sexta-feira, 1 de maio de 2015

Inesquecível

Um Primeiro de Maio para ser esquecido pelos petistas e lembrado pela oposição. Enquanto Dilma Rousseff foge da televisão, contrariando prática de priscas eras e muito cara ao PT, e coloca seu pronunciamento na rede de computadores evitando o inevitável panelaço nacional antes justamente do Jornal Nacional, a Revista Época antecipa o Saturday Bloody Saturday usual e bota na rede, na sexta-feira, capa com o lobista Lula trabalhando para a Odebrecht  num esqueminha singular: ele viaja com tudo pago pela empresa, oferece uma enorme obra para o país visitado, desde que seja realizada pela empresa que o contratou, o BNDES oferece financiamento para a obra como se fosse de pai para filho (três anos e meio de carência, 12 anos para pagar e juros de 5% ao ano!!!)e, claro, o presidente do outro país aceita na hora. E Lula, vitorioso na missão ganha uma garrafa de 51 inteiramente de grátis. Não, deve ser bem mais que uma garrafa de 51.

Há vários crimes cometidos pelo ex-presidente nesse seu trabalho e ele está sendo investigado por isso. É um criminoso contumaz.

Mas o Primeiro de Maio de 2015 continua célere.  Pelo noticiário ficamos sabendo que o ministro do STF, Dias Toffoli, aquele que rapidinho se arvorou a mudar de turma para ser um dos julgadores do Petrolão na sua parte política, é amiguinho de Léo Pinheiro, o dono da OAS que ameaçava contar tudo que sabe numa delação premiada, mas que, antes de tentar o prêmio contando tudo, ganhou o prêmio da liberdade, pois o STF, com o voto decisivo de Dias Toffoli, o livrou da prisão preventiva em que se encontrava.

Já com relação ao poder, os jornais trazem a disputa entre o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha e o vice-presidente da República, Michel Temer.  Disputa? Mas eles não são do mesmo partido? Sim, são, mas o partido é o PMDB, do qual tudo pode se esperar, inclusive acirrada disputa pelo poder.

Os três estão se desentendendo porque já perceberam que Dilma anda sobre o tal fio da navalha. Seu governo não governa e pode ser escorraçado a qualquer momento, de tão grande é a oposição a ele, 
nos partidos e nas ruas.

E como os três peemedebistas estão na linha sucessória, o pau está comendo entre eles, cada um querendo ganhar a faixa assim que Inês, digo Dilma, prostrar-se morta.  Mas a situação é curiosa: Se Dilma cair por crime eleitoral – e os há em número suficiente para escolher – seu vice também cai, pois foi eleito na mesma chapa, e Cunha assume com a missão de convocar novas eleições e com o poder da caneta nas mãos enquanto corre a campanha.

Mas se Cunha se perder entre as corrupções todas que o Petrolão proporcionou – e já há suspeitas fortíssimas de que ele também se beneficiou – o terceiro na linha sucessória é Calheiros.
 E se Dilma cair por crime próprio – o que ela fez nos últimos 10 anos na área de energia daria pena de morte até num conto de fadas – aí assume Temer, com todos os poderes para ir até o fim do atual 
mandato podendo se candidatar a uma reeleição.

Como se vê, o cenário é de múltiplas escolhas e por isso os “líderes” do PMDB estão se digladiando. Aliás, eles se digladiam sempre e se abraçam com a mesma frequência. Estão no poder desde o último governo da ditadura militar. E pretendem ficar até o fim dos tempos.

Como se vê, trata-se d e um Primeiro de Maio diferente dos últimos que vivemos. Sem pronunciamento oficial por medo do panelaço; com denúncias cada vez mais cabeludas de corrupção atingindo o tal do âmago do poder; com disputa declarada pelo espólio da Dilma e com a centrais sindicais divididas, uma defendendo seu quinhão (a CUT é contra o projeto de terceirização porque vai perder dinheiro, só por isso, nada mais) e outra metendo a boca na governo petista de todas as formas.

Repito: o Brasil vive um Primeiro de Maio inesquecível para quem é oposição ao PT.  

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