quinta-feira, 7 de maio de 2015

Ninguém segura os homicídios no Brasil



Agora é oficial: o Brasil está em primeiríssimo lugar no número absoluto de homicídios no mundo. O levantamento é do Observatório de Homicídios, plataforma de visualização de dados online lançada pelo Instituto Igarapé, no Rio.

É isso aí: somos os melhores quando se trata de assassinar alguém. Morre-se no Brasil por umas pedras de crack, por um tijolinho de maconha, por uma trouxinha de coca, por um carro tirado à força do dono, por uma bolsa puxada na rua, por uma vingança imbecil, por dar azar de vestir a camisa do seu time favorito e encontrar uma torcida rival na rua, pela absurda “defesa da honra”, por um pedaço de terra, por uma briga com o vizinho, por uma vingança imbecil qualquer. Enfim, mata-se o semelhante no Brasil como se mata um carrapato tirado de um cachorro.

Foram, em 2012, últimos dados disponíveis (e aí já começam os problemas: 3 anos para fazer uma pesquisa simples na era da informática), 56 mil assassinatos no Brasil. Daria pra encher um Morumbi de cadáveres. E o que fazem as autoridades? Quase nada.

No Rio, ao invés de combater os criminosos, prendendo-os, a polícia e o governo preferiram ocupar as favelas que eles dominavam, numa ação que tanto cara quanto inútil. Resultado: os bandidos mudaram de local e, com o tempo, a ocupação se contaminou pela corrupção e pelo crime organizado novamente. Não se tem notícia de que o tráfico de drogas – principal ocupação do crime organizado – tenha sofrido um colapso com a ação policial. Os traficantes ficaram mais discretos e agem e ambiente mais seguro, agora protegidos pela polícia. Sim, esse é o Brasil.

Em São Paulo, apesar da diminuição de assassinatos – o Estado está dentro do limite tolerável de menos de 10 assassinatos por grupo de cem mil habitantes (a média do Brasil é de 29)- não há cidade grande segura. Se as mortes são proporcionalmente menores aqui, a violência não difere dos piores lugares do país: roubos, assaltos, sequestros, explosões de caixas de banco e intenso tráfico de drogas.

No resto do país é quadro é mais desolador ainda. Há cidade no Nordeste onde a média é de mais de 50 assassinatos por 100 mil habitantes. Nesse critério, que é o mais razoável para medir o nível de um país, o Brasil ocupa a 11ª posição.

As penitenciárias no Brasil estão entre os lugares mais sujos, fétidos e desorganizados do mundo. Se há umas poucas que apresentam um padrão um pouco melhor, a grande maioria delas é um prédio cheio de grades enferrujadas, onde quadrilhas mandam, traficam e matam conforme o interesse dos negócios todos. E a polícia geralmente faz parte dessas quadrilhas.

A dramática situação da violência no Brasil passa batida pelos políticos. Leis não faltam, mas os recursos são, como sempre, escassos. O país gasta bilhões com assessores fantasmas, com obras inacabadas, com corrupção desenfreada, com empréstimos secretos a ditaduras, com frotas de carros novos para deputados, senadores e vereadores, mas deixa a Polícia Federal à míngua para vigiar as fronteiras.  

Na primeira eleição de Dilma, ela anunciou que compraria 60 drones para vigiar nossas fronteiras e coibir o tráfico de drogas. Comprou 2 apenas e eles não saem do chão por falta de combustível. Esse é o governo que o Brasil tem hoje.

Assim, o brasileiro vai morrendo à base de 153 assassinatos por dia. São tantas mortes que já estamos nos tornando insensíveis ao problema. Anestesiados pelo horror diário, não cobramos das autoridades pelo menos o cumprimento das promessas feiras em campanhas eleitorais. Caminhamos para o grande túmulo coletivo em que está se transformando o Brasil.

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