Donizette tem hoje.
Já se falou por aí numa aliança entre o ex-deputado federal Guilherme Campos (PSD) e o ex-vereador e ex-prefeito (por um ano) Pedro Serafim (PDT). Ambos tentaram ser deputado federal em 2014 e não conseguiram a reeleição e a eleição respectivamente. Juntos, poderiam ser uma terceira ou quarta força contra Donizette, não mais que isso,
Para que haja alguma surpresa na corrida eleitoral de 2016,
eu disse aos amigos do Café, que precisaria surgir algo de novo e com bastante
força pra enfrentar Donizette. E arrematei: “Talvez o vereador Artur Orsi
(PSDB) possa ser páreo para o prefeito, mas precisaria de um partido grande
apoiando-o para ter tempo na TV e apoio financeiro expressivo. Ele é, hoje, o
único oposicionista que tem algum cacife moral para enfrentar o poder.”
Mas Orsi esbarra no fato de estar no PSDB, que é aliado de
Donizette e vai apoiá-lo na reeleição. Então Orsi teria de sair do partido –
talvez até perdendo o cargo de vereador – se filiar em outro partido antes de
outubro deste ano, e se jogar na candidatura o mais rápido possível. Para
tanto, quando saísse do ninho tucano, teria de estar já com o esquema pronto,
com apoios garantidos e com um tempo de televisão que fosse, pelo menos, a
metade do de Donizette.
Como não há articulação alguma nesse sentido e já passamos
da metade de maio, não creio que haja tempo de se montar um esquema desse
tamanho antes de outubro.
Aí me disseram na mesa do Regina: “Pô, você então tá
querendo que o Jonas continue?” Respondi que não, acho que o governo dele está
mais para maquiagem do que para qualquer outra coisa e que Campinas está cada
vez pior. Mas não vejo, hoje, muita possibilidade de ele não ser reeleito para
mais quatro anos. Da mesma forma que disse que Hélio de Oliveira Santos seria
reeleito no primeiro turno, apesar de estar fazendo, na época, um dos governos
mais corruptos da história de Campinas.
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