Corredor da UFRJ em dia de chuva |
O plano para a Educação na era FHC era simples: primeiro
abrir escolas e, consequentemente, vagas para todo mundo do ensino básico, esse
que vai da primeira à oitava série, o que foi conseguido até o fim de 2002. Ao mesmo
tempo, melhorar o ensino técnico e o colegial, com vaga pra todo mundo
também. A segunda etapa seria dar o máximo
de qualidade a esses primeiros 11 anos de ensino para que as universidades
pudessem receber alunos com mais conhecimentos e elas próprias pudessem
avançar. Claro que tudo exigia investimentos, mas o plano era exequível,
principalmente depois que a economia mundial se aqueceu e o Brasil foi beneficiado
com um considerável aumento em suas exportações e com maiores investimentos
estrangeiros por aqui.
E o plano era tão exequível que o ministro da Educação de
Lula, Cristóvão Buarque, o adotou, vendo nele a grande chance de, nos dez ou
quinze anos seguintes, o Brasil dar um salto de qualidade semelhante ao da
Coreia do Sul.
Mas os planos de Lula eram outros. Ele queria, na sua ânsia
de provar que era melhor que FHC, inaugurar escolas para poder dizer por aí que
“foi preciso um operário chegar ao poder para que o Brasil tivesse tantas
universidades”. Claro que eles escolheram o discurso primeiro e depois partiram
para a construção e ampliação de prédios que seriam inaugurados como universidades.
Percebendo que o plano era furado, errado mesmo, e nada podendo
fazer para mudar as intenções marqueteiras de Lula, o ministro brochou de vez.
Lula percebeu e demitiu-o por telefone. Cristóvão Buarque voltou ao Senado e foi
reeleito em 2010 e tem sido, ao longo desses anos todos, uma voz lúcida de
críticas aos governos petistas e um grande promotor da Educação. Discordo de
algumas de suas posições, mas é inegável que se trata de um político honesto e
competente, coisa rara no Brasil.
O resultado do marketing educacional de Lula pode ser visto
hoje. A criação de inúmeras universidades serviu mais para os filminhos
publicitários do governo do que para formar profissionais competentes para o
mercado de trabalho. Os recursos para a Educação começaram a minguar já no fim
do segundo mandato de Lula e se restringiram ao mínimo sob Dilma.
A falência do modelo econômico do PT – e não foi por falta
de alerta que ele faliu – teve nas verbas da Educação uma de suas maiores
vítimas. Tanto que, seguindo a cartilha da desonestidade da esquerda, Dilma
anunciou, na campanha para a reeleição, que o lema de seu segundo mandato seria
“Pátria Educadora”, exatamente por não ser.
Depois do corte de verbas do FIES, que penalizou milhares e
milhares de alunos que terão de parar de estudar por falta do financiamento que
vinha sendo oferecido, hoje, assistimos à derrocada de centros de ensino como a
tradicional Universidade Federal do Rio de Janeiro. Informa o jornal O Globo,
que vários cursos estão fechando por falta de limpeza, falta de segurança e
falta de higiene.
Diz o jornal: “A
Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ) e a
Faculdade Nacional de Direito decidiram suspender as aulas devido à falta de
condições para a frequência dos alunos nos respectivos prédios. Em uma reunião
extraordinária da congregação da ECo, diversos episódios foram analisados por
professores, técnicos e alunos que decidiram pela suspensão na manhã desta
segunda-feira.
Com a greve de
funcionários terceirizados da limpeza, da segurança e da portaria, a manutenção
do prédio ficou comprometida. Segundo funcionários e estudantes, há focos de
dengue no prédio e um computador e um datashow foram roubados. Além disso,
alunos e professores já foram vítimas de assaltos no local.”
Em
outra reportagem assinala o jornal: “As restrições e incertezas em relação ao
orçamento do Ministério da Educação (MEC) para este ano já geraram cortes em
seis das dez maiores universidades federais do Brasil, segundo levantamento
feito pelo GLOBO. Das quatro restantes, três admitem que terão que fazer
ajustes em suas contas, mas ainda discutem como se adequarão à nova realidade
orçamentária. Somente uma, a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) diz que
não sofreu impacto e nem cogita cortes até o momento. A versão da reitoria da
UFPE, porém, é contestada pelo sindicato dos trabalhadores da instituição, que
afirma ter havido corte de 30% no orçamento para custeio (manutenção) da
universidade.”
Essa é a “Pátria Educadora” que Dilma anunciou na campanha do ano passado. Esse
é o resultado da política educacional marqueteira do PT, mais uma desgraça para
o Brasil.
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