domingo, 29 de março de 2015

Mais um factoide para Campinas

No Correio Popular de hoje mais um projeto de factoide do governo municipal. O VLT de Dubai, nos Emirados Árabes é mostrado como um “modelo” do que o prefeito Jonas Donizete (PSB) quer implantar em Campinas. Não, não é piada.

A reportagem fala do antigo VLT, mas não diz que foi um projeto do então governador Orestes Quércia para Campinas que custou várias dezenas de milhões de dólares (e sabe-se lá quanto em propinas) e que foi enfiada goela abaixo do então prefeito Jacó Bittar.

Pra começo de conversa ele era um trem lento. E lento porque aproveitava o traçado de uma antiga estrada de ferro, que contornava fazendas e que, por isso, fazia enormes curvas. E são essas curvas que hoje impedem que, nesse traçado, se alcance uma velocidade compatível com as possibilidades de um trem moderno. Além disso, a antiga linha não contempla mais as regiões mais desenvolvidas da cidade, para onde vai o maior fluxo de pessoas.

O VLT – que ficou conhecido como um trenzinho que saía do nada e ia pra lugar nenhum – parece ser agora o “objeto de desejo” do prefeito. A reportagem me lembra outras, do tempo em que o prefeito Hélio de Oliveira, cassado por corrupção, fazia anúncios de grandes obras e o jornal parecia acreditar. Foi assim com a revitalização do Centro da cidade, com o centro de convenções, com um novo teatro, com o enorme engodo chamado trem bala e até com Viracopos, que só foi realmente reformado e ampliado quando foi privatizado.

Esses factoides todos começam a se repetir no atual governo. Para uma cidade que não consegue viabilizar o atendimento à saúde, que demora mais de quaro horas para fazer um simples atendimento, que vive epidemias de dengue todo ano, anunciar um VLT como o de Dubai para uma cidade que não conseguiu ainda viabilizar o BRT – que só precisa de vias adequadas, pois os ônibus já foram até comprados – só pode ser conversa mole pra boi dormir.

O próprio VLT campineiro, informa a reportagem, está dependendo de um “estudo de viabilidade” que, para ser realizado, aguarda uma verba R$ 1,2 milhão. Se nem esse valor – irrisório perto do investimento no transporte – não saiu ainda, o que dirá das centenas de milhões de reais necessários para o VLT. O de Dubai, por exemplo, custou cerca de R$ 200 milhões de reais por quilômetro. Vinte quilômetros dele aqui em Campinas – um tamanho pequeno para a cidade - acabariam com o orçamento de um ano inteiro.

Mas a reportagem diz que o governo municipal buscaria recursos junto ao governo federal, ignorando totalmente a situação econômica do país, onde um severo reajuste fiscal está em curso com o objetivo de economizar R$ 66 bilhões, o que implicará em enormes cortes de investimentos.
Enquanto isso, o usuário do transporte coletivo em Campinas continua sofrendo as agruras de um sistema falido, de ônibus inadequados e de motoristas que não têm o mínimo de consideração por seus passageiros, pois dirigem os carros velocidades incompatíveis com o conforto e a segurança e são de uma grosseria inacreditável.  

Sexta-feira passada, estávamos, Zezé e eu, onde íamos encontrar uma amiga que mora no DIC. Ela e Zezé iam assistir a uma palestra. Quando faltavam dez minutos para começar a palestra a amiga ligou: não viria mais, pois estava há 45 minutos no ponto do ônibus e não havia sinal de que a condução chegaria logo.


Essa é Campinas, onde o prefeito sonha com um VLT de 200 milhões de reais por quilômetro...

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