A “confissão” de Lula, exposta no livro de José Mujica,
ex-presidente uruguaio, não surpreende o mundo político. Aliás, nem o
jornalístico. Até eu que estou fora das redações há quase 8 anos, jamais
acreditei que Lula não soubesse de nada. A engenharia do mensalão pode até ter
sido pensada por José Dirceu, já que ele, além de ser o cabeça pensante da
dupla, era quem tratava diretamente com o Congresso. E, com certeza, – jamais deixaria para outro
ministro essa função. Mas quem conhece um mínimo de como funciona o poder no
Brasil, não pode aceitar o “eu não sabia” do Lula.
A Justiça deixou-o de fora porque ninguém o acusou
formalmente – o PSDB ficou com medo e o PT, que nunca foi bobo, percebeu que seria
melhor queimar alguns quadros, mas manter o poder.
Agora, Mujica, talvez sem querer , afinal ele mostra grande
admiração por Lula no livro, escancarou o óbvio: Lula lhe disse, e na frente
de, pelo menos, uma testemunha, que aquela era a única forma de governar o
Brasil. Não era, claro, mas para o que o PT queria, não havia outra forma mesmo
Explico: para se manter no poder por tempo indeterminado e,
se possível, implantar um governo com ares de socialista, o PT sabia que precisaria
dominar a maior parte do espectro político, vale dizer, os partidos
representados no Congresso Nacional. Além disso, precisaria de recursos, muitos
recursos para espalhar seus poderes por organizações de todos os tipos e “influenciar”
o máximo de pessoas e organizações possíveis.
Para conseguir os recursos iria meter a mão no erário e, de
tal forma e tanto, que seria impossível encobrir. Vai daí, precisaria da cumplicidade
da maioria do Congresso para que seus mandos e desmandos fossem sempre abafados
por maioria arrasadora. Como foram até o ano passado.
Comprar os políticos, acho eu, foi apenas uma das ações a
que Lula e o PT se propuseram. O que foi desviado de dinheiro só da Petrobras, daria
para comprar muito mais que o Congresso inteiro. E muitos outros desvios passam
pelo BNDES (que motivo haveria para empréstimos secretos?), pelas estatais
todas – o Petrolão talvez seja o maior de todos, mas com certeza não é o único
caso de estatal surrupiada – pelo Banco do Brasil (a tranquilidade com que um
presidente desse banco burla regras e libera dinheiro para uma notória amante é
sinal inequívoco de que ele faz o que quer porque sabe que já fizeram coisas
muito piores, com muitos milhões a mais) passa por perdões de dívidas a
ditaduras que se alinhariam com o Brasil na tentativa de angariar poder no
cenário mundial, por centenas de obras superfaturadas (muitas paradas, num
crime inominável), pela farra dos partidos aliados em ministérios conseguidos a
troco de votos no Congresso, enfim, o carnaval petista é tão grande que a Justiça
– fosse esse um país sério – poderia escolher qualquer artigo do Código Penal
que Lula e as quadrilhas do PT nela se encaixariam.
Agora, a novidade da “confissão” de Lula está ganhando as
manchetes como deveria mesmo ganhar. E talvez esteja aí a pá de cal a ser
jogada nesse “sapo barbudo” que há tanto tempo vem enganando os brasileiros. Ao
confessar que sabia do mensalão, ele mostra que vinha mentindo sobre o tema
desde 2005, quando estourou o escândalo e ele, primeiro negou que soubesse
para, depois, admitir que era “apenas” caixa 2 e, num terceiro momento, já
fortalecido pela fraqueza da oposição, soltar uma de suas costumeiras bravatas
dizendo que, depois do segundo mandato, iria “sair pelo Brasil mostrando a
todos que o mensalão nunca existiu”.
Agora cai, definitivamente, a máscara do enganador contumaz,
do mentiroso doentio, do bravateiro de botequim, enfim, do corrupto que o
Brasil teve e ainda tem de suportar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário