No Correio Popular de hoje mais um projeto de factoide do
governo municipal. O VLT de Dubai, nos Emirados Árabes é mostrado como um “modelo”
do que o prefeito Jonas Donizete (PSB) quer implantar em Campinas. Não, não é
piada.
A reportagem fala do antigo VLT, mas não diz que foi um
projeto do então governador Orestes Quércia para Campinas que custou várias
dezenas de milhões de dólares (e sabe-se lá quanto em propinas) e que foi
enfiada goela abaixo do então prefeito Jacó Bittar.
Pra começo de conversa ele era um trem lento. E lento porque
aproveitava o traçado de uma antiga estrada de ferro, que contornava fazendas e
que, por isso, fazia enormes curvas. E são essas curvas que hoje impedem que,
nesse traçado, se alcance uma velocidade compatível com as possibilidades de um
trem moderno. Além disso, a antiga linha não contempla mais as regiões mais
desenvolvidas da cidade, para onde vai o maior fluxo de pessoas.
O VLT – que ficou conhecido como um trenzinho que saía do
nada e ia pra lugar nenhum – parece ser agora o “objeto de desejo” do prefeito.
A reportagem me lembra outras, do tempo em que o prefeito Hélio de Oliveira,
cassado por corrupção, fazia anúncios de grandes obras e o jornal parecia
acreditar. Foi assim com a revitalização do Centro da cidade, com o centro de
convenções, com um novo teatro, com o enorme engodo chamado trem bala e até com
Viracopos, que só foi realmente reformado e ampliado quando foi privatizado.
Esses factoides todos começam a se repetir no atual governo.
Para uma cidade que não consegue viabilizar o atendimento à saúde, que demora
mais de quaro horas para fazer um simples atendimento, que vive epidemias de
dengue todo ano, anunciar um VLT como o de Dubai para uma cidade que não
conseguiu ainda viabilizar o BRT – que só precisa de vias adequadas, pois os
ônibus já foram até comprados – só pode ser conversa mole pra boi dormir.
O próprio VLT campineiro, informa a reportagem, está dependendo
de um “estudo de viabilidade” que, para ser realizado, aguarda uma verba R$ 1,2
milhão. Se nem esse valor – irrisório perto do investimento no transporte – não
saiu ainda, o que dirá das centenas de milhões de reais necessários para o VLT.
O de Dubai, por exemplo, custou cerca de R$ 200 milhões de reais por
quilômetro. Vinte quilômetros dele aqui em Campinas – um tamanho pequeno para a
cidade - acabariam com o orçamento de um ano inteiro.
Mas a reportagem diz que o governo municipal buscaria recursos
junto ao governo federal, ignorando totalmente a situação econômica do país,
onde um severo reajuste fiscal está em curso com o objetivo de economizar R$ 66
bilhões, o que implicará em enormes cortes de investimentos.
Enquanto isso, o usuário do transporte coletivo em Campinas
continua sofrendo as agruras de um sistema falido, de ônibus inadequados e de
motoristas que não têm o mínimo de consideração por seus passageiros, pois
dirigem os carros velocidades incompatíveis com o conforto e a segurança e são
de uma grosseria inacreditável.
Sexta-feira passada, estávamos, Zezé e eu, onde íamos encontrar
uma amiga que mora no DIC. Ela e Zezé iam assistir a uma palestra. Quando
faltavam dez minutos para começar a palestra a amiga ligou: não viria mais,
pois estava há 45 minutos no ponto do ônibus e não havia sinal de que a
condução chegaria logo.
Essa é Campinas, onde o prefeito sonha com um VLT de 200 milhões
de reais por quilômetro...
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