Um Primeiro de Maio para ser esquecido pelos petistas e
lembrado pela oposição. Enquanto Dilma Rousseff foge da televisão, contrariando
prática de priscas eras e muito cara ao PT, e coloca seu pronunciamento na rede
de computadores evitando o inevitável panelaço nacional antes justamente do Jornal
Nacional, a Revista Época antecipa o Saturday
Bloody Saturday usual e bota na rede, na sexta-feira, capa com o lobista
Lula trabalhando para a Odebrecht num
esqueminha singular: ele viaja com tudo pago pela empresa, oferece uma enorme
obra para o país visitado, desde que seja realizada pela empresa que o contratou,
o BNDES oferece financiamento para a obra como se fosse de pai para filho (três
anos e meio de carência, 12 anos para pagar e juros de 5% ao ano!!!)e, claro, o
presidente do outro país aceita na hora. E Lula, vitorioso na missão ganha uma
garrafa de 51 inteiramente de grátis. Não, deve ser bem mais que uma garrafa de
51.
Há vários crimes cometidos pelo ex-presidente nesse seu
trabalho e ele está sendo investigado por isso. É um criminoso contumaz.
Mas o Primeiro de Maio de 2015 continua célere. Pelo noticiário ficamos sabendo que o
ministro do STF, Dias Toffoli, aquele que rapidinho se arvorou a mudar de turma
para ser um dos julgadores do Petrolão na sua parte política, é amiguinho de Léo
Pinheiro, o dono da OAS que ameaçava contar tudo que sabe numa delação
premiada, mas que, antes de tentar o prêmio contando tudo, ganhou o prêmio da
liberdade, pois o STF, com o voto decisivo de Dias Toffoli, o livrou da prisão
preventiva em que se encontrava.
Já com relação ao poder, os jornais trazem a disputa entre o
presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha e
o vice-presidente da República, Michel Temer. Disputa? Mas eles não são do mesmo partido?
Sim, são, mas o partido é o PMDB, do qual tudo pode se esperar, inclusive acirrada
disputa pelo poder.
Os três estão se desentendendo porque já perceberam que
Dilma anda sobre o tal fio da navalha. Seu governo não governa e pode ser
escorraçado a qualquer momento, de tão grande é a oposição a ele,
nos partidos
e nas ruas.
E como os três peemedebistas estão na linha sucessória, o
pau está comendo entre eles, cada um querendo ganhar a faixa assim que Inês,
digo Dilma, prostrar-se morta. Mas a
situação é curiosa: Se Dilma cair por crime eleitoral – e os há em número
suficiente para escolher – seu vice também cai, pois foi eleito na mesma chapa,
e Cunha assume com a missão de convocar novas eleições e com o poder da caneta
nas mãos enquanto corre a campanha.
Mas se Cunha se perder entre as corrupções todas que o
Petrolão proporcionou – e já há suspeitas fortíssimas de que ele também se
beneficiou – o terceiro na linha sucessória é Calheiros.
E se Dilma cair por
crime próprio – o que ela fez nos últimos 10 anos na área de energia daria pena
de morte até num conto de fadas – aí assume Temer, com todos os poderes para ir
até o fim do atual
mandato podendo se candidatar a uma reeleição.
Como se vê, o cenário é de múltiplas escolhas e por isso os “líderes”
do PMDB estão se digladiando. Aliás, eles se digladiam sempre e se abraçam com
a mesma frequência. Estão no poder desde o último governo da ditadura militar.
E pretendem ficar até o fim dos tempos.
Como se vê, trata-se d e um Primeiro de Maio diferente dos últimos
que vivemos. Sem pronunciamento oficial por medo do panelaço; com denúncias
cada vez mais cabeludas de corrupção atingindo o tal do âmago do poder; com disputa
declarada pelo espólio da Dilma e com a centrais sindicais divididas, uma
defendendo seu quinhão (a CUT é contra o projeto de terceirização porque vai perder
dinheiro, só por isso, nada mais) e outra metendo a boca na governo petista de
todas as formas.
Repito: o Brasil vive um Primeiro de Maio inesquecível para
quem é oposição ao PT.
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