O vandalismo cometido na Rua 13 de Maio, centro de Campinas,
na noite de domingo passado, por pessoas
que estavam num baile funk realizado na Estação Cultura é resultado não só da
ignorância e do banditismo agregado ao público desses bailes, mas também a uma
série de erros que mostram o total despreparo das autoridades para lidar com um
tipo simples de situação, bem como desprezo pelos cidadãos de bens e
contribuintes de Campinas.
Qualquer pessoa minimamente bem informada, conhece o
potencial de periculosidade que um baile funk tem. Oriundo de comunidades da
periferia, o evento é geralmente regado a fartas quantidades de bebidas
alcoólicas e muita droga ilícita. Seus organizadores são, quase sempre, ligados
a quadrilhas de traficantes. Nos bailes rolam músicas de péssima qualidade e
muito sexo, explícito ou não, com maiores ou menores de idade. Todo isso,
claro, as autoridades civis e policiais estão cansadas de saber.
Pois sabendo de tudo isso, tivemos um baile funk realizado
no centro de Campinas, sem qualquer fiscalização das forças policiais. Pior:
autoridades civis ligadas ao evento, pouco fizeram para que o baile fosse, ao
menos vigiado à hora do seu término, quando turmas embriagadas e drogadas iriam
sair da Estação Cultura par fazer sabe-se lá o quê.
Três autoridades civis – um vereador, o secretário de
Cultura e o de Segurança de Campinas – estão na ponta da irresponsabilidade do
caso e podem ser apontados como favorecedores do vandalismo. Claro que isso não
exime os vândalos da vocação para o banditismo, mas se vereador e secretário
tivessem agido da maneira correta, a história seria outra.
O vereador, Cidão Santos (PROS) ligado aos promotores do
evento, ficou com a tarefa de pedir policiamento para o baile. Pediu errado. Informa o Correio Popular desta sexta-feira
que foi enviado um ofício (“vago”) à “Secretaria
de Segurança Pública do Município e ao 35º Batalhão da Polícia Militar Interior
(BPM/I), pedido segurança. Este último pedido deveria ter sido enviado ao 8º
BPM/I, responsável pela área central da cidade.”
Mas leiam o que diz, segundo a reportagem, o comandante do
BPM/I: “O tenente-coronel do 8º BPM/I, Marci Elber Rezende, confirmou que
recebeu o ofício do 35º BPM/I, e que por se tratar de um pedido vindo da
Câmara, encaminhou ofício à Secretaria de Cultura pedindo informações sobre
público e tipo de evento. “O ofício era vago, e como que se trava de evento
cultural, a Secretaria de Cultura que tinha que fazer a solicitação. Eu
questionei isso e estou até hoje esperando resposta”, disse Rezende. “Não
designei policiamento porque não houve confirmação”, frisou.
Como se vê, o vereador errou – erro corrigido pelo 35º BPM/I.
O secretário de Cultura, Ney Carrasco,
parece nem ter dado bola ao ofício. Sem uma confirmação da Secretaria de
Cultura, a PM não pôde enviar policiais, mas aí está outro erro também, pois a
PM sabe do potencial explosivo desses bailes e deveria, ao menos colocar um
viatura na 13 de Maio na hora da saída do baile (22h). Aliás, às 22h de
qualquer dia é necessária a presença de policiamento na 13 de Maio, região hoje
infestada de marginais à noite, justamente pela ausência de policiamento.
Depois da desgraça do vandalismo e dos roubos ocorridos nas lojas
da 13 de Maio, vieram as mentiras das autoridades municipais.
Segunda-feira passada a Prefeitura mentiu. Ela informou que prestou apoio ao evento, por
meio da Secretaria de Cultura, com a cessão do espaço, e frisou que a GM esteve
presente no local durante toda a realização do evento, que transcorreu sem
incidentes. Ora, se a GM estava lá o tempo todo, por que não acompanhou a turma
que desceu a 13 de Maio?
A reportagem do Correio informa ainda que voltou a procurar
a Secretaria de Segurança Pública Municipal (o secretário é Luiz Augusto
Baggio)e ela saiu com outra mentira deslavada. Disse que o “patrulhamento da
Guarda Municipal realizado na rua 13 de Maio dá prioridade aos dias e horários
com maior fluxo de pessoas. Assim, aos domingos, naquela região, a GM atua com
maior atenção à Estação Cultura, onde há a realização de eventos culturais e
artísticos”.
Ora, o baile foi num domingo e a 13 de Maio ficou mais de 11
horas – do meio-dia às 23 horas de domingo passado – sem qualquer patrulhamento
da Polícia Militar e da Guarda Municipal nas imediações da Estação Cultura. Esse
fato está comprovado por imagens feitas por câmeras de segurança e que estão em
poder dos comerciantes que tiveram suas lojas assaltadas pelos bandidos do
baile funk.
Agora os comerciantes, com razão, querem ter os prejuízos
ressarcidos pelas autoridades municipais, já que ela se mostrou completamente
indiferente às consequências um evento desse tipo poderia ter. A PM também
errou por não colocar patrulhamento no local público (a 13 de Maio) e só chegar
35 minutos depois do vandalismo perpetrado. A GM chegou um pouco antes, (26 minutos
depois) mas sua presença, tal qual a da PM, também já era inútil.
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