A mudança do banco que faz os pagamentos dos salários do
funcionalismo municipal de Campinas gerou muita reclamação. O maior beneficiado, até agora, foi o governo
do prefeito Jonas Donizette (PSB) que conseguiu, com a venda da folha de
pagamento para o Bradesco, R$ 64 milhões
que viabilizaram, entre outras coisas, o pagamento do 13º salário dos
servidores.
Mas muita gente se sentiu e está se sentindo prejudicada. O
problema é que o Bradesco quer que os servidores abram uma conta corrente comum
e saiam do Banco do Brasil. E é aí que a porca entorta o rabo.
O Bradesco preparou uma grande operação, alugou um ginásio
de esportes no Cambuí, encheu de funcionários do banco para recepcionar os
servidores, organizou a recepção em ordem alfabética durante vários dias e
orientou seus funcionários a evitar que os servidores abrissem contas salário: o banco queria todo mundo com conta
corrente. Só que a conta salário é uma opção legal nesses casos – automática até
- e muita gente queria manter sua conta no banco anterior, que é o Banco do
Brasil.
A orientação do Bradesco, claro, não foi divulgada, muito
pelo contrário: se perguntado o banco vai negar qualquer coisa nesse sentido.
Acontece que uma servidora, após insistir muito – e conseguir
– preencher um formulário de conta salário, pediu à atendente um comprovante de
que ela havia aberto uma conta salário. A resposta foi que não havia esse tipo
de comprovante, que ninguém jamais havia pedido. A servidora insistiu e a
atendente então pegou uma folha de rascunho que estava sobre a mesa, escreveu de próprio
punho o “recibo”, assinou, carimbou e entregou para a servidora. O que a
atendente não viu é que nas costas do “comprovante”, estava impresso um
comunicado do banco aos seus funcionários orientando-os a não perguntar aos
servidores se eles queriam abrir conta salário.
Outra servidora, que ganha muito bem e tem investimentos no
Banco do Brasil, pediu para abrir conta salário. A atendente lhe deu papéis
para preencher, ela preencheu, assinou e só quando foi ler tudo com calma, em
casa, descobriu que fora enganada: tinha aberto uma conta corrente. Inconformada,
foi até a agência do Bradesco que havia escolhido para ter sua conta salário e
conseguiu mudar. Ouviu pedidos de desculpa do gerente que disse que, em 25 anos
de banco jamais tinha acontecido algo semelhante no Bradesco.
Esses casos chegaram até o blog, mas há muitos outras
pessoas reclamando que sofreram constrangimentos, dificuldades inúmeras para
abrir contra salário, demora no atendimento – um servidor levou mais de cinco
horas para ser atendido – enfim, uma situação que não precisaria ter acontecido
não fosse o Bradesco querer transformar – quase que na marra – os quase 20 mil
servidores da ativa e inativos da Prefeitura em seus novos correntistas.
E tudo seria muito simples: um formulário para o servidor
preencher onde ele declararia se queria ter conta corrente ou não. Em querendo
ou não, bastava assinalar onde queria receber o salário: essa agência teria ou
um novo correntista ou um novo dono de uma conta salário, que transferiria,
automaticamente, todo mês, os vencimentos que ali chegassem para o banco
original do servidor. Esses formulários poderiam ser digitalizados e enviados
pela internet, sem necessidade da presença física do servidor no banco. Ou que ele fosse apenas uma vez à agência para assinar os papeis já prontos.
Do jeito que foi feito pegou mal para o banco que ficou com
a péssima fama de tentar obrigar servidores da Prefeitura a abrirem contas correntes.
Pegou mal para a Prefeitura que não exigiu que seus servidores tivessem um
tratamento digno e deixou que o banco pressionasse todos eles. E ficou muito
ruim para o servidor que, não tendo nada com isso, foi constrangido e perdeu tempo
para fazer um negócio sobre o qual não foi consultado e, se fosse, a grande
maioria não iria querer. Coisas de um governinho safado.
Aliás, ficou ruim para os cupinchas do prefeito na Câmara de
Vereadores também. Um vereador da oposição fez um requerimento de convocação do
secretário de Administração da Prefeitura, para que ele explicasse, no
plenário, essa confusão toda que está havendo com os servidores e a transferência
da folha de pagamentos para o Bradesco.
Na hora de votar o requerimento, a tal de “base aliada”
fugiu do plenário, impedindo que houvesse quórum para a votação. Depois, quando
havia quórum, os cupinchas votaram contra a convocação, num total desrespeito
aos servidores municipais. A rejeição do requerimento aconteceu como nos tempos
em que Hélio de Oliveira comandava a Prefeitura e a Câmara de Vereadores.
Esse prefeitinho só dando foras e mais foras...
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