quinta-feira, 21 de maio de 2015

Ainda a candidatura de Artur Orsi a prefeito de Campinas

Dois comentários publicados no post anterior revelam o temor de eleitores de Artur Orsi com sua possível ida para o PSD que deve se fundir com o PL, formando novo partido e tornando possível a entrada de parlamentares com mandatos oriundos de outros partidos, sem cair na infidelidade partidária.

O temor tem lá suas razões, afinal, o cacique do PSD é o ministro das Cidades, Gilberto Kassab que já declarou que a ideologia do seu partido não se situa nem à esquerda, nem à direita e, digo eu, nem ao centro ou qualquer outro lugar do espectro ideológico.Vai daí que Artur Orsi, um tucano legítimo, liberal, que sempre se opôs ao PT, aos governos petistas e a outras esquerdas reacionárias que ululam por aí (PSOL, PSTU, PCdoB...) não estaria em boa companhia e poderia ser confundido com gente como Kassab.

Só que não creio que seja assim. Em primeiro lugar, conheço Orsi o suficiente para saber que sua postura atual – oposição ao governo de Jonas Donizette, eleito numa aliança com o PSDB, partido de Orsi – não é fruto de algum marketing eleitoral e sim de suas convicções. Nunca acreditou – e com razão - no bom-mocismo emanado de Donizette e, logo no início do governo municipal, percebeu fatos não republicanos, para usar uma metáfora em moda, e, ciente da função para a qual foi eleito, os denunciou, se tornando “persona non grata” tanto no governo quanto no seu próprio partido.

Se perdeu possíveis benesses que o poder concede à fiel base aliada ao prefeito, ganhou simpatia não só de seus mais de 13 mil eleitores (a maior votação da atual legislatura), como de muito mais gente que vê nele a representação do desejo de limpar a política brasileira dos desonestos políticos que fazem dela seus meios de vida.

É esse cacife que Orsi carregará para qualquer partido onde ele possa se abrigar, independente de quem manda na agremiação.

Além do mais, alianças municipais ou mesmo estaduais, não refletem necessariamente as federais. Nas eleições de 2014, no Maranhão, para que fosse possível impor uma derrota ao clã Sarney, uniram-se, em torno do PCdoB os seguintes partidos: PP, SDD, PROS, PSDB, PSB, PDT, PTC e PPS. E em Goiás, a aliança chefiada pelo PSDB uniu PRB, PP, PDT, PTB, PSL, PR, PPS, PHS, PMN, PTC, PV, PEN, PSD, PT do B e PROS. E muitas dessas alianças se repetiram nos municípios nas eleições de 2012 e não significaram alinhamento imediato com outros partidos cujas alianças estaduais ou federais apontavam para outros apoios.

Creio que, agora, o importante seria viabilizar a candidatura de Orsi a prefeito, o que não só mudaria o quadro eleitoral previsto para 2016, como daria ao pleito uma dinâmica que hoje ele não possui. A aliança formada por Donizette não deixa dúvida de seu poder e seu favoritismo. A presença de Orsi na corrida poderia enfraquecer essa aliança e transformar a eleição numa disputa muito mais acirrada. Sem Orsi na parada, Jonas vence fácil no primeiro turno.

Não há pesquisa conhecida do público que mostre o quanto Orsi teria de eleitores numa eventual candidatura, mas creio que a intenção de votos nele surpreenderia os caciques atuais.

Um comentário:

  1. Adorei a análise Edmilson Siqueira! Muito boa, justa e séria. Gostei muito da ação imediata: viabilizar a candidatura de Artur Orsi para que a eleição para prefeito tenha uma outra dinâmica. Parabéns!

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