Entregues com toda pompa em 2012, os conjuntos
habitacionais do Minha Casa Minha Vida, Jardim Bassoli e Residencial
Sirius, na região do Campo Grande em Campinas (SP), são hoje um pesadelo para
os moradores de baixa renda que adquiriram os apartamentos. Eles foram
construídos pela Odebrecht.
Os problemas relacionados à construção já vinham se
avolumando, mas, na quarta-feira passada (dia 20) o salão de festas de um dos
blocos simplesmente veio abaixo. Por sorte o fato aconteceu à noite de um dia
da semana, quando o salão estava vazio. Ali, durante o dia, por exemplo,
funciona, ou melhor, funcionava, o Projeto Gente Nova, que cuida de crianças
enquanto seus pais estão trabalhando. Imaginem a tragédia se o acidente
ocorresse mais cedo.
E o caso foi simples, denotando péssima engenharia: uma
das paredes desabou e o teto veio abaixo. Engenheiros que verificaram os
destroços constataram que não havia fundação ou ferragens para sustentar o
prédio. Coisa de assassinos mesmo que receberam dinheiro do governo para a
obra. E, claro, o governo não autorizou uma obra de engenharia sem fundação ou
ferragens que a sustentem. Ou autorizou? Afinal, é a Odebrecht, né?
Mas o absurdo não para aí. Um laudo assinado por três
engenheiros da Prefeitura, em agosto do ano passado, afirmava que no Bloco E,
onde vivem 160 famílias, “há sinais evidentes de insalubridade, como bolor em
paredes, tetos, pisos cerâmicos soltos, sistema de combate a incêndio com peças
faltando, erosões nos pisos, ausência de grelhas metálicas sobre as caixas
pluviais, riscos de quedas entre outras”.
O engenheiro e arquiteto Eduardo Amorim, que andou
vistoriando os prédios, afirmou que os problemas são generalizados: “Não tem
projeto de drenagem, então todas as fundações correm o risco de sofrer recalque
diferencial (balanceamento da estrutura), não tem drenagem no telhado, falta
calha, rufo, toda a proteção do telhado que deveria ter não tem. Então a água
desce pelos apartamentos, pela escadaria. Os apartamentos nos primeiros andares
estão com umidade ascendente. São coisas básicas que não foram feitas. Pedimos
os projetos que foram aprovados na Caixa para ver se houve erro de projeto ou
de execução”, salientou.
Segundo reportagem do Correio Popular, no apartamento da
auxiliar de limpeza Sônia Aparecida da Silva, de 49 anos, as paredes dos quartos
e da cozinha estão tomadas pelo bolor: “Tive que levar minha filha para morar
em outro local, pois ela tem problema de respiração e o cheiro estava fazendo
muito mal. Além das paredes a água invade todo o apartamento quando chove. Não
tem estrutura de calha, um absurdo”, criticou Sônia.
O absurdo chega a tanto que uma moradora, Sônia Aparecida
Mariano, síndica do Bloco E, disse: “Antes eu conversava com a minha vizinha no
quarto andar, hoje vejo o apartamento do terceiro da minha janela. Estamos afundando”.
E acrescenta: “Hoje foi um salão, mas e amanhã? Estamos deitados à noite para
dormir e escutamos as paredes rangerem. Na sala, de repente o tapete levanta
porque o piso se solta. Nós pagamos e não recebemos nenhuma assistência. A
Defesa Civil esteve aqui e pediu para sair do apartamento por que ele tem
problemas graves de estrutura. Mas se eu sair ele é invadido. Como eu fico
nessa, então?” No Bassoli vivem aproximadamente 8 mil moradores, 300% a mais do
que o previsto, segundo a associação de moradores.
Os problemas do Bassoli se estendem também ao Residencial
Sirius. Dentro dele, as torres do Campo das Tulipas, com chuvas mais constantes
dos últimos meses, mostram que algo muito grave ocorreu durante a construção.
Os apartamentos do quarto andar são os que mais apresentam problemas. O síndico
Antenor Vicente Ramos mostrou como exemplo o apartamento da dona de casa Raquel
de Cássia, de 35 anos. “Tem um vazamento na laje e afundou o teto do meu
banheiro, que veio abaixo. Já acionamos a construtora, mas eles verificam a
laje e sempre dizem que não tem nada”, reclama.
Na torre 1, uma trinca na parede vai do térreo ao quarto
andar. “Estamos fazendo um laudo junto à administradora do condomínio para
apresentar imediatamente à Caixa Econômica e à construtora PDG para
providências imediatas”, disse Ramos. O empreendimento é destinado a famílias
com renda de até R$ 1,6 mil.
Podem ter sido erros de projeto, uso de material
inadequado ou de péssima qualidade ou mesmo ausência de etapas previstas em
projetos. Isso porque os prédios deveriam ser resistentes à intempéries e não
são.
Isso tudo demonstra que há algo de podre nessa história.
Afinal, as construtoras receberam financiamentos de centenas de milhões de
reais para fazer as obras. Os projetos tiveram que passar por inspeção da Caixa
Econômica Federal e as obras devem ter sido acompanhadas por comitês ou
comissões compostas para tal fim pelo governo federal, através do Minha Casa
Minha Vida.
Ou nada disso foi feito ou todo mundo fez vista grossa aos absurdos que estavam sendo cometidos. Como o histórico de corrupção e de propinas no governo petista se alastrou por todos os setores da administração, fica no ar uma enorme dúvida sobre a idoneidade dos responsáveis – tanto das construtoras quanto por parte do governo – por essas obras.
Espera-se, claro que as empreiteiras sejam obrigadas a
consertar tudo e deixar os prédios em condição de habitação o mais rápido
possível. Ou que paguem pesadíssimas multas pelo serviço de porco realizado
para que haja recursos para consertar o estrago.
Empreendimento Odebrecht no Jardim Bassoli estava na relação dos embargos de 2011
ResponderExcluirhttp://blog.individuoacao.org.br/2014/04/empreendimento-odebrecht-no-jardim.html
Abaeté em Campinas tambem tem irregularidades
http://blog.individuoacao.org.br/search?q=ginet
Ação civil pública Ministerio Publico Federal e Estadual
Réus: Municipio de Campinas/Caixa economica FederAL/Brookfield \centro-oeste empreendimentos imobiliarios S.A/Ginet empreendimentos nimobiliarios Ltda
Link ação:
http://www.jfsp.jus.br/assets/Uploads/administrativo/NUCS/decisoes/2014/140804vilaabaete.pdf
Noticia de hoje 29-4-16 sobre Minha Casa minha vida e Caixa:
PF combate fraudes de R$ 220 mi em financiamentos imobiliários da Caixa
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/pf-combate-fraudes-de-r-220-mi-em-financiamentos-imobiliarios-da-caixa/