Pelo portal da Prefeitura fico sabendo que a Secretaria de
Educação de Campinas prestou contas ao Conselho do Orçamento Participativo, em
reunião no Salão Vermelho. Putz! Essa
estrovenga ainda existe?
Explico: o Orçamento Participativo foi criado no governo de
Izalene Tiene (PT) e se constituía em reunir grupos nos bairros ou regiões da
cidade para que esses grupos listassem as necessidades dos bairros. A lista era
levada ao prefeito que, claro, prometia que ia fazer tudo, mas não fazia nada
mais daquilo que o dinheiro dava pra fazer e sempre de acordo com os interesses
do grupo que estava no poder.
O OP servia também para alavancar lideranças nos bairros –
geralmente gente do PT – para se confrontar com as lideranças já existentes e
tirar o poder deles. Algumas dessas lideranças criadas pelo OP viraram
vereadores.
Acontece que o OP era apenas mais uma instância inútil pra
enganar trouxa. O povo se reunia à noite, com sacrifício, falava dos problemas
do bairro e no fim a “soberana assembleia” decidia quais demandas iriam constar
da lista a ser levada ao prefeito.
Só que essa lista era sempre a coisa mais óbvia do mundo.
Lógico: cidades com um monte de carências vão sempre reclamar das mesmas
coisas. Então todas as listas dos bairros mais periféricos continham asfalto,
esgoto, calçadas, iluminação, posto de saúde, transporte público e segurança. E
nos bairros mais centrais os pedidos eram mais áreas de lazer, mais praças, melhoria
no trânsito e, claro, mais segurança, sempre.
Na reportagem do portal da Prefeitura, nota-se que as
demandas da área são todas para reformas e ampliação de escolas. Oras, qualquer
diretora percebe se sua escola precisa de reformas (e deve pedir há séculos sem
ser atendida) ou se o número de alunos do bairro já excedeu a capacidade do
prédio. Não precisa de uma reunião à noite dos moradores do bairro para
descobrir essas necessidades.
E nos bairros em geral, não há nada que um papo de dez
minutos com uma liderança do bairro, ou mesmo com um morador, não seja facilmente
descoberto. Além do mais, as reivindicações, em sua grande maioria, já estavam
no programa de governo do prefeito. O OP era uma farsa. E continua sendo, pois
o prefeito só faz o que lhe interessa e o que o orçamento municipal comporta.
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