Fico sabendo pelo ótimo blog “O Antagonista” que Lula quer
encurtar o mandato da direção nacional do PT. É uma espécie de golpe e como
Lula se diz de esquerda, não é surpresa que ele queira trocar assim algo que
não o está agradando.
Mas a história é mais curiosa – e reveladora – ainda.
Acontece que para “dar o exemplo” nessa absurda política de cotas que o PT
instituiu em vários setores da sociedade, mas principalmente no acesso a universidades,
o partido trouxe para a sua direção nacional o mesmo sistema. Mulheres, negros, jovens e outras “minorias”
foram contempladas com lugares na direção do partido.
Claro que o que motivou
os “pensadores” petistas foi o fato de que, tenha quantos membros tiver, quem
vai mandar são sempre os líderes, sejam eles Lula ou Zé Dirceu ou os mais
próximos desses dois.
Mas parece que o partido não contava com o tamanho da crise
em que se meteu e meteu o país. Com os índices de popularidade despencando, com
rebeliões em bases sociais e políticas e com a Polícia Federal batendo na porta quase que diariamente de
petistas, o partido está precisando de reações à altura para tanto, digamos, antagonismo.
E muitos membros do alto escalão do partido, escolhidos não pela qualidade que
eles têm como políticos, líderes ou pensadores, mas pelo fato de pertencerem a
alguma minoria e se encaixarem na política de cotas, não conseguem responder,
mesmo que timidamente, às enormes demandas atuais.
Lula quer de volta gente como Gilberto Carvalho, Ricardo
Berzoini, Edinho Silva e Marco Aurélio Garcia, que podem ter feito o diabo contra
o Brasil – e fizeram mesmo – mas, convenhamos, têm capacidade para um discurso um
pouco mais substancioso na enormemente difícil tarefa de defender o PT da infinita
série de sérias acusações que o partido sofre hoje.
Resumindo: o que o PT quer hoje para a sua direção nacional
é o mesmo que os críticos da política de cotas querem: que ocupem as vagas (e os cargos, no caso) aqueles que têm
competência. Que o critério para galgar postos em qualquer lugar da sociedade
seja o da meritocracia.
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