Agora é oficial: o Brasil está em primeiríssimo lugar no
número absoluto de homicídios no mundo. O levantamento é do Observatório
de Homicídios, plataforma de visualização de dados online lançada pelo
Instituto Igarapé, no Rio.
É isso aí: somos os melhores quando se
trata de assassinar alguém. Morre-se no Brasil por umas pedras de crack, por um
tijolinho de maconha, por uma trouxinha de coca, por um carro tirado à força do
dono, por uma bolsa puxada na rua, por uma vingança imbecil, por dar azar de
vestir a camisa do seu time favorito e encontrar uma torcida rival na rua, pela
absurda “defesa da honra”, por um pedaço de terra, por uma briga com o vizinho,
por uma vingança imbecil qualquer. Enfim, mata-se o semelhante no Brasil como
se mata um carrapato tirado de um cachorro.
Foram, em 2012, últimos dados disponíveis (e aí já começam
os problemas: 3 anos para fazer uma pesquisa simples na era da informática), 56
mil assassinatos no Brasil. Daria pra encher um Morumbi de cadáveres. E o que fazem
as autoridades? Quase nada.
No Rio, ao invés de combater os criminosos, prendendo-os, a
polícia e o governo preferiram ocupar as favelas que eles dominavam, numa ação
que tanto cara quanto inútil. Resultado: os bandidos mudaram de local e, com o
tempo, a ocupação se contaminou pela corrupção e pelo crime organizado
novamente. Não se tem notícia de que o tráfico de drogas – principal ocupação
do crime organizado – tenha sofrido um colapso com a ação policial. Os
traficantes ficaram mais discretos e agem e ambiente mais seguro, agora protegidos
pela polícia. Sim, esse é o Brasil.
Em São Paulo, apesar da diminuição de assassinatos – o Estado
está dentro do limite tolerável de menos de 10 assassinatos por grupo de cem
mil habitantes (a média do Brasil é de 29)- não há cidade grande segura. Se as
mortes são proporcionalmente menores aqui, a violência não difere dos piores
lugares do país: roubos, assaltos, sequestros, explosões de caixas de banco e
intenso tráfico de drogas.
No resto do país é quadro é mais desolador ainda. Há cidade
no Nordeste onde a média é de mais de 50 assassinatos por 100 mil habitantes.
Nesse critério, que é o mais razoável para medir o nível de um país, o Brasil
ocupa a 11ª posição.
As penitenciárias no Brasil estão entre os lugares mais
sujos, fétidos e desorganizados do mundo. Se há umas poucas que apresentam um padrão
um pouco melhor, a grande maioria delas é um prédio cheio de grades
enferrujadas, onde quadrilhas mandam, traficam e matam conforme o interesse dos
negócios todos. E a polícia geralmente faz parte dessas quadrilhas.
A dramática situação da violência no Brasil passa batida
pelos políticos. Leis não faltam, mas os recursos são, como sempre, escassos. O
país gasta bilhões com assessores fantasmas, com obras inacabadas, com corrupção
desenfreada, com empréstimos secretos a ditaduras, com frotas de carros novos
para deputados, senadores e vereadores, mas deixa a Polícia Federal à míngua
para vigiar as fronteiras.
Na primeira eleição de Dilma, ela anunciou que compraria 60
drones para vigiar nossas fronteiras e coibir o tráfico de drogas. Comprou 2
apenas e eles não saem do chão por falta de combustível. Esse é o governo que o
Brasil tem hoje.
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