Reportagem do Estadão mostra que sobrou para os funcionários
dos Correios cobrirem o prejuízo que o Fundo de Pensão da empresa – o Postalis –
está amargando. É coisa de gente grande: R$ 5,6 bilhões de prejuízo num fundo
que bastava aplicar corretamente o dinheiro que desconta dos empregados e
também recebe da empresa. Qualquer banco normal ou de investimento sabe o
caminho para que uma aplicação não se deteriore, não dê prejuízo. Difícil é ter
grandes lucros, mas lucros pequenos ou mesmo a correção da inflação – o que já
provocaria a ausência de déficit – é coisa simples quando se tem grandes somas
e há a possibilidade de grande diversificação de investimentos.
Mas, nas mãos dos “companheiros”, parece que a coisa
funciona diferente. Tal como o desfalque na Petrobras, o prejuízo aqui alcança
impensáveis bilhões de reais. E, pior, quem tem de cobri-lo não são os maus
gerentes do dinheiro alheio e sim todos os funcionários dos Correios. Deles,
pretende o Postalis descontar mais de 25% do salário pelos próximos 15 anos.
Foi isso mesmo que o espantado leitor leu: 25% de desconto no salário durante
15 anos e meio. Ou seja, o que se delapidou em dois ou três anos vai roer o salário
dos trabalhadores dos Correios até 2030.
Podia ser pior? É pior! Situação semelhante – e semelhante
aqui significa prejuízo bilionário – enfrentam o Petros e o Funcef que são,
respectivamente, o fundo da Petrobras (claro!!!) e da Caixa Econômica Federal,
aquela que o governo petista já fala em vender boa parte de seus ativos para
fazer caixa para um tesouro combalido pela incompetência e pela corrupção.
De comum, os três gigantescos fundos têm o fato de
pertencerem a empresas públicas e exibirem em suas direções “companheiros
petistas” que lá chegaram "eleitos" por funcionários dominados por sindicatos petistas, mui provavelmente com a missão de trabalhar para o partido em
primeiro lugar, para eles próprios em segundo e, se der, para o fundo. Pelo jeito não deu e os bilhões de prejuízos
agora serão cobrados daqueles que nada fizeram para que a situação chegasse a esse
ponto. Pelo contrário, sempre contribuíram para os fundos na certeza de que teriam uma aposentadoria melhor.
Quando o PT estava se organizando para chegar ao poder, o
projeto de permanência eterna “comandando” o Brasil passava pelo domínio dos
fundos de pensão das grandes estatais. Foi o que começaram a fazer antes mesmo
de Lula ser eleito. Depois ficou ainda mais fácil e o resultado aí está.
Resta aos prejudicados tentar investigar o que causou o
prejuízo. Seguir o dinheiro reza a máxima em casos como esse. Descobrir onde
foi aplicado, por quem foi aplicado e quem ganhou com o prejuízo (sempre tem
alguém faturando na desgraça dos outros). Não é tão difícil descobrir. Na outra
ponta do novelo com certeza estarão peixes grandes com seus projetos de
permanência eterna no poder.
Em novembro de 2011, o deputado federal Onix Lorenzoni (DEM)
escrevia em seu blog:
“No mundo todo, a independência dos fundos de pensão e previdência, bem
como o respeito aos cotistas destes fundos (que são os trabalhadores que
contribuem na expectativa de um dia terem uma aposentadoria um pouco melhor)
são uma das questões mais sérias das sociedades. No Brasil esta independência
para decidir como preservar o valor dos fundos está em cheque. Os maiores
fundos de pensão sofrem pressões políticas de todo o tipo e muitas vezes tem
sua independência (ou seja, poder de decidir no que investir para que as
contribuições dos cotistas não desvalorizem) comprometida. Agora assistimos a
mais um capítulo de como pode se aprofundar o aparelhamento de um fundo de
previdência. Só para lembrar, este dinheiro é privado! Ele saiu do bolso de
cotistas... mas confundir o público e o privado é uma das marcas do PT.”
Como se
vê, não foi por falta de aviso.
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