As redes sociais estão cheias desses anúncios e eles passam
também em horário nobre da TV. O nome dado à peça publicitária é “Repórter
Cidadão”, e o filme todo é feito como se a pessoa que o apresenta fosse um
repórter, ou seja, um profissional da informação. Ele diz que não é, que foi “repórter-cidadão”
por um dia ou algo parecido, mas o formato da peça leva à indução de que tudo
que se falou ali é a mais pura verdade, já que qualquer defeito que a imagem
possa mostrar, será maquiado para que ele desapareça.
Na Rede Globo, quem trabalha no Departamento de Jornalismo
não pode fazer publicidade. A emissora não quer que o telespectador confunda as
coisas: jornalismo e uma coisa, anúncio publicitário é outra coisa.
Em Campinas, a peça publicitária do governo de Jonas
Donizette (PSB) parece querer mostrar uma Campinas que não existe, por isso
apela a um formato que parece jornalístico, mas é, na essência, enganador.
Assisti, agora há pouco, um taxista falando das “maravilhas”
do trânsito e das obras realizadas. A maioria não passa de obrigação do governo
para ordenar o trânsito. Congestionamentos – que acontecem diariamente em
inúmeros pontos da cidade – foram totalmente ignorados na “reportagem” e o
taxista parece extremamente feliz ao mostrar uma cidade tão limpa quanto o
Brasil dos comerciais do PT.
Av. Francisco Glicério buracos na calçada logo após a inauguração |
As duas maiores obras
mostradas – a da marginal do Piçarrão e a da Avenida Francisco Glicério – estão
recebendo várias críticas. Na avenida, a principal do Centro, “revitalizou-se”
um trecho de menos de um quilômetro. E há a promessa de iniciar outro trecho em
breve. O piso das calçadas, que na propaganda aparece liso e uniforme, é
coalhado de tampas de caixas de inspeção. Em dez metros contei sete delas, das
mais variadas concessionárias que usam redes de fios de metal e de fibra ótica
em seus serviços. E assim é por toda a extensão. As sarjetas, com pouco tempo
de uso, já apresentam várias falhas, com as extremidades se esfarelando, quando
não quebram ao contato com um pneu ou uma calota. O asfalto já cedeu em alguns
locais.
A avenida em si, que teve diminuída uma faixa de rolamento,
agora é complicada para o tráfego, no trecho “revitalizado” quase o dia todo.
De bom mesmo, só o desaparecimento do horrível emaranhado de fios nos postes.
Mas os fios que foram enterrados não representam nem 1% das teias que se ligam
nos postes. O Centro inteiro (e muitos bairros também) continua povoado de
postes e fios, muitos fios, numa formidável e horrível confusão visual.
Marginal do Piçarrão: a chuva levou o asfalto 3 dias após a inauguração |
Já o trecho da marginal do Piçarrão, a propaganda esconde
que três dias depois de inaugurado, ele foi levado pelas águas da chuva e teve
de ser refeito. Um enorme erro de engenharia, ou seja lá do que for, fez com que
as águas não escoassem como deviam e, além de levar o asfalto novo, invadiram
as casas, o que não ocorria antes.
Esse é só um exemplo da propaganda enganosa travestida de “reportagem”
que o governo de Jonas Donizette está fazendo em toda mídia eletrônica. E em
horário nobre, o que deve estar custando uma fortuna aos cofres públicos.
Há muitas outras peças publicitárias iguais. Uma rápida
pesquisa nas redes sociais e descobri que já produziram peças do tal “repórter
cidadão” sobre a Ceasa, o Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), sobre a coleta mecanizada,
sobre a Guarda Municipal e a segurança (o índice de homicídios em Campinas é
maior que o do Estado de São Paulo e a peça chama “Campinas Bem Segura”), sobre
creches (o déficit ainda de vagas é enorme e cresceu no segundo semestre do ano
passado) e muitas outras talvez estejam sendo pensadas e realizadas. Afinal, dinheiro
para a propaganda nunca faltou no atual governo de Campinas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário