sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Vandalismo na 13 de Maio: um festival de violência e de erros

O vandalismo cometido na Rua 13 de Maio, centro de Campinas, na noite de domingo passado,  por pessoas que estavam num baile funk realizado na Estação Cultura é resultado não só da ignorância e do banditismo agregado ao público desses bailes, mas também a uma série de erros que mostram o total despreparo das autoridades para lidar com um tipo simples de situação, bem como desprezo pelos cidadãos de bens e contribuintes de Campinas.

Qualquer pessoa minimamente bem informada, conhece o potencial de periculosidade que um baile funk tem. Oriundo de comunidades da periferia, o evento é geralmente regado a fartas quantidades de bebidas alcoólicas e muita droga ilícita. Seus organizadores são, quase sempre, ligados a quadrilhas de traficantes. Nos bailes rolam músicas de péssima qualidade e muito sexo, explícito ou não, com maiores ou menores de idade. Todo isso, claro, as autoridades civis e policiais estão cansadas de saber.

Pois sabendo de tudo isso, tivemos um baile funk realizado no centro de Campinas, sem qualquer fiscalização das forças policiais. Pior: autoridades civis ligadas ao evento, pouco fizeram para que o baile fosse, ao menos vigiado à hora do seu término, quando turmas embriagadas e drogadas iriam sair da Estação Cultura par fazer sabe-se lá o quê.

Três autoridades civis – um vereador, o secretário de Cultura e o de Segurança de Campinas – estão na ponta da irresponsabilidade do caso e podem ser apontados como favorecedores do vandalismo. Claro que isso não exime os vândalos da vocação para o banditismo, mas se vereador e secretário tivessem agido da maneira correta, a história seria outra.

O vereador, Cidão Santos (PROS) ligado aos promotores do evento, ficou com a tarefa de pedir policiamento para o baile. Pediu errado.  Informa o Correio Popular desta sexta-feira que foi enviado um ofício (“vago”)  à “Secretaria de Segurança Pública do Município e ao 35º Batalhão da Polícia Militar Interior (BPM/I), pedido segurança. Este último pedido deveria ter sido enviado ao 8º BPM/I, responsável pela área central da cidade.”

Mas leiam o que diz, segundo a reportagem, o comandante do BPM/I: “O tenente-coronel do 8º BPM/I, Marci Elber Rezende, confirmou que recebeu o ofício do 35º BPM/I, e que por se tratar de um pedido vindo da Câmara, encaminhou ofício à Secretaria de Cultura pedindo informações sobre público e tipo de evento. “O ofício era vago, e como que se trava de evento cultural, a Secretaria de Cultura que tinha que fazer a solicitação. Eu questionei isso e estou até hoje esperando resposta”, disse Rezende. “Não designei policiamento porque não houve confirmação”, frisou.

Como se vê, o vereador errou – erro corrigido pelo 35º BPM/I. O secretário de Cultura, Ney Carrasco, parece nem ter dado bola ao ofício. Sem uma confirmação da Secretaria de Cultura, a PM não pôde enviar policiais, mas aí está outro erro também, pois a PM sabe do potencial explosivo desses bailes e deveria, ao menos colocar um viatura na 13 de Maio na hora da saída do baile (22h). Aliás, às 22h de qualquer dia é necessária a presença de policiamento na 13 de Maio, região hoje infestada de marginais à noite, justamente pela ausência de policiamento.

Depois da desgraça do vandalismo e dos roubos ocorridos nas lojas da 13 de Maio, vieram as mentiras das autoridades municipais.

Segunda-feira passada a Prefeitura mentiu.  Ela informou que prestou apoio ao evento, por meio da Secretaria de Cultura, com a cessão do espaço, e frisou que a GM esteve presente no local durante toda a realização do evento, que transcorreu sem incidentes. Ora, se a GM estava lá o tempo todo, por que não acompanhou a turma que desceu a 13 de Maio?

A reportagem do Correio informa ainda que voltou a procurar a Secretaria de Segurança Pública Municipal (o secretário é Luiz Augusto Baggio)e ela saiu com outra mentira deslavada. Disse que o “patrulhamento da Guarda Municipal realizado na rua 13 de Maio dá prioridade aos dias e horários com maior fluxo de pessoas. Assim, aos domingos, naquela região, a GM atua com maior atenção à Estação Cultura, onde há a realização de eventos culturais e artísticos”.

Ora, o baile foi num domingo e a 13 de Maio ficou mais de 11 horas – do meio-dia às 23 horas de domingo passado – sem qualquer patrulhamento da Polícia Militar e da Guarda Municipal nas imediações da Estação Cultura. Esse fato está comprovado por imagens feitas por câmeras de segurança e que estão em poder dos comerciantes que tiveram suas lojas assaltadas pelos bandidos do baile funk.  

Agora os comerciantes, com razão, querem ter os prejuízos ressarcidos pelas autoridades municipais, já que ela se mostrou completamente indiferente às consequências um evento desse tipo poderia ter. A PM também errou por não colocar patrulhamento no local público (a 13 de Maio) e só chegar 35 minutos depois do vandalismo perpetrado. A GM chegou um pouco antes, (26 minutos depois) mas sua presença, tal qual a da PM, também já era inútil.

Assim Campinas vai vivendo dias de terror sem que as autoridades – municipais ou estaduais – sejam responsabilizadas como deveriam ser. Claro que isso é fruto de um governo municipal irresponsável que está mais preocupado em embelezar a cidade na sua aparência, maquiando paredes e ruas, sem tocar programas sólidos de segurança do cidadão. O resultado é que turmas de bandidos como essa oriunda do baile funk, sempre se sentirão à vontade para praticar vandalismos e roubos em Campinas. Pobre cidade. 

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