Notícia veiculada neste fim de semana informa que Lula, em
seus passeios pelo Brasil, não vai de avião de carreira, como fazem todos os
ex-presidentes e ex-primeiros ministros do mundo civilizado. Como um chefete
que prestou favores (e presta ainda) e que cobra sempre a compensação, Lula tem
à sua disposição um jatinho Cessna 680, de duas turbinas, com capacidade para
nove passageiros, cujo proprietário e um digno representante da elite
financeira do Brasil, ligado a planos de saúde particulares.
Os planos de saúde do Brasil iam bem durante sua implantação
no governo de FHC. O presidente da Agencia Nacional de Saúde Suplementar era
Januário Montone, que deixou tudo arrumado para seu sucessor, um petista nomeado
por Lula, por volta de 2004, um ano depois da posse do novo presidente da
República, como manda a regra.
A partir dali, com a influência política cada vez maior, os
planos de saúde perceberam que o comportamento da agência começava a mudar e
que não haveria entraves para grandes favorecimentos – que piorariam o
atendimento ao público e proporcionariam maior lucro às operadoras – desde que
se falasse a linguagem certa, a da corrupção.
Foi assim, aliás, em todas as agências herdadas da era FHC.
Foram aparelhadas, politizadas e perderam a função de fiscalização severa para
a qual foram criadas. O centralismo do governo Lula se incumbiria de ditar as
normas – caso a caso, claro, e não como manda a lei – para todas elas. Um dos
resultados mais tenebrosos dessa nova “política” foi a atuação da ANAC –
Agência Nacional de Aviação Civil. O aparelhamento e a corrupção desenfreada
resultaram em pelo menos dois terríveis acidentes aéreos com várias centenas de
mortos.
Percebeu-se
claramente que a relação dos governos petistas com as agências que
deveriam fiscalizar os serviços públicos nas mãos de particulares sempre foi
outra. Assim, em 2009, por exemplo, Lula nomeou o presidente da Qualicorp,
então empregado do dono da empresa José Seripieri Júnior, como presidente da
Agência Nacional de Saúde Suplementar. Ou seja, botou a raposa para tomar conta
do galinheiro. Afinal o presidente de uma corretora de planos de saúde iria
fiscalizar os planos de saúde, sobre os quais ele tinha o maior interesse que
tivessem cada vez mais lucros.
E José Seripieri Júnior vem a ser o dono do jatinho de duas
turbinas e nove lugares que está à disposição de Lula para suas andanças pelo
Brasil. Ah, foi também na casa de praia de Seripieri, em Angra dos Reis, que
Lula passou os dois últimos réveillons, tomando o melhor vinho e pescando em
alto mar, na lancha do empresário.
Como se vê, Lula é muito chegado a uma elite. Financeira,
claro.
Lula não viaja em avião de carreira porque sabe que, se fizer isso, será vaiado. Ou até agredido. Caso tal não aconteça, corre o risco de fazer com que os pilotos, como o alemão com o jato da Lufthansa, atirem o aeroplano contra o solo.
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