Depois de uma queda de braço que teve de tudo, até agrados
mútuos e chantagens várias, Eduardo Cunha (PMDB) leu o pedido de impeachment
contra a presidente petista Dilma Rousseff. Esta, por sua vez, mandou acirrar
os ânimos no Conselho de Ética, onde Cunha sofre processo por ter mentido à
Câmara sobre contas secretas em bancos no exterior.
A leitura do pedido de impeachment abriu o processo e, para
continuar, era necessária uma comissão
especial, eleita pelo plenário para analisar o pedido e decidir se sugere sua
admissibilidade. A sugestão é votada no plenário que pode acatá-la ou não.
No Conselho de Ética, onde o, agora, carrasco de Dilma é
réu, é preciso que o parecer do relator seja votado pelos membros. O parecer já
estava pronto e sugeria a cassação de Cunha, mas a tropa de choque do
presidente da Câmara inventou tanta tramoia que foi adiando a votação até que a
Mesa Diretora da Câmara destituiu o relator. Motivo alegado: ele pertence ao
mesmo bloco parlamentar do investigado (Cunha) e, por isso, não pode ser o
relator.
Na Câmara, a comissão especial (são 65 membros) geralmente é
indicada pelos líderes dos partidos, que nomeiam os membros titulares e suplentes
e depois essa chapa é votada pelo plenário e, claro, aprovada.
No Conselho de Ética, após a mudança de relator, o presidente
tem de escolher outro. Para escolher outro precisa de uma lista tríplice,
conseguida via sorteio. Sortearam os três, mas um se disse impedido e o
presidente então escolheu entre os outros dois.
Na Câmara, a lista de membros da comissão especial
escolhidos pelo líder do PMDB desagradou a maior parte da bancada, pois dos
oito membros, cinco eram favoráveis ao governo. Então a bancada rebelde se
aliou a partidos de oposição e, juntos, produziram outra lista para disputar com a
lista anterior.
No Conselho de Ética, após a escolha do novo relator, o
debate se acirrou. A tropa de choque de Cunha queria que começasse tudo de novo,
que o novo relator – petista, por sinal - escrevesse novo relatório e não
simplesmente copiasse o do relator anterior.
Na Câmara, a lista da oposição, depois de horas de
discussões e até de brigas e destruição de urnas, a votação foi encerrada com
um placar de 274 a 199 para a lista de oposição, uma derrota acachapante do
governo.
No Conselho de Ética, a tropa de choque de Cunha levantou
uma questão de ordem: a escolha do novo relator deveria ter sido feita a partir
de três nomes sorteados. Como um desistiu e o presidente escolheu entre dois, o
sorteio não valeu.
Na Câmara, depois da derrota do governo, uma deputada do
PCdoB apelou ao STF com um pedido de liminar para anular tudo, pois entendia
que a votação não poderia ter sido secreta e, sim, aberta para que todos
soubessem quem votou em quem.
No Conselho de Ética, o presidente aceitou a tese de que
deveria haver três membros e vai
escolher novo relator que deverá começar tudo de novo. E se Cunha conseguir
continuar melando as reuniões e humilhando o Conselho de Ética, a votação do
relatório deve acontecer talvez no fim deste século.
Na Câmara, o STF entendeu que, por não haver uma regra explícita
sobre a votação (se ela deve ser secreta ou não), suspendeu os trabalhos do impeachment
até que o plenário do tribunal decida de a eleição valeu ou não. Se valeu, tudo
bem. Se não valeu, tem de fazer outra, com o voto aberto. Mas o STF não se
reúne assim toda hora. A decisão do só vai sair na próxima quarta-feira.
Enquanto isso, a inflação ultrapassou o recorde de 2003 do próprio
PT, batendo em mais de 10%, o PIB continua murchando, a Petrobras cavando
prejuízos, o desemprego aumentando, as epidemias comendo solta por aí e Dilma e
o PT continuam fingindo que governam o Brasil. Fazem isso há quase 13 anos.
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