A intenção da Prefeitura de Campinas de dar um pouco de
civilidade à cidade é boa. O prefeito Jonas Donizette (PSB) quer aumentar
multas para quem vende tinta em spray para menores, quer punir com mais rigor
quem picha paredes alheias, quem multar quem joga lixo na rua e dar poder à
Guarda Municipal de recolher veículos abandonados e, se possível, multar os
proprietários.
Tudo muito bom, tudo muito bem. Campinas é uma vergonha
nesses itens e é preciso que o poder público faça valer a força da lei contra
quem não a respeita. O exemplo do maior rigor contra esses imbecis que turbinam
o som dos carros para sair por aí exibindo a própria ignorância é um bom
antecedente. Mas é preciso continuar a ação e derrotar os ilegais. A maioria
desses equipamentos é vendida nos camelódromos da cidade. Uma boa fiscalização
por lá, exigindo nota fiscal de tudo, por exemplo, poderia acabar com muito
desse comércio.
Mas para acabar com as pichações – eu já denunciava essa
sujeira há uns dez anos, na coluna Xeque Mate do Correio Popular e ninguém fez
nada, pelo contrário, no governo petista de Izalene Tiene, houve até verbas
para comprar tinta em spray para grupos de hip hop – é preciso que haja uma ação
muito maior do que há hoje. Aumentar multas ao comércio que vende a tinta para
menores de idade é inútil. Há maiores envolvidos e eles podem comprar à vontade.
Ou mesmo menores podem comprar com uma identidade
falsa. Ou o comerciante compra sem nota
e ganha em duas frentes: não paga imposto e pode vender pra quem quiser sem
registro.
Os pichadores agem de madrugada, escalando prédios ou mesmo
subindo pelas vias normais, geralmente com a cumplicidade (ou medo) de
porteiros e seguranças. Não é difícil pegá-los em flagrante, mas a operação exige
paciência e inteligência. Além de um bom número de carros e homens vasculhando
a cidade nas madrugadas. Tudo isso é caro e a Prefeitura terá de abrir os
cofres para fazer valer a intenção de tornar Campinas uma cidade sem essa
aparência de fim de mundo que se vê por aí.
Recolher carros e carcaças de carros abandonados nas ruas é
tarefa mais simples. Uma mudança na lei, facilmente conseguida na Câmara, dará
à Guarda Municipal o poder de tirar da rua esses monstrengos sujos que servem a
finalidades execráveis, desde “maternidade” para o mosquito da dengue até como
esconderijo para pequenos marginais e drogas.
Já multar quem joga lixo na rua é meio complicado também,
porque exige fiscalização e nisso a Prefeitura é falha há muito tempo. A fiscalização
maior – do mesmo modo que a repressão aos pichadores – exige mais funcionários
e trabalho dia e noite. Depende, portanto, de mais verbas também.
Resumindo, as novas leis e ações anunciadas pelo prefeito têm
ótimas intenções. Mas, e a história está aí para provar, todas elas já foram
tentadas e esbarraram na falta de verbas e na falta de vontade política dos
governantes da cidade. Espera-se, claro, que o anúncio não fique apenas na
intenção e na propaganda enganosa, como já aconteceu com muita coisa anunciada
por esse mesmo prefeito.
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