A postura do PT após a derrota na Câmara, na votação do
projeto de lei que amplia a terceirização no país, é idêntica à que ele tinha
quando era minoria, ou seja, antes de Lula tomar posse, em janeiro de 2003. A
orientação geral era que em todas as instâncias legislativas (Câmara de
Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado) quando o
partido perdesse uma votação, deveria recorrer à Justiça para tentar barrar a
vontade da maioria. Tática aliás, usada até hoje onde o PT e alguns partidecos
de esquerda são oposição minoritária.
O anúncio do recurso ao Supremo Tribunal Federal feito ontem
contra a aprovação do projeto é sinal de que o PT está se comportando novamente
como minoria e isso – convenhamos – é muito bom para o Brasil.
Só que o cenário não é bem o de antes de 2004. O PT está no
poder há pouco mais de 12 anos e, até o fim do ano passado, teve pouquíssimos
problemas em relação a votações na Câmara dos Deputados ou no Senado. Talvez o
fim da CPMF tenha sido a única derrota mais visível.
A decisão de recorrer revela principalmente que a base
aliada já não é mais tão aliada assim. Foram 324 votos a favor do projeto e apenas
137 contra. E isso acontece no mesmo momento em que o governo federal estava
estreando seu novo articulador político, que é o vice-presidente da República e
o presidente do PMDB, Michel Temer. Claro que o tempo foi curto, mas o
resultado pode ser sinal de que nem com o presidente do partido articulando
para o governo, o PMDB volte a ser o aliado maior da situação.
Mas o sinal maior do resultado da votação é que o governo
Dilma não se sustenta mais e vive um formidável fim de feira tendo ainda 3 anos
e 9 meses pela frente. Esses 3 meses e pouco de “governo” no segundo mandato deram
mostras mais que suficientes de que a presidente não tem mais a mínima condição
de governar.
Desde a implantação de medidas que ela não só jurou durante
a campanha que jamais tomaria, como acusou seus adversários dizendo que eles
iam fazer exatamente o que ela está fazendo, até a entrega ao PMDB da
articulação política (talvez hoje a função mais importante no governo) o que se
viu foi uma direção confusa, ao sabor de um marketing que já não funciona mais.
A essa direção errática podemos juntar a economia
apresentando sinais concretos de inflação, desemprego, diminuição de
investimentos, atrasos formidáveis em obras e pagamento, enfim um cenário que
junto ao destrambelhamento político dá bem ideia da balbúrdia e da impossibilidade
de o PT e Dilma continuarem no poder.
A solução? Impeachment (há juristas de alto coturno que
garantem que há fatos que sustentariam um processo de impedimento); renúncia
(um gesto pessoal que ela pode até tomar, mas acho difícil) ou uma estratégica licença
para cuidar da saúde, sem data para voltar.
Há ainda a solução judicial, afinal os crimes cometidos pelo
governo são muitos – petrolão, corrupção em todos os setores, empréstimos secretos
do BNDES ao total arrepio da lei etc. – e bastaria uma condenação pelo STF para
apeá-la do poder.
Enfim, Dilma é hoje uma espécie de rainha da Inglaterra (sem
o charme e a história da quase nonagenária Elizabeth II) que não governa mais.
A economia está entregue a um liberal cujas medidas enfurecem boa parte do PT;
a agenda parlamentar está no comando de dois peemedebistas que presidem as
casas legislativas e fazem visível oposição; e a articulação política – campo no
qual o governo poderia ganhar terreno caso tivesse competência – acabou nas
mãos do presidente do PMDB, o primeiro sucessor na linha direta caso Dilma não
aguente segura mais o rojão.
Esse é o Brasil de hoje, atolado na incompetência e na
corrupção que o PT institucionalizou durante seus 12 anos de poder.
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