Lula faz hoje 70 anos. Eu o vi nascer para o sindicalismo e,
depois, para a política. Cheguei a entrevistá-lo quando era candidato a
governador de São Paulo. Da entrevista me lembro que ocorreu num sindicato que
ostentava, num quadro negro, o resultado de uma pesquisa mostrando que Lula estava
em primeiro na cidade, com 24% das intenções de voto. Era falsa, claro. Lula
ficou em quarto lugar na eleição, atrás de Montoro, Reynaldo de Barros e Jânio
Quadros. Teve 9,87% dos votos válidos.
Depois da entrevista, fomos até o Sindicato dos Petroleiros,
cuja sede era no Centro. Eu acompanhei para registrar o encontro dele com Jacó
Bittar, presidente da entidade. Ali, conversa vai, conversa vem, fomos, os três,
até o boteco mais próximo onde os dois tomaram um conhaque Palhinha. Eu tomei uma
Coca Cola, por não ser fã de conhaque (ainda mais Palhinha) e por não ter o
hábito de beber durante o trabalho.
Depois do fim da ditadura militar, Lula conseguiu se eleger
deputado federal e foi um dos constituintes. Não assinou – nem seu partido – a Constituição
de 88 que ele ajudara a criar. Era o início de uma oposição raivosa que jamais
votou a favor de uma medida sequer que partisse do governo – fosse de Sarney,
de Collor, de Itamar ou de FHC – mesmo que ela favorecesse a população e fosse
boa para o Brasil.
Foi assim com o Plano Cruzado, com todas as privatizações,
com a Lei de Responsabilidade Fiscal, com todas as medidas econômicas, com a
reforma da Previdência etc.
Depois, quando chegou ao poder, procurou formar uma base
aliada para que outros partidos fizessem o que o PT que ele comandava jamais
fez: aprovar medidas do seu governo,
muitas, aliás, bem parecidas com as que ele sempre recusara apoiar.
Além disso, não mexeu no que sempre criticou. Pelo
contrário: defendeu e se valeu da reeleição; manteve o fator previdenciário;
ampliou os programas sociais que ele chamava de esmola; manteve o câmbio
flutuante; aumentou o endividamento do Brasil; não fez qualquer reforma
política; se aliou a inimigos mortais e recentes (Collor, Renan, Sarney,
Maluf...) e passou grande parte do seu governo desmerecendo a era FHC, como se
tudo de bom que restou tivesse sido feito por ele e seu partido.
Como presidente da República, Lula se transformou num
grande engodo. E, nos últimos 13 anos, conseguiu levar o Brasil, junto com a
sucessora que ele inventou e elegeu, a uma das maiores crises que o país já
viveu: crise econômica, crise política e crise moral.
Ao fazer 70 anos, nem
pode comemorar. Cancelou festas por receio de manifestações contrárias e as
homenagens se restringem a alguns vídeos nas redes sociais, devidamente
preparados por marqueteiros, com frases decoradas ou sendo lidas.
Lula embarca na última quadra de sua vida pagando o preço de
ter sido desonesto, por quebrar o Brasil, por inundar um país com a corrupção e
por ampliar o ódio social no pior estilo nazista, sempre procurando um culpado para
seus próprios erro e defeitos.
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