O PT e mais alguns aliados dele, de esquerda, além de alguns
setores ingênuos ou cooptados da imprensa insistem na tese de que as doações
feitas por empresas a partidos políticos para as campanhas eleitorais são a
principal coisa da corrupção no Brasil. Está muito longe de ser.
A aprovação do financiamento privado, ocorrido nesta semana,
suscitou críticas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), mas o que ele
fez foi simplesmente barrar a hipocrisia de alguns e a esperteza do PT que
seria o maior beneficiado caso somente o financiamento público fosse permitido.
Como o PT foi atingido, algumas vozes se levantaram defendendo a tese – idiota em
todos os sentidos – de que o financiamento privado é causa da corrupção.
Todo mundo sabe que numa campanha política todos os partidos
trabalham com dois caixas, um legal e outro ilegal. E nos grandes partidos que
entram pra disputar o cargo mesmo, o caixa ilegal é, invariavelmente, maior que
o legal. É esse dinheiro ilegal, por exemplo, que donos de partidos menores
recebem ao se coligarem com maiores, dando em troca seu tempo de televisão. Com
eleições a cada dois anos, os partidos nanicos se transformaram num grande
negócio para seus dirigentes. Recebem de um a cinco milhões (dependendo do
tempo disponível na propagada política) a cada dois anos para se unirem. A
reforma política parece que freou um pouco essa farra – e contra ela nenhuma
voz dessas que defendem o fim do financiamento privado das campanhas se
levantou – mas é provável que os nanicos arranjem um jeito de garantir uma boa
grana vinda do partido majoritário a cada eleição.
De resto, agora mesmo estamos vivendo a comprovação dos
caixas ilegais, com os depoimentos dos acusados no Petrolão que falam
tranquilamente que parte do dinheiro das propinas foi doado oficialmente e
outra parte foi entregue em dinheiro vivo, sem recibo, o que revela o caminho
ilegal. Sem contar inúmeros “pagamentos” feitos por partidos a empresas de
fachada, gráficas sem maquinários ou empregados, típicas ações de lavagem ou de
apropriação mesmo do dinheiro ilegal por chefes de campanha e outros políticos para
proveito próprio.
Se o financiamento privado
fosse proibido, o que mudaria? Qual o mecanismo que poderia impedir um
empresário de doar um milhão para um determinado partido e receber um recibo de
200 mil? O único mecanismo seria a vontade do empresário de denunciar, o que,
convenhamos, não é comum acontecer. E, mesmo que denunciasse, sem provas
materiais correria o risco de ser processado por calúnia.
Ou seja, é impossível barrar a doação – espontânea ou não –
de um empresário a um partido durante uma campanha. Se hoje a farra do caixa
dois é quase pública e é muito difícil prová-la e puni-la, ela vai continuar
tranquilamente. O que iria acabar seria só o caixa oficial sendo bastecido por
empresários.
E há outro imbróglio nessa história, que remete a uma grande
sacanagem do PT – e talvez por isso alguns coleguinhas da imprensa, alinhados
com a estrelinha vermelha, emitam opiniões, tão raras em outros assuntos muito
mais palpitantes, contra o financiamento privado das campanhas. Acontece que o
PT queria que o tesouro brasileiro – sim, o dinheiro que pagamos como impostos –
é que financiasse os partidos políticos. E a divisão seria feita de acordo com
o número de deputados federais eleitos a cada quatro anos – as maiores bancadas
receberiam a maior parte do filão que, dizem, chegaria a um bilhão de reais.
Acontece que a maior bancada eleita em 2014 foi, claro, a do
PT, seguida pela do PMDB, não por acaso, dois partidos aliados quando o PT
lançou a campanha pelo financiamento público das campanhas. Com o financiamento
público jorrando para esses partidos e com eles recebendo por fora muito mais
das empresas privadas, a vitória e a manutenção no poder por muito tempo ainda
estariam garantidas. Um grande golpe com uma justificava que parece ser nobre, mas
é mentirosa.
Hoje a situação está mudada e o governo petista corre sério
risco de perder o poder e muitos parlamentares e, com certeza, esse fato é que
fez com que o projeto fosse solenemente ignorado pela Câmara que aprovou a
continuidade do financiamento privado.
Sim, o financiamento privado continua e nós não vamos arcar
com os custos das campanhas, apesar de já arcarmos com a sustentação de muitos
partidos através do fundo partidário, formado por dinheiro de impostos que
pagamos e que é rateado entre eles sem que possamos fazer nada.
A saída do PT do poder parece estar chegando e, quem sabe,
uma nova reforma política faça o que realmente deve ser feito: cláusulas de
barreira para acabar com a multidão de partidos nanicos, fim do fundo
partidário (a população, se consultada,
rejeitaria totalmente esse fundo), fim dos senadores suplentes, diminuição dos
orçamentos legislativos (menos mordomias, menos assessores...), fim das emendas
que o governo tem de pagar etc. etc. etc.
Realmente acreditar que o financiamento privado é o principal fator determinante para a corrupção é mais um golpe das esquerdas retrogradas e anti democráticas. Não que o financiamento não seja também um dos elementos que contribuem para esse "câncer" que corre nosso país. Agora imaginar esses partidos de aluguel e mesmo o PT recebendo dinheiro público para bancar suas ideias atrasadas. Nenhum candidato novo receberia um tostão sequer dos partidos, os caciques continuariam a ser eleitos indefinidamente. Isso é uma aberração. Não aguento mais ver as centrais sindicais usando o dinheiro dos trabalhadores para fazer política para esses malas comunistas. O pior que não posso evitar, tenho de pagar anualmente um dos impostos mais injustos que é o sindical.
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