Como escreveu o jornalista Josias de Souza, “o PT presume que o
Brasil é uma nação de tolos”. Ele disse isso baseado na “resolução sobre a
conjuntura” que o Diretório Nacional do partido produziu ontem.
Esses
documentos geralmente são para consumo interno do partido, são eivados de erros
grosseiros de avaliação da realidade e todo ele escrito a partir de princípios ideológicos
de esquerda que não encontram amparo em nenhuma nação desenvolvida do mundo.
Até na China esses conceitos já foram deixados de lado há um bom tempo. E até
em ditaduras que têm de vagabundas o que têm de violentas e opressivas, como
Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, são conceitos ultrapassados, pois enxergam
sempre o capitalismo em crise sucumbindo à inexorável marcha do socialismo...
Só que a resolução produzida ontem pelo PT traz mais
bobagens que costumeiramente costuma trazer, já que o partido deixou o poder,
como sabemos, e vive uma espécie de princípio do fim, execrado pela população,
corroído pela corrupção e abatido pela incompetência.
A bobagem maior, como disse Josias, é que se depreende do
texto que somos todos tolos. E por dois motivos: primeiro por não perceber – e apoiar
– o magnífico governo petista; segundo, porque a análise da realidade atual do
Brasil é tão absurda que somente os tolos poderiam acreditar nela. Creio que
nem mesmo os autores do texto acreditam no que escreveram, pois só cabeças completamente
deturpadas pela ideologia opressiva da esquerda e completamente alheias aos
fatos recentes da política brasileira poderiam produzir tantas asneiras sem, ao
menos, soltar um risinho pelo deboche encetado.
Chamar o processo de impeachment de “golpe” é fato que domina
o documento. Mesmo que até o STF rejeite a farsa, o PT insiste em classificar o
processo assim, talvez na esperança de que os “tolos” um dia acreditem.
Como se sabe, o impeachment ganhou corpo a partir das mentiras
de Dilma sobre a situação econômica do Brasil, do uso dessas mentiras para se
reeleger, das pedaladas fiscais (que sustentaram as mentiras) e das mudanças no
orçamento que exigiam aprovação do Congresso e ela as fez sem qualquer
autorização. Mas o PT tem a cara de pau
de dizer que foi “uma ofensiva planificada, que culminou com a unificação de
distintos centros de comando ao redor da conspiração golpista”. E acrescentam
que “a maioria conservadora do Congresso Nacional fabricou pretexto casuístico
para depor um governo legitimamente eleito...” se esquecendo que essa maioria
conservadora, poucos meses antes, estava toda no bloco de apoio ao governo
petista e que só mudou de lado quando viu que a encrenca era maior do que ela
poderia suportar. Ou seja: a presidente foi eleita com base em mentiras e o
país estava em situação financeira que beirava o caos.
O “planejamento” foi tal que o PT afirma que o governo Dilma
“era obstáculo a ser removido de forma imediata e a qualquer custo, de tal
sorte que um governo de transição pudesse dispor de tempo suficiente para
aplicar o programa neoliberal antes que as urnas voltassem a se pronunciar”. Esse
trecho, aliás, parece admitir como certo o impeachment a ser julgado pelo
Senado. Talvez seja a única conclusão realista que o documento sugere.
Claro que o documento, em duas dez páginas, não reserva uma
linha sequer para falar do Mensalão ou do Petrolão como práticas ilegais
patrocinadas pelo partido. Mas mencionam a Lava Jato, não para elogiar a maior
operação anticorrupção já realizada no Brasil e que tem apoio da grande maioria
da população, mas para dizer que ela “desempenha papel crucial na escalada
golpista”. Eles têm a coragem de dizer que ela se tornou “instrumento político
para a guerra de desgaste contra dirigentes e governantes petistas, atuando de
forma cada vez mais seletiva quanto a seus alvos, além de marcada por violações
do Estado Democrático de Direito”.
Para tanta bobagem assinada pelo PT, só mesmo lembrando que,
no mesmo dia em que o documento é produzido, o juiz Sérgio Moro assina sentença
condenando o “guerreiro herói do povo brasileiro” José Dirceu a 23 anos de
prisão e o ex-tesoureiro do partido, José Vaccari, a 8 anos. No caso de Dirceu, um trecho da sentença diz
tudo sobre esse facínora: “O mais perturbador, porém, em relação a José Dirceu,
consiste no fato de que recebeu propina inclusive enquanto estava sendo julgado
pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal a Ação Penal 470 [Mensalão], havendo
registro de recebimentos pelo menos até 13/11/2013. Nem o julgamento
condenatório pela mais Alta Corte do País representou fator inibidor da
reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito".
É bem possível que os petistas digam que Moro esperou o documento
do partido ser divulgado para publicar a sentença contra Dirceu...
Pode parecer incrível e altamente retrô, mas o documento
chega a citar “a longa crise do capitalismo”, fala sobre uma “estratégia para
desestabilizar as demais experiências progressistas na América Latina” e
conclui o “raciocínio” afirmando que tudo isso “influirá sobre a evolução do
bloco BRICS, cujo potencial... coloca em xeque a velha engenharia mundial das
potências capitalistas”.
