segunda-feira, 9 de maio de 2016

Tentativa de golpe do PT cria o caos dentro do caos

A decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) é um bom exemplo das garras todas que a quadrilha petista espalhou pelo Brasil. Maranhão jamais teve qualquer destaque entre os deputados, é do baixo clero e investigado pela Lava Jato. Há provas materiais de suas relações com doleiros e recebimentos de propinas. Ou seja, é um exemplo do deputado que o PT criou e nutriu nos últimos 13 anos para manter sua maioria na Câmara: sem muita instrução, aberto a negócios não republicanos e disposto a fazer tudo o que seus corruptores mandarem. E cobrando pouco.

Eduardo Cunha também era assim, mas, provido de um pouco mais de inteligência, esperto e conhecedor dos caminhos e descaminhos do Congresso, se aproveitou para ficar rico e, com o dinheiro, comprar mais de uma centena de deputados. Com o poder adquirido, resolveu alçar voos mais altos e se candidatou à presidência da Câmara. E bastava o PT apoiá-lo (como, aliás, queria Lula) para talvez ainda estivéssemos apenas protestando nas ruas, sem nenhum resultado prático. 
O problema com Cunha foi que ele teve de enfrentar o PT que, teimoso, lançou candidato próprio (para a sorte da oposições, diga-se). A derrota do PT e a oposição que ele passou a fazer a Cunha criaram um inimigo numa posição estratégica e poderosa da política brasileira. E deu no que deu, já que Cunha, embora tenha um passado recente longe dos holofotes, é, repito, inteligente e esperto.

Já Maranhão é daquele tipo de deputado que só quer “se dar bem” e fazer um bom pé de meia, ter alguns milhões por aí e garantir uma boa vida. Guindado à presidência da Câmara pelos dedos do destino fez o que sempre quis fazer: vendeu caro seu poder a quem estava disposto a pagar talvez à vista e em dinheiro vivo, ou seja, o governo petista.

Sua decisão já é, de longe, a mais contestada decisão tomada n Brasil nos últimos séculos. Contra ela estão mais de dois terços dos deputados, mais de dois terços de senadores, mais de 70% da população brasileira, a OAB e até o fim do dia (estou escrevendo no início da tarde) um monte de instituições e movimentos que lutam pelo impeachment e pelo fim da corrupção.

Ao lado de Maranhão ficarão os de sempre: PT, PC do B, CUT, UNE e outras entidades que vivem a soldo do governo e que, apesar de toda grana que levam do governo, não conseguem, nem de longe, botar na rua o mesmo número de pessoas que a oposição coloca. Mas fazem barulho, já que a esquerda é pródiga em berrar tendo ou não razão. E berra mais quando não tem razão.

Os caminhos agora são o STF e o plenário da Câmara. Mas o bom senso antecipa que a decisão é inócua sob qualquer ponto de vista: tenta derrubar uma decisão mais que soberana do plenário; usa argumentos frágeis como dizer que os deputados eram juízes no momento da votação e não poderiam antecipar o voto; diz que os partidos não poderiam fechar questão, o que é uma grande bobagem e, finalmente, tenta anular uma decisão num processo que já passou pela Câmara e hoje está no Senado seguindo um rito ditado pelo Supremo Tribunal Federal.

Mas a decisão do Maranhão pode vingar? Pode, pois estamos no Brasil. Só que suas consequências serão drásticas. Os movimentos que saíram às ruas a favor do impeachment voltarão com muito mais força sentindo-se vítimas – e com razão – de um golpe; a economia do país vai afundar mais depressa do que tem afundado (hoje a Bolsa caiu e o dólar já subiu 5% só com essa tentativa do golpe do governo petista); se o STF acolher a decisão de Maranhão, será responsabilizado por botar mais lenha na fogueira usando argumentos altamente discutíveis e frágeis.

Por fim, a falta de confiança do mercado no governo petista, caso ele continue por mais tempo, redundará num caos total na economia, já que os pacotes de bondade que Dilma anda assinando têm por objetivo atrapalhar o governo Temer, pois ele terá de rever esses atos. Se Temer não assume, caberá a ela cumprir o que assinou e, todos sabemos, não há dinheiro para tanto. Seria o caos dentro do caos.

A semana que começa ia ser complicada, todos previram. Mas estamos no Brasil e nada que é tão extremamente complicado que não possa piorar. Pois piorou.

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