quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Eleições em Campinas: o alvo é Artur Orsi

A possibilidade da entrada de mais um concorrente na corrida à Prefeitura de Campinas, revelada hoje na coluna Xeque Mate do Correio Popular, se não tem grande peso num possível resultado, mostra, ao menos, estratégias que estão sendo pensadas.

O novo personagem na corrida, o presidente da Câmara Rafa Zimbaldi (PP), sabe que não tem chance alguma de ser eleito, mas coloca seu nome no páreo para medir sua força a uma candidatura a deputado em 2018 e, ao mesmo tempo, tentar pavimentar a estrada para um novo mandato de Jonas Donizette (PSB), de quem é aliado.

O quadro até agora tinha três concorrentes com chance de chegar ao segundo turno: o próprio prefeito, o candidato do PT, que deve ser Márcio Pochmann e o vereador Artur Orsi, de malas prontas para o PSD, já que no seu partido, o PSDB, os caciques Carlos Sampaio e Célia Leão não admitem que qualquer outra liderança local apareça e, portanto, jamais dariam a legenda a Orsi.

Sem lideranças para o cargo de prefeito, o PSDB vive fase amarga em Campinas: não teve candidato a prefeito pela primeira vez e caminha para não ter pela segunda vez, abandonando um enorme eleitorado. Desde que foi criado, elegeu um prefeito e em apenas uma eleição não foi ao segundo turno. Agora está a reboque do inexpressivo Donizette.

A entrada de Zimbaldi pode significar um pouco menos de votos para o PT e para Orsi? Talvez. Na última eleição, Zimbaldi teve pouco mais de 9 mil votos, um número que, se é bom para a Câmara, é insignificante para a Prefeitura. Claro que eleição para prefeito tem muito menos candidatos, mas o mandato de Zimbaldi na Câmara, sem qualquer fato que o faça sobressair além de ter conseguido a presidência com as bênçãos do prefeito, não o projeta como um candidato cotado para um segundo turno, nem com mais votos que qualquer um dos três já colocados.

O PT é uma incógnita. Pode até não ter candidato, pois esbarra no mar de lama em que está envolvido, na possibilidade de seu maior líder ser até preso por corrupção e também na pouca vontade de seu único candidato em Campinas concorrer. Pochmann, um intelectual de esquerda, preso a conceitos marxistas retrógrados e autoritários, jamais dirigiu uma Prefeitura e chegou ao segundo turno na eleição passada por que o PT ainda não tinha tantos podres revelados e Lula desfrutava de algum prestígio. Hoje, o apoio de Lula pode significar o contrário do que significou há quatro anos. (A reeleição de Dilma eu não conto, pois há enormes suspeitas de fraude e de uso de dinheiro público roubado para fazer sua campanha).

É esse PT combalido que Donizette “elegeu” em entrevista, como seu maior adversário nas urnas em outubro. Não deve ser. A entrada de Orsi no PSD e sua firme determinação de concorrer à Prefeitura, é o fato novo e importante para a próxima eleição. Donizette sabe disso e, ao mesmo tempo em que tenta desviar o foco dizendo ser o PT seu maior adversário, incentiva (ou determina) uma nova candidatura originária do mesmo campo de Orsi, a Câmara.

Assim, a tentativa de entrada de Zimbaldi, além de avaliar suas chances para uma candidatura em 2018 (deputado estadual ou federal), mostra a preocupação com a entrada de Orsi na corrida. O atual prefeito sabe que seu governo tem avaliação abaixo da média e insuficiente para uma reeleição tranquila. E vê em Orsi, que é o maior crítico de seu governo, um grande potencial para atrapalhar seus planos de governar Campinas por mais quatro anos. 

Portanto, é mais provável que Donizette tenha chamado Zimbaldi para concorrer. Os dois - Orsi e Zimbaldi - concorreriam pela primeira vez, são oriundos da Câmara e tiveram participação ativa na cassação de Hélio de Oliveira. Só que as coincidências terminam aí e não dá pra dizer que elas podem dividir o eleitorado.

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