A Folha de S. Paulo parece meio perdida mesmo. A manchete
deste sábado da edição impressa é um primor de ato falho, ou, pior, de ignorância
mesmo. Está lá no alto da primeira página: “Dilma critica delações sem prova da
Lava Jato”.
A frase, se tivesse sido dita por Dilma, mereceria, no
máximo, citação no pé da matéria, porque seria mais uma frase sem nexo com a
realidade. O jornal ao registrá-la, poderia avisar o leitor que delação sem
prova não existe. O delator conta o caso e o MP e a Polícia Federal têm de
provar o que ele disse, caso contrário não entra no processo e o delator pode
se dar mal.
E o jornal parece que se arrependeu mesmo da manchete ou
alguém deve ter avisado do absurdo. Na edição Online ela não está mais
registrada. Tiraram a chamada da entrevista de Dilma da primeira página e só
colocaram na editoria de Política (Poder) com o seguinte título: “Lava Jato
possui 'pontos fora da curva', mas é necessária, diz Dilma”, o que é
completamente diferente da manchete anterior.
E na entrevista Dilma realmente não diz textualmente que há “delações
sem prova”. Ela reclama de
interrogatórios baseados no “diz que diz”, demonstrando, mais uma vez, sua
ignorância no processo. Talvez ela tenha sido orientada a criticar a Lava Jato,
o que é muito difícil, tanto que mais de cem advogados – muitos deles
defensores dos acusados nas operações – publicaram um documento criticando a
Lava Jato e o máximo que conseguiram foi cair no ridículo, pois ficou
cabalmente demonstrado que as investigações não só estão seguindo a lei como
suas ações têm sido aprovadas nas instâncias superiores ao do juiz Sérgio Moro.
E ainda mais: talvez percebendo que só atacar o juiz e a operação
não seria suficiente – o ataque é eloquente nas palavras, mas fraco em conteúdo
– atacaram também a imprensa, como e ela tivesse que esconder as informações
que recebe. O documento pareceu mais um ato de desespero dos defensores dos
réus, desespero esse proveniente do fato de que eles, com todo o poder que obtiveram
em suas carreiras, estão enfrentando, pela primeira vez, um juiz que segue
rigorosamente a lei e não se intimida diante de poderosos.
Voltando à entrevista de Dilma à Folha, o jornal registra
sua fala assim: “Segundo a presidente,
que conversou com a Folha em seu gabinete do Palácio do Planalto, é
"impossível" alguém ser questionado [durante os interrogatórios] com
base no "diz que me diz".
"Isso que não dá
certo. Isso é o mínimo que a gente espera, que quando falarem uma coisa que
forem perguntar para uma pessoa, que provem. Porque depois não é verdade e está
lascado, né?".
A declaração é uma
crítica indireta à forma como alguns depoimentos vêm sendo usados na operação
por meio da delação premiada.”
Como se vê, Dilma parece também meio perdida no que diz.
Durante os interrogatórios, o MP e o juiz têm de perguntar para o interrogado
tudo que eles sabem com base em outros fatos e em outros interrogatórios. Cabe
ao interrogado dizer “sim” ou “não” às perguntas. Como pode ser “impossível”
alguém ser questionado com base no diz que me diz? A presidente, mais uma vez,
disse um desses absurdos comparáveis ao ensacamento do vento.
Talvez seus assessores mais próximos, os que conversam com
ela antes de uma entrevista, tenham percebido – e talvez ela também – que não
há o que fazer a não ser municiar a militância com um discurso mentiroso para
ser replicado na imprensa “amiga” e nos blogueiros sujos, aqueles que recebem
recursos do governo para babar diante de Lula.
Quem sabe a mentira repetida milhões de vezes se transforme em pressão ao que conduzem a Lava Jato, o que, espero que jamais aconteça.
Por essas e outras que não assino mais esse jornaleco... E olha, que vira e mexe, me ligam pedindo prá voltar! Nem a pau, Juvenal!!!
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