Sentiu um cheiro de papel carbono? Dos anos 1960, 1970, por
aí? Pois é, o PT é velho e ultrapassado.
Na parte da autocrítica (sim ela existe!), o PT não deixa
por menos. Depois de dizer que deveriam ter sido mais rigorosos à esquerda, voltam
à velha história de reformas que não fizeram (embora, como se sabe, tivessem folgada
maioria no Congresso para fazê-las). Diz o texto: “Logo ao assumirmos,
relegamos tarefas fundamentais como a reforma política, a reforma tributária
progressiva e a democratização dos meios de comunicação.” Essa última, foi
quase um mantra petista ao longo de 13 anos. Como é costumeiro nas ditaduras de
esquerda, o governo domina todo e qualquer meio de comunicação. O jornalismo só
existe no modo “chapa branca”, ou seja, apenas veículos oficiais que só
produzem notícias favoráveis ao governo. Todos os jornalistas – como de resto
todo mundo numa ditadura de esquerda – são funcionários públicos. Era isso que
o PT sonhava para o Brasil. Para implantar a ditadura, precisavam antes dominar a “mídia”. Seria o começo das trevas.
Mas vejam só que meigo: ao invés de dizer que o PT saiu
fazendo caixa 2 adoidado desde antes da eleição de Lula (o caso Celso Daniel,
por exemplo, envolveu arrecadação ilegal de empresas de ônibus de Santo André
para o partido, ocorrida entre 2000 e 2002), o documento assinala que “fomos
contaminados pelo financiamento empresarial de campanhas, estrutura celular de
como as classes dominantes se articulam com o Estado, formando suas próprias
bancadas corporativas e controlando governos”. Parece piada, né? E pensar que pessoas
que conhecem bem a língua portuguesa, o que pressupõe boa quantidade de
leitura, tenham escrito algo assim é mais que lamentável.
O arremate dessa joia do pensamento contemporâneo é
fantástico: “Apesar dos esforços constantes, nos últimos anos, para corrigir
esses desvios, temos claro que suas sequelas debilitaram o PT e fragilizaram o
conjunto da esquerda frente à escalada golpista”.
My God! O PT roubou desde o princípio e, quando chegou ao
poder, não só continuou roubando como aumentou de tal forma o saque ilegal aos
cofres públicos que conseguiu falir a maior estatal brasileira e uma das
maiores do mundo, produzindo o maior escândalo de corrupção da história. E o
partido tem a desfaçatez de escrever, num documento oficial, que fizeram
esforços constantes nos últimos anos para corrigir esses desvios...
Eu poderia desconstruir linha por linha de todo o documento,
mas acabaria produzindo um texto enorme, que apesar do constante humor surreal
que ele exala, tornaria maçante a leitura. Para encerrar, registro aqui que o PT tenta contar uma
história diferente e mentirosa da protagonizada por ele mesmo à frente dos
destinos do Brasil. Trata-se de um partido farsante, pra dizer o mínimo.
Creditam, ao final do documento, a crise brasileira à crise mundial (como
sempre) e afirmam que foi feito um ajuste fiscal que “foi destrutivo sobre a
base social petista”. Mentira! Não houve ajuste fiscal algum, os próprios
parlamentares petistas impediram votações nesse sentido que seriam propostas
por Joaquim Levy.
Enfim, trata-se de um papel que não serve nem pra embrulhar
peixe. O PT, mais uma vez, tenta engambelar o Brasil, com suas análises equivocadas
da realidade, com mentiras grosseiras e sugerindo uma forma de governo que não
deu certo em lugar nenhum do mundo.
O documento, me parece, marca, principalmente, o melancólico
fim de um partido que carregou as esperanças da maioria do povo brasileiro, mas
se perdeu ao tentar impor uma ideologia fracassada, ao implantar a corrupção
como meio administrativo e ao relegar a um plano inferior a capacidade do povo
e das instituições brasileiras de perceberem o grande engodo que o partido produziu
para se eternizar no poder.
Esse PT me enoja em tudo o que faz. Eles não respeitam a inteligência dos demais, como diz o Edmilson, achando que continuarão a enganar todos. São ladrões, irresponsáveis, nojentos e tudo o mais de ruim que existir.
ResponderExcluirEdmilson, não deveríamos também nos lembrar do caso de Campinas, denunciado pelo Toninho e que levou o Jacó Bittar a 'deixar' o partido que ele ajudou a fundar? “Em 1988 elegeu-se prefeito de Campinas com 32,4% dos votos . Desavenças com o secretário de obras Antonio da Costa Santos, o "Toninho do PT" (posteriormente eleito prefeito de Campinas) levaram a denúncias de superfaturamento e crise política. Em 1991, no terceiro ano de mandato, Jacó Bittar deixou o PT, filiando-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB)”
ResponderExcluirEsse Partido das Trevas precisa ser varrido da face do Brasil. Fora Dilma definitivamente e Lula na cadeia... Demorou!!!
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