segunda-feira, 11 de maio de 2015

Arrasando o ensino no Brasil

Corredor da UFRJ em dia de chuva
O plano para a Educação na era FHC era simples: primeiro abrir escolas e, consequentemente, vagas para todo mundo do ensino básico, esse que vai da primeira à oitava série, o que foi conseguido até o fim de 2002. Ao mesmo tempo, melhorar o ensino técnico e o colegial, com vaga pra todo mundo também.  A segunda etapa seria dar o máximo de qualidade a esses primeiros 11 anos de ensino para que as universidades pudessem receber alunos com mais conhecimentos e elas próprias pudessem avançar. Claro que tudo exigia investimentos, mas o plano era exequível, principalmente depois que a economia mundial se aqueceu e o Brasil foi beneficiado com um considerável aumento em suas exportações e com maiores investimentos estrangeiros por aqui.

E o plano era tão exequível que o ministro da Educação de Lula, Cristóvão Buarque, o adotou, vendo nele a grande chance de, nos dez ou quinze anos seguintes, o Brasil dar um salto de qualidade semelhante ao da Coreia do Sul.

Mas os planos de Lula eram outros. Ele queria, na sua ânsia de provar que era melhor que FHC, inaugurar escolas para poder dizer por aí que “foi preciso um operário chegar ao poder para que o Brasil tivesse tantas universidades”. Claro que eles escolheram o discurso primeiro e depois partiram para a construção e ampliação de prédios que seriam inaugurados como universidades.

Percebendo que o plano era furado, errado mesmo, e nada podendo fazer para mudar as intenções marqueteiras de Lula, o ministro brochou de vez. Lula percebeu e demitiu-o por telefone. Cristóvão Buarque voltou ao Senado e foi reeleito em 2010 e tem sido, ao longo desses anos todos, uma voz lúcida de críticas aos governos petistas e um grande promotor da Educação. Discordo de algumas de suas posições, mas é inegável que se trata de um político honesto e competente, coisa rara no Brasil.

O resultado do marketing educacional de Lula pode ser visto hoje. A criação de inúmeras universidades serviu mais para os filminhos publicitários do governo do que para formar profissionais competentes para o mercado de trabalho. Os recursos para a Educação começaram a minguar já no fim do segundo mandato de Lula e se restringiram ao mínimo sob Dilma.

A falência do modelo econômico do PT – e não foi por falta de alerta que ele faliu – teve nas verbas da Educação uma de suas maiores vítimas. Tanto que, seguindo a cartilha da desonestidade da esquerda, Dilma anunciou, na campanha para a reeleição, que o lema de seu segundo mandato seria “Pátria Educadora”, exatamente por não ser.  

Depois do corte de verbas do FIES, que penalizou milhares e milhares de alunos que terão de parar de estudar por falta do financiamento que vinha sendo oferecido, hoje, assistimos à derrocada de centros de ensino como a tradicional Universidade Federal do Rio de Janeiro. Informa o jornal O Globo, que vários cursos estão fechando por falta de limpeza, falta de segurança e falta de higiene.

Diz o jornal: “A Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ) e a Faculdade Nacional de Direito decidiram suspender as aulas devido à falta de condições para a frequência dos alunos nos respectivos prédios. Em uma reunião extraordinária da congregação da ECo, diversos episódios foram analisados por professores, técnicos e alunos que decidiram pela suspensão na manhã desta segunda-feira.

Com a greve de funcionários terceirizados da limpeza, da segurança e da portaria, a manutenção do prédio ficou comprometida. Segundo funcionários e estudantes, há focos de dengue no prédio e um computador e um datashow foram roubados. Além disso, alunos e professores já foram vítimas de assaltos no local.”


Em outra reportagem assinala o jornal: “As restrições e incertezas em relação ao orçamento do Ministério da Educação (MEC) para este ano já geraram cortes em seis das dez maiores universidades federais do Brasil, segundo levantamento feito pelo GLOBO. Das quatro restantes, três admitem que terão que fazer ajustes em suas contas, mas ainda discutem como se adequarão à nova realidade orçamentária. Somente uma, a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) diz que não sofreu impacto e nem cogita cortes até o momento. A versão da reitoria da UFPE, porém, é contestada pelo sindicato dos trabalhadores da instituição, que afirma ter havido corte de 30% no orçamento para custeio (manutenção) da universidade.”

Essa é a “Pátria Educadora” que Dilma anunciou na campanha do ano passado. Esse é o resultado da política educacional marqueteira do PT, mais uma desgraça para o Brasil.

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